quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Lolita


andaram à procura de uma capa que não fosse algodão doce nem rapariguinhas. mas aqui nesta está uma menina, corada até às coxas, de cueca com gola: uma perdição de deixar a perversão com olhos em canto.

olha,

afinal o genoma faz esquissos prévios.

insónias

as insónias são, ah se são!, a generosidade da energia vital - mas ao contrário.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Portugal velho e seco

O Governo de Pedro Passos Coelho prima pelo revivalismo. Nunca antes, à moda dos anos sessenta, Portugal esteve tão velho e seco. Lembra-se da guerra colonial que queimava as gordurinhas todas à metrópole? Então se se lembra, se é desse tempo ou se estudou esse tempo, já sabe do que estou a falar: falo de miséria por conta de orgulho, de desertificação, de solidão naquilo que é viver em um país cujo Governo não se cansa de não dar descanso ao povo. E o povo está só.

O Governo de Pedro Passos Coelho não quer saber das Vanessas, sabia?

As Marias Albertinas estão a abalar da terra do fado empurradas pelo rumo de uma política doente, de mentira compulsiva e demagoga - o Governo de Pedro Passos Coelho está a obrigá-las a emigrar e a darem à luz Vanessas. As Vanessas são filhas de mães portuguesas e de pais estrangeiros que nascem fora de Portugal e que serão a futura juventude, e massa crítica, e força de trabalho, do país que as viram nascer. Por cá restamos nós, os que ficam, os que resistem à tortura, os futuros velhos e secos que talvez assistam à bancarrota do estado social e nem sequer venham a ter reformas.
Aparentemente, no entanto, no seio do Governo de Pedro Passos Coelho, onde a ninhada de ministros mama desalmadamente, tudo está - e a caminho de ficar melhor - bem: adivinha-se um milagre económico cujos indícios fazem-se notar na preocupação de a ministra exigir apenas dois cães por apartamento: o Governo de Pedro Passos Coelho, cúmulo do zelo, faz questão de entrar na casa das pessoas. E nos bolsos. E nas contas bancárias. E nos frigoríficos. E na cama - o Governo de Pedro Passos Coelho inibe os casais de fazerem filhos, castra-lhes a líbido por tamanha tristeza, ou então obriga-os a separarem-se e a darem filhos, os nossos por direito, a outros de fora. O Governo de Pedro Passos Coelho impede as pessoas de casarem pela igreja se atendermos ao facto de, talvez, cada vez mais a população portuguesa tenha vindo a creditar cada vez menos na religião católica e na salvação - isto porque este governo tem feito a vida dos portugueses num verdadeiro inferno.
Envelhecimento, morte, separação, filhos bastardos da nação, solidão, miséria. São estas as palavras que o Governo de Pedro Passos Coelho tem dado a regurgitar aos Portugueses. Isso e música para emigrantes. Desta:




socorro

estou a apaixonar-me, é impossível resistir a tanto charme.

é um bom início de conversa, lá isso é, mas o meu socorro é por ela: o cão mais assíduo da minha rua anda numa correria louca para cobri-la. é normal, eu sei, ela é linda e anda a libertar aquele cheiro que os deixa malucos. mas, e então, é assim, dá-se-lhe as ganas pontuais e já está? é, é assim. se não fosse não haveria tanto filho no mundo com pais que nem sequer contribuem para o seu sustento; ou com mães que deixam os filhos em uma bagageira durante dois anos. é a pontualidade biológica de uma mera vontade, desejo e tesão são outras coisas que nada têm que ver com vampirismo, que determinam o acasalamento parcial (parcial porque acontece da cintura para baixo. quer dizer, também pode acontecer da cintura para cima - a boca também é um buraco e a língua também se vampiriza). 

ficas então a saber, Josué, filho de um cão, que hás-de andar todo rotinho atrás dela: nem ela te deixa, que não é de vontades saloias e breves, e nem eu te autorizo: não hão-de faltar cadelas arreganhadas que te queiram dar sangue.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

danza de los muertos

é tudo uma questão de morte: morte do preconceito de que os mortos não têm vida. há mortos que vêm da ilha do pernil esticado para nos mostrarem que há vida antes da morte. não, não há engano.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

testículos de galo

no início eram apenas testículos de galo. depois, o alquimista da cozinha andou às voltas com o que lhes havia de fazer para não serem simples testículos (é curioso como a realidade isolada é feia) - queria dar-lhes a vida que já não tinham, já não eram sacos pululantes, banhá-los de poesia e adicionar-lhes mérito póstumo. lembrou-se do conto original do joão e o pé de feijão e associou, precisamente, os testículos tristes a feijões grandes e duros. depois ocorreu-lhe dar-lhes cor e sabor, ou seja, ficariam iguaizinhos por dentro da sua delícia e alterados em cor e sabor e textura por fora. após algumas experiências com coberturas doces, optou pelas salgadas e criou um molho pastoso de tinta preta de chocos e outro de tomate consistente, por onde passariam e viriam adquirir novo visual. voltou de novo ao conto, então, para buscar, não a galinha, mas os ovos de ouro e inventou uma mistura de chocolate branco que, depois de moldado em ovos gigantes, seria coberto por poeira dourada e crocante. a ideia resultou em kinder surpresa de faca e garfo: por dentro do ovo estavam os testículos alterados que o molho quente de azeite e alho, que derretia o ovo de chocolate, fazia descobrir. no que deu um conjunto de galos fanados. hum.

domingo, 27 de outubro de 2013

amo-te, Português

quem, como eu, tem uma enorme resistência a dominar uma outra língua qualquer - uma língua é para ser amada e não dominada, o domínio implica apenas conhecer e o amar implica sentir, as línguas dos outros basta percebê-las um pouco para ser possível comunicar, além disso, in loco, há sempre a linguagem corporal e, de outras formas, existem os dicionários, como eu adoro dicionários desde que aprendi a ler -, acha um piadão ao google tradutor: permite-nos fazer experiências em outras línguas e rir muito por não ser possível fazer danças e cantares molhados com as palavras. é tudo a seco, omissão de bordadinhos e filigranas e galos de barcelos pintados. quero dizer que o português - a língua que a nação fez e que eu, fazendo-a minha também, me fiz, é a única língua com quem copulo: é-me irresistível ao intelecto e aos olhos, uma atracção fora do comum, e arranha-me o coração com meiguice a pontos de todos os dias eu querer saber mais dela e também me dar ganas de lhe foder o, e com, pathos. ele, o tal Português, é o amor-rio mais lindo e limpo do mundo - é um amor de Rio Vez.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

sorry, thanks! (merdinha seca)

já quantas vezes me apeteceu, e depois passou, falar sobre a coisa de os portugueses muito gostarem de se desculpar ou de agradecer em inglês ou francês. também é moda, eu sei, talvez seja chique, não sei, ou outra coisa qualquer. mas onde está a piada disso? não consigo encontrar. só me ocorre o argumento da facilidade - em que se associa palavras que na nossa língua possuem um significado apenas se para quem as profere houver significância a outras que querem dizer a mesma coisa mas como não são nossas, antes de toda a gente, torna-se mais fácil dizê-las, ou escrevê-las, por darem a sensação do fora e do não virem do dentro. só assim consigo explicar a facilidade com que sai um thanks, merci, ou um sorry das bocas. são palavras que andam de boca em boca e na rádio e na televisão e, quanto a mim, desprovidas do real propósito para que nasceram. são rápidas e rectas, bem o oposto do que pretendem ser mas, lá está, é moda e é chique. e eu, como sempre, sou démodée.

pensei agora

nunca tinha pensado nas reuniões de tupperware aplicadas, no conceiro em si, a serviços digitais. mas também não quero pensar: nunca tive talento para vender e muito menos para, marketing directo, vender-me.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

arrotos e risotas

mais vale ler sobre os arrotos das vacas. em uns blogues cada vez mais se conversa cada vez menos sobre a realidade nua e crua, os monólogos só são conversas quando de nós para nós, e em outros só é suposto conversar sobre ficção - como se as perguntas sobre as pessoas, e não apenas sobre as coisas, fossem um atentado ao ser. como se diz por cá, em jeito de conclusão que ri: puuuuta que pariu!

cinema?

cinema não é aquela arte de misturar realidade com fantasia, beleza que é poesia, cujo resultado é - a curto prazo no lugar e a longo no tempo - o apego? então por que raios e coriscos os documentários puros e duros, ainda que com abordagem histórica, são considerados cinema? terá que ver com a realidade fantástica que pode ser a prosa do mundo? será, então, tudo uma questão de linguística e de, magia técnica, mera projecção? não acho nada bem.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

amígdalas da paixão

Amígdalas - quem as tem que as conserve. Verdade. Pensa que estou a falar das da garganta ou da faringe ou da língua ou até mesmo da no singular que é inimigo do Batman? Pois pensa mal porque quero dar importância às amígdalas do cérebro, as cerebelosas, carago - como diria o Herman José em tempos de Esteves ou qualquer tripeiro que se preze - responsáveis pela regulação da nossa sexualidade e das nossas emoções.

Sabe onde fica o armazém da memória das suas emoções?

Está a ver ali na imagem do lado aqueles corninhos vermelhos, em extremidade de amêndoa, parecidos aos das borboletas? Se não está, imagine. São elas, localizadas no sistema límbico de todos os mamíferos, as mentoras, entre outras coisas, das nossas emoções. É precisamente nas amígdalas que acontece aquilo de a nossa vida poder ser uma comédia, se houver um controlo pelo pensamento, ou uma tragédia se apenas as deixamos fluir descontroladamente. Já pensou em como seria a vida sem emoções, em como qualquer acontecimento perde toda a importância quando desprovido de emoção? E o contrário, como seria a vida dos humanos sem o poder do raciocínio?

Pessoas a quem são seccionadas amígdalas do resto do cérebro transformam-sem em portadores de cegueira afectiva  e ficam igualmente inibidas de sentirem paixão. Mas não é apenas a incapacidade de reconhecer sensações ou experienciar sentimentos o resultado da ausência das amígdalas: sem amígdalas não há lágrimas nem dor para as consolar - mas há hipersexualidade (e daqui sai uma conclusão paradoxal de tão folclórica: afinal o sexo não tem mesmo nada que ver com afectos e trata-se mesmo de uma escolha íntima de cada um relacionar-se sexualmente com ou sem afectos). Também outros animais deixam de sentir medo ou ira e perdem a noção do lugar que ocupam no seu tipo de ordem social com a perda das amígdalas, anote aí.

As extensões neuronais das amígdalas permitem-nos gerir os conflitos emocionais, ou seja, aqui entra a parte da comédia - que é o pensar - a meter travão à tragédia que é o sentir. Somos prisioneiros das amígdalas! estaremos por certo a pensar. Nem tanto assim por sermos inteligentes e capazes de, trabalhando, conseguirmos equilibrar emoções com pensamentos e pensamentos com emoções. Será uma questão, bem visto, de conhecermo-nos ao ponto de chegarmos ao pormenor gigante que são as amígdalas e encetarmos com elas uma relação saudável e querida: mimar-lhes o ímpeto primitivo apenas para quando nos for possível sermos selvagens. Porque viver em civilização, em nós e com os outros, é preciso.

a descobrir

andei a ler sobre as amígdalas. não, não são as da boca mas as do cérebro, aquelas que funcionam como armazém de memória de emoções - as que nos castram de emoções se também castradas e fiquei a pensar, e de descobrir, se os outros animais, e quais, as têm. isto porque tenho a certeza que a minha cadela as tem, essas espécies de amêndoas mágicas, até porque verte lágrimas, sorri, mostra medo, arreganha os lábios e franze a expressão. aqui está apenas, observando-me bem perto, a amar-me como só uma Valquíria consegue amar.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

quer casar comigo?

não sei quando e onde vi, o mais certo é ter sonhado, mas eram duas mulheres e um só homem, todos sexagenários. elas disputavam-no e ele, confuso, não sabia a que escolher (às tantas aquilo que dizem por aí de o amor já não ser para certas idades foi por onde lhe pegaram, ao argumento). depois sei que tinha um sonho: desde cedo, e de sempre, quis abrir um negócio que surgia de ideias estranhas e que nunca conseguiu concretizar. a certa altura, a possibilidade de o fazer - perante uma nova ideia estranha - surgiu e ao mesmo tempo uma delas encheu-se de coragem para lhe pedir namoro, uma espécie de solidão acompanhada a pastichar o amor (afinal o argumento deve ter-se baseado nas tais idades certas, concluo), e ele aceitou. enredo adentro, a família que sempre desprezou as ideias estranhas de tão bizarras não perdeu a oportunidade de, também desta vez, lhe chamar lunático e inconsequente - a recentíssima namorada concordou com o desmancho familiar. e ele, desesperado por tamanha traição, terminou a curta relação. já conformado com a ideia de cafoné e joanetes mimados, correu à procura da outra mulher que estava de partida para lugar incerto, certeza apenas havia da despedida, que lhe espremesse o desgosto. e encontrou-a. perguntou-lhe assim: tenho esta ideia para um negócio, o que te parece? desfeita em lágrimas, pela vontade proibida de o abraçar e pela partida forçada pelo orgulho, ainda assim respondeu: parece-me tão bem que consiga concretizar, pelo menos uma vez na vida, o seu sonho! vá em frente, desejo-lhe sorte, mas agora tenho de ir. e ele ali, naquele instante tão maduro como verde, apaixonou-se por aquela outra mulher. pegou-lhe na mão que acariciou, arrumou-lhe a madeixa cinzenta da testa, bufou-lhe ternura para os olhos e disse-lhe mesmo na altura em que passava na rádio esta, aquela ali em baixo, canção: quer casar comigo?


coisas que aconteceram

a leonor foi à fonte formosa e segura porque ainda não havia água canalizada a preço de petróleo.

(se fosse hoje, ia ao pé coxinho em resquícios de esclerose múltipla)

coisas da democracia

nas horas de maior tráfego andam a denunciar os meus conteúdos no FB, o que inibe a publicação e partilha. isto acontece por eu não usar o dito para mostrar o meu penteado novo ou o local onde fui jantar ou se dei uma uma queca. isto acontece precisamente por eu usar o FB para conteúdos que talvez arranhem os democratas mais invejosos - o que faz de mim uma péssima utilizadora que merece ser castigada. e sabotada. continuem.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

cabeça

há poucas coisas felizes que nos passam pela cabeça como a certeza feliz de que é a cabeça que temos de conservar feliz: feliz é a cabeça que não deixa que se convença que o errado e o mau, coisas do fora, desapareça!, não se mete a monte com a lua e com a aurora. e quando em redor tudo afugenta, horror!, renasce a cabeça feliz - a que persiste e aguenta.

colabore na criação de novos postos de trabalho

leia, avalie e partilhe.

sábado, 19 de outubro de 2013

zumbar

que rica ideia a de criarem postos de trabalho pelo zumba: aluga-se um ginásio de uma escola secundária, chamam-se pessoas, muitas, porque a aula de uma hora sai barata e passa-se esse tempo a saltar e a dançar e a ginasticar o corpo. e a gritar. como se a loucura fosse, e também é, isso. depois chega o cansaço e os pensamentos. é a vida.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

cúmulo

austeridade sobre austeridade que se estende a tudo e a quase todos: morte lenta. e a morte lenta é tortura. e a tortura é tormenta. e a tormenta é violência. e a violência é tirania. e a tirania é opressão. e a opressão é abuso. e o abuso é crime. não haver quem cuide dos abusos é o cúmulo da democracia. porque na democracia deverá haver quem cuide da liberdade e do bem estar do povo, não do abuso.

e depois de ler este artigo não posso deixar de o acrescentar aqui.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

grande puta pudica

a sociedade tem graça: envergonha-se perante quem fala, ou escreve, de pénis e erecções ou vaginas, pilas ou conas, ou peidos ou arrotos e ao mesmo tempo é a que mete a pila em esgotos ou abre as pernas a quaisquer escrotos; é  a mesma que arrota em surdina perante a humilhação do irmão ou se peida com altivez, em segredo, perante o vizinho que está no desemprego. a sociedade aprecia uma foda planeada às escuras e despreza a outra genuína às claras. é assim, uma grande puta pudica, a sociedade.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

descoberta

ora esta verdade vai muito bem com esta calamidade. é tudo uma questão de falta de inteligência espontânea.

modas e truques

andar a votos com gente que escreve sobre o óbvio e de forma medíocre é fodido. mas quem disse que a sociedade não é óbvia nem medíocre nem fodida? aguente-se só mais um bocadinho a ver como seguem as modas e os truques.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

como uma partida pode ser, chegada, acrescento

de um dia para o outro muda tudo, ou quase tudo. será caso para dizer que é como se fosse uma partida que a vida nos prega. uma partida. e é - que é sempre uma chegada também.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

fraudes

li uma coisa que fala de embaraço e de vergonha e pensei no embaraço que podemos sentir perante o embaraço dos outros em relação a nós. este até pode ser positivo mas já a vergonha, não. quando nos sentimos envergonhados por alguém que sentimos sentir vergonha de nós, ou do que sente por nós, é péssimo. parece que uma janela se abre diante dos nossos olhos, uma claridade gostosa e sábia, a querer dizer-nos que esse alguém é uma fraude - uma espécie de bicho que assiste ao nosso apedrejamento sem pestanejar apenas para salvar a reputação de, lá está, sentir vergonha por não ser um bloco de gelo, gostar da quentura. e as fraudes, já se sabe, descartam-se.

sábado, 5 de outubro de 2013

para mim

pelos amigos devemos fazer tudo - até dispormos de três horas a fritar salgados para uma festa surpresa. no fundo, que é também à superfície, a amizade é, isso mesmo, tempo e dedicação quando mais se precisa ainda que fiquemos impregnados e enjoados com o cheiro. é uma espécie de casamento, a amizade: a garantia, sem obrigação e com gosto, de estarmos lá no melhor e no pior e na saúde e na doença e nas festas e nos bastidores das festas. e há sempre recompensa na amizade. há aquele abraço que conforta ou aquele sorriso que rompe o nevoeiro dos dias ou aquele olhar brilhante que ofusca a má sorte; e há momentos inerentes ao que fazemos que nos dão um prazer enorme, imenso, naquilo que é dar de nós. neste caso consegui privar, no meio de quase trezentos salgados para fritar, com uma sanita fora da casa e virada para uma árvore belíssima. há poucos privilégios como poder aliviar as entranhas de porta aberta e de fronte para uma árvore: não é para todos. mas foi para mim.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Capuchinho Vermelho Porno




Já nua puxara, com gana, o cordel da gabardina vermelha e tirara o capuz de cetim - passa a língua nos lábios.
Vá, lobo mau: ontem não fiquei satisfeita...hoje podias comer-me melhor.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Não será a cozinha tradicional o que de mais gourmet podemos fazer?


Gourmet, ou alta cozinha, é um conceito que tem sido explorado, à mesa, como minimalista e ao mesmo tempo com aquela qualidade estranha e diferenciadora no mercado - minimalista porque a comida apresenta-se na exacta quantidade digna da cova de um dente, caríssima e, obviamente, inflacionada aos olhos e à boca.

O segredo do conceito gourmet não está no alimento em si nem na estética da sua apresentação - está naquilo que de nós lhe acrescentamos, na originalidade, que pouco tem que ver com sofisticação inerente às diversas insígnias modernas. Pode um cozido à portuguesa ser gourmet? Pode. E deve. Se retirarmos à tradição - garanto que ela agradece - a orelha do porco e o rabo do boi e a mão da vaca e lhe dermos, à panela, coxas de frango e lombo de vitela em água suavemente aperaltada com sal, loureiro, um dente de alho e muita ternura eu garanto que o paladar e a pouca gordura farão as delícias de todos. E se depois das carnes cozidas aproveitarmos a água para cozer as batatas, as cenouras, os nabos e as hortaliças, acrescentadas com bacon e chouriço, ficará irresistível. Toda esta ternura gourmet ainda chega para o arroz: aproveitar esta calda para fazê-lo é condição absolutamente imprescindível para a perfeição. E a apresentação? Anote aí: na mesa tem de haver flores e ao centro uma taça de barro bem grande para espalhar os petiscos. E depois, depois terá de se convencer que servir é um acto de amor requintadíssimo e sofisticado e à medida de cada boca: do mais gourmet que há. Além do mais o cozido, esta iguaria gourmet, fica bem ali no horizonte do seu cheiro e paladar enquanto o acompanha com uma boa conversa e esgares gulosos. Mas também podia ter falado de uma bela feijoada gourmet - ou de uns rojões elegantes e gostosos. Fica para a próxima, prometo. O importante, ficou agora a saber, é a qualidade daquilo que escolhemos e acrescentamos quando estamos a fazer do cozinhar uma arte que, como qualquer outra, sai de dentro para fora e apresenta-se carregada do melhor - do nosso melhor; o que faz a cozinha gourmet, nunca se esqueça, eu cá só vim lembrar, é sempre e sempre - nunca o legume ou a carne ou ou peixe mais caro e mais maquilhado - você.


(este artigo está escrito ao abrigo da antiga ortografia)

ao fim e ao fundo

li, ainda há pouco, que é melhor decidir o fim do que aguardar que ele nos surpreenda e magoe - que é a mesma coisa que dizer que se deve fugir do fim. coisa tão estruturada, tão racional e estranha. é que por esta ordem de pensamento cabe-nos a todos o suicídio. e, pensando bem, faz da ejaculação precoce o reflexo, em corrida, do medo da dor. estarei, certamente, para alguns, a tergiversar. mas não para todos: há quem goste, tem de haver, e não fuja, de ler até ao fim. ir ao fim é uma maravilha por ser a maneira de se ter a certeza ainda que para chegar ao fim se caminhe por uma estrada de dúvidas. vá-se ao fim. e ao fundo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

apesar de nunca ter experimentado parece-me muito bem

Hipnoterapia é do que estamos a falar. Surgia assim a hipótese, até então apenas estudada em Psicologia, que viria a revolucionar o mundo da hipnoterapia: se as respostas emocionais obedecem a processos de aprendizagem, talvez fosse possível recorrer a esses processos e aprendizagem para tratar fobias, depressões, ansiedade.

Como pode a hipnoterapia ajudar?

Tentando o recondicionamento, através da apresentação dos estímulos fóbicos, através de guloseimas ou outros estímulos positivos, ou desenvolvimento de atividades positivas, Watson acreditava que o estímulo - resposta do reflexo condicionado - está implicado na génese da fobia. Isso significa que a ansiedade é despertada por um estímulo naturalmente assustador que ocorre associado a um segundo estímulo neutro. Se esses dois estímulos ocorrem juntos, por várias vezes, com o passar do tempo o estímulo neutro adquire por si só a capacidade de causar ansiedade.

Sabemos que as fobias estão interligadas na questão dos chamados transtornos de ansiedade. O indivíduo com medo tem um estado de ansiedade muito acentuado e qualquer coisa que simbolize o objecto da fobia faz com que desencadeie esse medo. O objectivo da hipnoterapia é "remover" o medo subconsciente. Uma técnica comum usada na hipnose é a chamada regressão de memória. Ela tem-se revelado muito eficaz e, no tratamento, o paciente descobre as causas da fobia e o hipnoterapeuta faz uma resinificação do medo, mudando a compreensão e o aspecto de negativo para positivo (tal como Watson referia, anteriormente citado). Assim actua a hipnoterapia.

No final dos anos 40 e na década seguinte, na África do Sul, Wolpe utilizou os estudos de Pavlov e Hull para propor uma generalização da noção fisiológica de inibição recíproca, a partir da qual desenvolveu uma técnica para o tratamento da ansiedade: a dessensibilização sistemática. A técnica de dessensibilização sistemática envolvia inicialmente a exposição do indivíduo a um estímulo descrito pelo mesmo como aliciador de ansiedade, em associação com um estado de relaxamento que deveria inibir essa reacção emocional na presença daquele estímulo. É importante destacar que originalmente essa exposição era feita in vivo, mas posteriormente Wolpe optou por fazê-la através do uso da imaginação: essa "opção terapêutica" de adoptar procedimentos de aparente eficácia prática, em detrimento de uma decisão de ordem teórica ou baseada em evidências de laboratório, não foi uma decisão isolada. A decisão de Wolpe trouxe consequências importantes no que se refere à postura científica do terapeuta comportamental. O enfoque respondente foi predominante na terapia até a década de 50, quando a análise de problemas comportamentais era restrita. A partir daí, os resultados empíricos com o condicionamento operante expandiram o número de técnicas baseadas no novo paradigma de hipnoterapia.
Seguem-se algumas técnicas em que a hipnose, hipnoterapia, é catalisadora de sucesso:

• Prática de relaxamento;
• Treino da imaginação;
• Dessensibilização sistemática com imaginação;
• Imersão in vitro;
• Condicionamento encoberto;
• Técnicas de Auto-controlo;
• Emprego de Imagens;
• Aproximações sucessivas (in vivo e in vitro);
• Auto instruções e estratégias de afrontamento. Emprego da Hipnose para nos recordar que possuímos estratégias para fazer frente aos problemas e facilitar o desenvolvimento de um programa de auto-instruções;
• Treino para a solução de problemas e de outros procedimentos cognitivos (parar o pensamento);
• Terapia Racional Emotiva para substituir as emoções inapropriadas por apropriadas;
• Substituição de hábitos.

hipnoterapia pode ajudar e aqui fica o contacto de uma especialista:
Isabel Silva/ Psicóloga/ Hipnoterapeuta Clínica
London College of Clinical Hypnosis - Portugal
email: psicohipnotherapy4you@gmail.com

egos

com cinzas nada se escreve
apenas as letras do silêncio