terça-feira, 31 de maio de 2011

a essência do rissol

os meus rissóis são gigantes e gordos e suculentos: o recheio é cozinhado com azeite e em lume brando; a massa, tenrinha, é pacientemente trabalhada e o pão ralado é, vezes sem conta, peneirado para não deixar passar os gomos que o ovo deixa. nos rissóis também se vê o carácter, a essência, das gentes.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

vacas loucas, pitos malucos e pepinos chanfrados

pronto, agora vai começar a febre do pepino. primeiro começou nas vacas, depois passou para os frangos e agora chegou ao pepino. os portugueses primam pela prevenção: ouvem falar nas vacas loucas e viram-se para os pitos; ouvem falar nos frangos malucos e viram-se para as vacas loucas. e, agora, ouvem falar nos pepinos chanfrados e vai tudo para o tomate. os portugueses primam pela prevenção - mas não no que devem: continuam a beber que nem cachos quando vão conduzir e a charrar em busca da paz para sorrir; continuam a foder sem protecção porque, paradoxalmente, não querem proteger o tesão; continuam a deixar-se formatar pelos meios de comunicação para não terem de usar o neurónio da razão. e depois o sol, ah o sol, idolatrado pelos portugueses - os portugueses deitam-se ao sol e regam-se com óleo de jibóia para ficarem castanhos (castanhos e podres), primeiro vermelhos ao estilo pimentão, e sexys e, depois, fazem campanhas a propósito do cancro da pele. quê, fumar mata? mata: fumar mata a loucura das vacas, a maluqueira dos frangos e a chanfradês dos pepinos - ou não é verdade que a carne fumada, a de quem fuma, preserva-se muito mais e aguenta-se firme à putrefacção?

domingo, 29 de maio de 2011

reticenciar

entre um olhar e outro há sempre um ponto que é fixado: é o ponto depois de um e do outro.

(são as reticências)

sábado, 28 de maio de 2011

sombras de sol

sombras para que vos quero, danado do sol a dizer, senão para chamar-vos a mim, a eles, não fosse eu quente e ardente - com olhares, tem vezes, de tristeza contente.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

confevoar

flutuo, trespasso pela maré em bicos d' asas, sem esforço: a água é um espelho d' alma fresca, eu confesso.

sinhãsofia

não há como ter olhos de Sinhã e começar o dia assim:


quinta-feira, 26 de maio de 2011

alcovéu

entre o que se sente e o que se faz não há, para muitos, céu: o céu é a alcova da paz.

pre sente

não há, oxalá haja, mas não sei, até pode haver melhor, mas para mim o melhor é o que conheço, como pode não ser, a vida é o que acontece, como a mistura do cheiro de sol com mar e árvores e flores: cheira a presente que o futuro, futuro que o pariu, é uma invenção dos homens e das mulheres deficientes de vida.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

caravela

caravela em terra, sonhos ao alto, que navega as águas dos céus - arranha-os com janelas e com varandas: entra nos olhos teus.

kudurar

é muito fácil: meditar pode ser uma dança, que abana até à exaustão, que cansa - descanso da alma em balsa.

terça-feira, 24 de maio de 2011

acerrar

não está certo conhecer pessoas erradas: o erro é, estou certa, um acerto do engano.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

gentitutas

nem sei se lhes chamo gentes: são humanos que se vendem, contentes, que se deitam para subir, que fingem bem o sentir, que para serem o que não é ser se deixam ir. e vão - além, ficando sempre aquém; e são - ninguém, sombras do além. e o desgosto de deixarem ficar, de deixarem passar, aparece: na pele de quem não tem preço, de quem se é sem prece - na vida de quem sente a morte e sabe que quem se vende assim, não presta para a sua sorte.

rugas, precisam-se

não vai tardar nada e, por estes dias, os liftings estarão acessíveis às gentes, nos centros comerciais, tal e qual como os arranjos rápidos de costura: remenda aqui e cose ali. e os rostos, como roupa nova em domingos de missa, não irão carregar as marcas do tempo - rostos sem histórico, tecidos andantes, peles mexidas e penetradas com técnica, com métrica - rostos que irão ser coitos, meros coitos, de ejacular o fora.

encharcar, digo eu

em nome do meu, da dela, e é já que se faz tarde, espinhos doces e lágrimas ardentes, saias risonhas de olhos contentes - no meio há botão, ponto s que também é c, molhado está o sexo: de encharcado o coração.

acordar, cantam eles

 o chilreio dos pássaros, concertos meiguinhos de bocas pequenas, é acordar.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

tripa à moda de Sade

ora se a tripa que o Marquês de Sade colocava na pila, sífilis em medo, para funcionar como contraceptivo, está em exposição no Museu da Farmácia é porque seria, de facto, eficaz. como será que ele lavava a tripa? será que lhe dava, antes de usar, uma cozedura para ficar mais tenra e sentir mais? ou, pelo contrário, a refrescava para o aquecer ser em lentidão? será que o Marquês de Sade, como escritor e artista que foi, afinal usava, masoquismo erecto, a tripa alternadamente nos dedos das mãos para evitar a doença cardiovascular que dizem ser o amor ou, sadismo pujante, colocava a tripa na pila para foder e a tripa nos dedos para viver?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

afinal, o trabalho seguro mata

voz de sofrimento, a dela, ao telefone. justifica porque não ligou nem respondeu aos emails; complementa a justificação por estar mentalmente afectada, que está sem trabalho e o que tem - já facturado - não o consegue terminar. diz que se sente perdida, carreira profissional em precipício, sem auditorias para fazer; arrasta a conversa para o psiquiatra que lhe administrou medicação e com a qual se sente ainda mais inibida para trabalhar; comenta, orgulho ferido, que depender do marido é que não pode ser.

desabafos, justificações, cansaços. e eu, que não vejo a vida senão insegura, sem certezas e sem portos, disse-lhe, com o melhor de mim: fecha o escritório e só voltas a lá entrar quando (e se) te sentires capaz. quando acordares de manhã, fazes de conta que tens uma perna partida e logicamente não podes usar saltos nem andar: também é assim com o teu cérebro - está doente e precisa do sofá. e depois existe a vida, o amor, a pintura - existe tudo aquilo que escolheste, por opção, dedicar o menos tempo possível. não estará a vida a dar-te uma oportunidade de reafectares o teu tempo? não andarás, há tanto tempo, a viver para o trabalho, a canalizar para papéis, simples papéis, a tua vida? a vida é o trabalho? e essa dependência que falas, falas do que é de verdade um casamento? para que serve um marido senão para ser braço e cérebro e sangue e suor e lágrimas e riso e, sim, mealheiro? e o teu filho, há quanto tempo não o ouves e não o mimas? e pintar, tens pintado?

e depois de desligar, penso mais ainda na tristeza da modernidade: as mulheres recusam-se a passar tempo no lar e a partilhar dinheiro do marido porque têm medo de não ser modernas; os homens não podem chegar cedo porque têm medo que as mulheres pensem que estão a ser, démodè, dedicados; os filhos têm vergonha de levar os amigos para casa porque a mãe não está a trabalhar e a dedicação à casa é sinónimo de ignorância. o que é isto? onde está a importância real da vida, é no trabalho? é no trabalho que as pessoas modernas se realizam e se vivem e se morrem e se vêm? é o trabalho que dignifica as gentes ou antes as gentes que dignificam o trabalho?




e fiquei triste, por reconhecer nela tanta gente. e fiquei contente, por não me reconhecer nela nem em tanta gente.

querem o poder de chegar ao cume da montanha

o cúmulo do machismo é a ejaculação precoce masculina.

(conclusão, a minha, depois de ler que 95% dos homens, em todo o mundo, a tem)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

estômago curioso

coisa bonita de se ver - o ratão cheirando o que ninguém quer, ocioso, por ocasião. e não, não é ladrão: é estômago curioso.

chuva que despe

o outro lado, há sempre o outro lado, da sensação de liberdade e bem estar que é andar sem soutien, o soutien foi, com toda a certeza, inventado por alguém absolutamente frustrado, é o riso pudico provocado pela repentina chuva, chuvona, que deixa semi-nuas as flores dos montes agrestes. e é a chuva aque me faz parar para sentir. e é a chuva a única que me faz correr para esconder as flores, as minhas flores.

terça-feira, 17 de maio de 2011

corpo de céu

zástráz, que os céus berram assim, goelas de bocarras sem fim: engolir as selvas de pedra, putas sem eira nem beira, polidas de homens armados, cimentos, artistas dos tormentos - zástráz -, o céu também tem intestino, entranhas em momentos. e rim.

corpo-rei

o corpo é de uma sabedoria imensa. e, por isso, a natureza não me deu a responsabilidade de me lembrar de respirar porque por um dia, um dia que fosse, eu esqueceria.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

serorpo, seralma

deixa-a ser, só ser - contorno de luz que te seduz o fundo do corpo e da alma: deixa-a sorrir, deixa-a brilhar, bem como quando, feminino, o rio corre para o mar.
o meu livro de receitas de fazer pão desapareceu da segunda gaveta. sim, poderia estar na primeira ou na terceira ou na quarta ou na quinta - mas não está. suspeito que durante a noite andei a sonambular. suspeito. mas o que são as suspeitas senão os ingredientes?, o pão, onde está o pão? e se ficar alerta como posso verificar se sonambulo?

domingo, 15 de maio de 2011

abraço sem embaço

laços, que abraços, que amassos, são traços de líbido, não há embaço, a gritar: traços de laços, amassos, abraçados, sem cansaço, de abraçar.

sábado, 14 de maio de 2011

assento de amor-gaivota

não pode não ser cinzento o amor que mora em assento - abaixo do outro olhar: o amor-gaivota que fica em baixo, por baixo, sem asas, vê-se por cima, de fora para dentro, a parar.

as metáforas do talho

peço que me pique frango com chouriço, fica mais gostoso, para fazer bolonhesa; peço perú aos bifes, peço frango sem pontas. peço tudo o que tinha de pedir e pago. quando chego a casa, vejo que não paguei o chouriço e que ainda, sem eu ver, meteu mais duas no meu saco. em tempos de crise ainda há quem ofereça três de chouriço, pensamento a fluir por entre o embalar e o congelar das carnes. e agora percebo porque não posso sorrir nem usar decotes enquanto faço compras: as metáforas do talho são mesmo fodidas para me foder. foda-se.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

ser fortaleza

estou decepcionada: afinal consigo ser ainda mais forte do que o que sempre soube que sou.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

solmunda

e nem preciso de bússula para saber onde fica: segue o cheiro do mar, onde restam os fundos, onde se vê o por dentro das minhas e das tuas - o sol é sempre, tal e qual, a blimunda sete-luas.

os sonhos são reais, ouviste?

e dizem que os sonhos - ou os pesadelos - não fazem parte da realidade. fazem, sim: como negar e justificar a origem da trasnpiração ou da alteração dos batimentos cardíacos ou da respiração? o sonho é, ouve bem, o horizonte que se vê ao seu redor, que não existe em parte alguma, mas que pode ser visto de todos os pontos em que se encontra.

terça-feira, 10 de maio de 2011

cor-de-rosa-que-corre

porque o amor trepa - por detrás, que é também a frente, do que é ser árvore:
ser árvore é ser raíz e ser tronco,
é ser rosa no cimento do conto;
é ser a casa onde se vive e se morre - é por tudo o que em nós corre.

mensagem rápida para amar sem demora

decidida, como sempre é e foi, escreve-lhe assim: meu amor, encontramo-nos a meio do caminho - naquela cidade mágica que tu sabes. levo tudo o que preciso: amor, fome, sede, satisfação e liberdade.

e, depois, contou-lhe o seu pensamento - como ela adorava a fusão de pensamentos - para quando estivessem juntos, explorarem em conjunto: (deve ser fodido para ele - ver que o que sempre quis e que nunca pensou que eu quisesse também, agora estar a acontecer. mas com outro. com um amor real. contigo. não contarei as horas para estarmos juntos, simplesmente porque - perante ti - o tempo não existe.)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

saia do dentro

tímidos são os olhares de baixo para cima, olhares que entram na saia-menina, rubros de tanto corar: e fica o coração à janela: o que está por dentro da saia que é dela.

blogues pseudo-democratas

eu juro que não entendo os blogues cujos comentários são triados antes de saírem ou serem censurados. que ricos apoiantes da liberdade, os que fazem a gestão desses blogues. e depois ainda se dão ao luxo de fazer terminar as discussões no comentário que mais lhes convém - no remate da sua própria opinião. são uns ditadores, os donos dos blogues que praticam a censura; são uns absolutistas absolutamente ridículos.

(e não falo de eliminar comentários que atentam, eventualmente, contra a integridade dos autores e/ou comentadores - que isso já eu fiz e farei se preciso for - mas de escolhê-los. que rica democracia.)

espasmos de sol

e os montes. ai os montes que são mulheres deitadas ao sol - embriagadas de uvas dos campos, que verdes são espasmos de amantes.

a falta de paixão é a desculpa dos que não a sentem

(a propósito do que li ontem sobre os casamentos durarem com base na confiança - porque a paixão morre)

sentes-te confiante?
sim. e tu?
também.
óptimo, então vamos fazer amor - como irmãos.

não as usem: obrigada.

engraçado como as gentes confundem tudo: a homossexualidade sempre existiu, mas agora está na moda. e se está na moda, não é de bom tom ter uma opinião desfavorável sobre alguma coisa que pretendem. e se assim é, somos acusados de preconceituosos. eu quero lá saber se vocês gostam de pataniscas ou de arroz de pato, de homens ou de mulheres. uma coisa eu sei: se depender de mim, não vão poder nunca adoptar crianças - as crianças não têm de apanhar com as vossas modas e já lhes basta terem de crescer sem um dos pais quando um deles morre ou se divorcia. eu preferi crescer só com o meu pai, e com as ausências que isso trouxe, do que crescer com dois pais homens ou com a mentira de que o outro era a minha mãe postiça. havia de ser bonito, eu entrar no quarto deles ao domingo de manhã, como fazia sempre com o pai e com a mãe, e perceber que afinal o normal é um homem chupar na pila de outro homem. e depois, na escola, a professora perguntar-me como nascem os bebés, e eu dizer que nascem quando um homem vai ao cu a outro homem. e depois, mais tarde, já crescida, e quando percebesse que afinal não é nada assim, teria de perceber que cresci a perceber tudo mal - e que afinal o meu pai, que tinha casado com a minha mãe e tinham tido filhos, passou a gostar de gajos depois de ela morrer - ou então que já gostava mas viveu uma mentira. foda-se. coitadinhas das crianças.

(as crianças são crianças, não são atrasadas mentais. não as usem: obrigada.)

domingo, 8 de maio de 2011

cus heróis

"o homem que matou Bin Laden tem entre 26 e 33 anos, é musculado, com calos e cicatrizes."

(e caga. mas só deve conseguir cagar numa banheira - são assim os cus dos heróis do mundo)

os animais domésticos são uma óptima opção

se a natureza quisesse brindar os gays com a alegria de terem filhos, tinha dado a possibilidade aos homens de gerar e amamentar e, às mulheres, a capacidade de gerar sem  a seiva do pénis. no fundo, no fundo, tal demonstra uma enorme frustração que vem da não aceitação deles próprios - de outra forma, nem os homens quereriam ser mulheres nem as mulheres quereriam ser homens. está tudo ordenado, e bem, pela natureza.

sábado, 7 de maio de 2011

fazer para eu ler

entre o que se diz e o que se faz, comunicar é essencial mas parece não ser simples nem fácil, está a sinergologia: deixa-me ver os teus gestos e dir-te-ei o que pensas.

mar que as pariu

percorrem uma ponta à outra, são pontes - as que interditam os muros. porque os muros são cegos e querem cegar: as pontes que vivem para ver e olhar, sem muros, o mar.

ai que gosto tanto e já não me lembrava de ouvir


lençóis, olé!

regra geral, e pelo que se vai - ali e acoli - ouvindo, as gentes fazem a muda dos lençóis uma vez por semana ou até por quinzena. ora, se deitar o corpo, que carrega a alma, em roupa com cheiro de lavado e fresco, com cheiro de água, é das melhores sensações que conheço, mudo a minha cama quase todos os dias - e digo quase porque há dias em que mereço castigo por estar preguiçosa.

(o corpo e a alma, com este miminho todo, olé!, cada vez gostam mais de mim)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

não estiveste lá, Alvim: venha o Sócrates e escolha

e o impossível aconteceu (e não, não me refiro ao facto do Alvim conseguir ter em estúdio o Primeiro Ministro, ou um quase-ex Primeiro Ministro, ou o gestor - que está no meio da ponte - da nação, não sei bem o que lhe chamar): quase tudo se perdeu. perdeu-se a oportunidade de conduzir uma conversa interessante com um homem interessante como é o José Sócrates. o Alvim estava nervoso e nem se preparou - apostou no improviso, dificílimo de conseguir, e foi o José quem agarrou no comando (e até aqui ele controlou e não disse se da meo ou da zon) e disse exactamente o que queria. só por isto, por esta exibição de poder, ele já merece ser, não o primeiro, mas o último - o último a sair. 

e depois o seu sorriso. José tem um sorriso, rasgado, bonito - um sorriso que rasgou qualquer tentativa de passar a fronteira do que é a graça engraçada da kitschada: mais um ponto, ou mais um voto, a seu favor. 

bem visto, e a avaliar pela camisa branco-fraco-tecido do entrevistador, ele, o José, foi um verdadeiro convidado de luxo, sentado num restaurante contemporâneo, a ser servido por um empregado de mesa que não alinhou nem escolheu a ementa. e ficou tudo por conta do apetite do José; e ficou tudo por conta da casa. ora, quando queremos aplicar aquela questão do estou farto de falar de mim, falemos de ti, o que pensas de mim?, não será conveniente fazer o estado da arte daquilo que queremos que quem queremos que diga, diga? pois. e nem com o amor te safaste, Alvim. e nem te safaste quando viste que o José não se estava a safar com o amor. e foi, basica e insufiientemente, isso: não estiveste lá, Alvim. ou não sabes que é preciso amor em tudo o que fazes para ficar tudo feito e não, como ficou, por fazer?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ideia IKEA

depois de comer uma pêra há quem se lembre de arrotar. já eu, lembrei-me que um dos grandes benefícios da crise é a optimização da gestão de talentos. bem visto, ao haver uma eliminação de gentes-acessório e valorização das gentes essenciais, as empresas andam a adoptar uma filosofia IKEA.

(não queres agarrar nesta minha ideia, José Ramón Pin, para completar essa tua teoria de gestão de RH?)

pastichar não, obrigada

acabei de conhecer uma palavra nova. e eu, que tenho olhos que se são e não pasticham, tenho mesmo de dizer uma coisinha: hoje em dia, quem não pasticha não petisca. até se me enrolou a língua, carago.

prisão, canudo

o principal motivo por que a geração (à) rasca escolhe tirar uma licenciatura é o de assegurar,  em caso de ter de frequentar um estabelecimento prisional, um tratamento especial.

natureza perfeita

as flores escolhem abrir e fechar e deixar as pétalas cair, em natureza perfeita, porque sabem que o futuro não existe.

tesão, O

a luz que passa na escuridão é como um desejo em lentidão: a forma fálica de O tesão.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

luzes com gentes dentro

são cimentos crescidos de sonhos ou sonhos que em cimento ficam, mas são - são passados presentes de gentes, são luzes com gentes por dentro: são vida a querer viver sem vidas que trazem lamento.

portento

está um pinheiro a crescer no parapeito da minha janela, fruto das sementes dos outros que a ventania arrasta com ela. é, portanto, o meu pinheiro portento.

apamar

vidaquecorresparaamortecomooriocorrepr'ómar: naprimeirasempreseresisteeasegundaédequemaapanhar.

terça-feira, 3 de maio de 2011

antes de Darwin...

quando a terra acordou das trevas, os princípios elementares subtis produziram a semente vegetal que animou o reino vegetal - em primeiro lugar; depois, as plantas: a vida (íntima) transferiu-se para corpos fantásticos que se desenvolveram no ilus das águas; então, através de uma imensa cadeia diversificada de formas animais, ela chegou, por fim, ao Homem. (Mãnava-Dharmasãstra ou as Leis de Manu, Livro I)

depois o gajo, o Charles, agarrou esta ponta e desenvolveu as suas ideias convencendo a comunidade científica acerca da evolução com base na selecção natural e sexual. não podia ser de outra maneira porque desde tenra idade que a ele só lhe dava para coleccionar minerais,insectos e ovos de pássaros, caça, cães e ratos.

(e agora eu estou a pensar em que teoria posso fazer um brilharete se só me dá para coleccionar dentes)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

mãe de mim

ai o calor, ai o abraço!, ai descanso do meu cansaço.
ai, amor, do quente e do frio - olhos que fazem do medo esguio.
ai de mim que não me cresci! ai de ti, mãe de mim, trigo da foice, de verde tom - das rendas e do baton, que nua me deixaste, vestida para os montes de mim, do fundo, lágrimas, sorrisos e sonos: cigana do melhor do mundo.


Fábrica de Letras

esperanças à janela


são janelas de veludo, são, onde meiguinhas respiram paradas: as asas dos sonhos do mundo que dançam esperanças caladas.

vem dai: eu digo-te como é

queres tê-las  fortes e duras e saudáveis e não sabes o que fazer?

faz assim: sempre que decidires dedicar-te, espeta-as nas cabeças do alho e esfrega com gana até ficarem húmidas. depois, passa-as por água e de seguida mete-lhes quilos de creme até este ser absorvido na totalidade. se fizeres isto regularmente, as tuas unhas agradecem.

domingo, 1 de maio de 2011

amor a condizer

como se de vestido novo, de riscas amarelas, a estrear, ela pousa, no amor a condizer, em tragos de chupar: em torno nada existe, tudo cresce: porque beijar uma flor nunca pode ser triste.

sábado, 30 de abril de 2011

não é ser póstumo o melhor da vida de muitos?

então, eu não sei bem se II é indicado para o Papa João Paulo visto que depois de morto foi urnado - talvez para reforço da sua importância - em três.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

em perfume

operar

desengane-se quem tem como operar produzir ou executar alguma coisa: operar é acordar, sorriso rasgado em pavarúsica, em ópera.
são sorrisos que pululam, nos montes virgens de gente, trazem vida aos bosques aos molhos: ululam na menina dos olhos de frente.

injecções e assim

ainda estou para descobrir porque as injecções de atarax são para serem dadas no rabo.

(a sensação já sei bem descrever: sente-se como que a fatiar fiambre nobre do glúteo. até faz guinchar)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

amor e uma mesinha de cabeceira

(entre casal)

tu estás triste, querido, não mintas, desabafa antes que caias em depressão.
tu conheces-me bem demais, meu amor, para eu não o assumir.
e então? problemas com alguma das tuas amantes?
sim: aquela que já andava há mais de um ano, lembras?, desertou.
deixa lá isso, amor, eu estou aqui. lembra-te sempre o quanto a fizeste feliz, isso passa, amanhã vais para a net e conheces outra.
nunca me arrependo de ter casado contigo: sem ti não seria capaz de arranjar forças para outras mulheres.
nem eu, nem eu, amor. agora faz um esforço para me veres a mim aqui na cama, preciso sentir que tu me amas.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

telhado mudo





mas que é isto, que estou tonta do juízo, um cachorro à americana, quente no seu desprazer, na casa que não quer viver, aposto que mal abre a pestana, infeliz, que a cauda bate na lama, atento ao vibrar do monte: daqui já estou a soltar-te, cor de mel, quero que saltes e rebentes com tudo: faz-te rei, que esse telhado será sempre mudo.

baía das porcas zero - pés sorridentes um

é incrível ao que as mulheres se sujeitam em busca de aparências perfeitas - sombras de almas desfeitas: eu vi, com estes olhos que um dia a terra não há-de comer e com os cornos que todos os dias se deitam na palha, agora lembrei-me desta expressaão tão engraçada que li, que me disse, casmurrice e graça é como defino a sua boca, mulheres a serem embaladas em frigofilme e enfiadas numa espécie de forno para, por aquecimento, perderem a banha. aquilo parecia a baía das porcas. é que depois ficam, temporariamente, como o entrecosto grelhado, com riscas escaldadas nas carnes e na alma também - cada risca de quente equivale a um centímetro (isto sou eu a imaginar as suas almas, sem gente, a pensar). e depois vão para casa contentes insultar o assado que é pecado e o pão de milho que não é para ser fodido. e ao fim de vinte idas ao forno a garantia de encolhimento é vendida, como que em segredo, contada aos poros da pele, massacrada, que nem respira nem nada.

já a minha oferta de massagem, descobri que afinal a páscoa traz coisas duras, que é isso dos moles em tudo,  foi reveladora: não possuo tensão acumulada no dorso - o que hoje em dia não é normal - nem sofro de tendinites na alma, à conta do que o rosto das mãos se riu. até a fazer massagens se pode conversar e melhorar o dia de alguém. tanto que ganhei um prémio, talvez de miss tagarela: uma massagem especial aos pés. e os meus pés já só aguardam, com bocarras sorridentes, mais uma conversa.

terça-feira, 26 de abril de 2011

costas em risota

e diz: nunca tinha feito uma massagem a alguém que risse tanto por sentir cócegas nas costas. são cócegasinhãs, disse-lhe eu.

vermelho-amor

é, afinal, papoila o amor: em vermelho sobe ao palco dos montes agrestes, sem vestes, deixando por trás, para trás, o asfalto vestido de lestes.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

liberdade é ter, na incerteza do que é viver, a certeza do que é a vida

pevide subserviente

ouvi uma mulher dizer que dorme sempre em camisa, mesmo de inverno quando tem frio, não porque gosta ou quer, para que seja mais fácil e rápido o marido penetrá-la quando acorda, de repente, durante a noite.

(faltou pouco eu sujeitar-me a levar uma chapada e dizer-lhe que mais fácil ainda seria ela dormir de pernas abertas e com palitos na pevide para quando lhe desse a vontade, ao outro, ser só enfiar. que podridão.)

os vegetarianos não comem fruta

os crematórios, estive a pensar, só podem mesmo ser uma invenção dos vegetarianos. explico: nós alimentamo-nos das árvores através da sua fruta. depois morremos e somos enterrados e as àrvores alimentam-se de nós e nós transformamo-nos em fruta - ora se andamos há milénios a comermo-nos uns aos outros, pois claro que o mundo não passa de um movimento de canibais.

domingo, 24 de abril de 2011

vêm à procura de dias diferentes, são gentes, e nem sequer pensam nisso, no arroz de excursão, pois então, que aos olhos é salteado com chouriço e a salpicão - carnes gordas e salgadas que lhes embala o coração.

droga barata

estou, sei agora mais do que nunca, certíssima: falo com homens e mulheres, novos e velhos, e está decretado: o sexo é, droga barata, o ópio do povo.

salva pelos foguetes (será castigo por eu ignorar a páscoa?)

deve ter sido a primeira e última vez que algum dia gostei de foguetes: e foi ainda agora. acordei como se a cair de uma ponte, suor nas mamas e na fronte. estavam todos, mãos e olhos de mundo, de gente que não tem fundo, a agarrarem-me e a obrigarem-me a comer a papa da modernidade para eu me limpar: uma mistura de batatas cozidas com morangos e miúdos de porco para eu vender o meu corpo e a minha alma - a papa era o elixir, a que me obrigavam, do futuro: desprezar, recusar e abandonar o amor. e se eu a comesse ficaria limpa de poesia real, e de romance e de sonhos acordados, de vida.

(pum, pum. foda-se! nunca pensei dizer isto: foguetes, mis pitufos preciosos. e a culpa é tua, menino Tubarão, por ter lido o teu texto, sobre gentes que vendem o corpo e a alma, depois de chegar de um aniversário, antes de dormir)

sábado, 23 de abril de 2011

olhos lavados

tempos, corridas, passos a trote - cidades que limam e calcam a sorte. e permanecem as belezas, poucas, pequenas, antigas: que lavam os olhos das modernas fadigas.

P.S. Vou para o tesouro: não posso escrever mais. Maldita seja a Pátria e a Finança!

Carta de amor de Almeida Garrett à Viscondessa da Luz

6 de Agosto

" Tu já não és só a minha amante, a mulher a quem dei para sempre o meu coração: és mais que isso, és realmente a esposa da minha alma, aquela a quem tenho consagrado a minha existência, e para quem somente quero viver.
Juro-te isto à face do céu e da terra, por minha honra te prometo. Que mais queres que te diga, que mais há que prometer ou que fazer?
O susto que ontem tiveste à saída é completamente infundado: à vista te darei razões tão seguras que se há-de desvanecer todo o receio. Não as quero confiar agora ao papel. mas seguro-te e prometo-te que não tens que recear. - À noite espero ver a T. e o convencerei também a ele que é um verdadeiro alarmista. sabes tu?
A noite de ontem, minha alma, foi o dia mais belo da minha vida. Oh Deus eterno! como eu vivi, o que gozei! Se pode haver céu depois disto?
Ninguém me persuadirá jamais que há no mundo quem se ame tanto como nós nos amamaos.
Eu sou plenamente feliz, não quero mais nenhum. E tu? Dize. - Oh! tu amas-me e és feliz, bem o sei. Mas tem coragem para ser feliz, que é só o que ainda te falta: la courage du bonheur. Adeus, adeus, até amanhã? Não é verdade?

Teu para sempre"

sexta-feira, 22 de abril de 2011

língua amada

caminhar com a chuva a amar, nem sei porque costumam dizer a bater, é uma sensação maravilhosa. se eu fosse doida por gelados, mas não sou, diria ser como quando se prova um num dia de calor.

assim, digo que ela cai a amar e eu ponho a língua de fora para senti-la melhor e sabe mesmo a isso: a amor de chuva.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

paredes caiadas

do monte se fez caule:
pétalas felizes de serem sós, que roubam o sorriso das gentes e caiam as paredes, contentes.

sofás dissonantes

será que sentir remorsos é igual a sentir peidos que querem sair e depois aperta-se, aperta-se, até eles se espalharem pelo corpo todo e se deitarem por tudo o que é lado? até posso dizer que os peidos reprimidos são aqueles que se deitam nos sofás do corpo. e os peidos não gostam de sofás - gostam de correr, sonantes ou em shiu, nos prados.

(chiça-penica:. se assim é, nem faço ideia da cor e do cheiro dos sofás da alma em que os remorsos se deitam. é isso: uma alma com remorsos é uma prisão de chaise-longue.)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

atreve-te a aranhar

se tiveres coragem para tirar uma aranha da camisa de um estranho, tens coragem para tudo.

(é que o sentimento de crise faz aumentar os pensamentos supersticiosos e corres o risco, sério, desse estranho chamar a polícia por lhe teres roubado a carteira)

vermelho-gloss

é o vermelho vivo do sangue que desce para grudar as cuecas das mulheres que grita bem alto bom dia.
víspere, dizem muitas, talvez por ser podre e escuro.

vem, faço-te uma festa, meu sangue gloss, digo eu.

(se eu penso tu também mereces)

rio: só(r)rir

ris. por que te ris homem?
ris. por que te ris gaivota?
(rir pelo tudo e pelo nada - por não ter de nadar - em mim. e eu sou, e porque sou só, rio.)

terça-feira, 19 de abril de 2011

o nariz e as mamas agradecem: obrigada.

já tinha saudades do sol fechado e do fresquinho roubado: os óculos de sol cansam-me e as mamas pingam-se-me todas.

mãeravilhosa

uma mãe maravilhosa dá sempre aos filhos uma parte de si.

(a alegria e a teimosia e a ineficiência e insuficiência do pâncreas)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Camélia em dança

e é um sorriso que escapa de uma alma em brasa, como se boca de criança, que em ouro se faz trança - camélia, que aos olhos me dás febre: permites-me uma dança?

sabias disto?

a expressão 'olho por olho e dente por dente' surgiu quando o povo decidiu traduzir a lei de tailão, no mais antigo sistema legal já descoberto, no código de hammurabi, cujo artigo mais emblemático refere-se à punição dos crimes graves pela aplicação da reciprocidade: o mal causado a alguém era igual ao castigo.

curiosamente, os sistemas legais foram alterando mas esta lei continua actualíssima ao nível da justiça pessoal. e é nestas e em muitas outras coisas que, cérebro em cruzamento, o meu, concluo: são tão poucas as gentes que, de facto, evoluem; o humano, que não sabe ser, esquece-se da evolução mais básica e mais importante que existe - a de si próprio. e o mundo, redondo, não passa, de isso mesmo, de um círculo gigante e viciado de maldades que geram maldades para vingarem maldades - tudo mal, tudo ao contrário. e são, curiosamente, os elos mais fortes - os que contrariam o círculo vicioso - que são tidos (e punidos) como os mais fracos. e isto, simplesmente, porque contrariam a corrente ao exaltarem as coisas simples e básicas. e é tão simples de perceber - e é tão complicado de fazer perceber. tão simples e tão complicado porque depende de cada um.

e tu:  não queres começar hoje a ser simplesmente simples, tailãonês? é simples: começa, simplesmente, pelo básico se não queres permanecer básico. e isto, sim, é básico.

domingo, 17 de abril de 2011

lepra, não. sarna: será sarna?

lepra não deve ser, senão já me tinha caído um pedaço. mas pouco deve faltar - se não parar de me coçar.
e se for intoxicação alimentar? não, não pode ser porque não andei por aí a pastar. e hoje não conta, fruto da morta a enterrar, porque já dura há uma semana.

(a sarna pode ser psicossomática? vou, entre uma e outra coçadela, investigar)

o funeral dos vivos mata

a morte é sempre um acontecimento grandioso para quem vai e para quem fica. quem vai, tem a oportunidade de morrenciar outras experiências: vai-se o corpo e fica-se a alma. em último caso, no caso de almas pequenitas, roubar passa a deixar de ser pecado porque a possibilidade de se ser apanhado deixa de existir. em outros casos, talvez amiúde, os mortos expostos em caixão aberto, tesos, vestidos literalmente para morrer com a roupa que lhes ficava a matar, adquirem a importância, a única - quem sabe -, de serem, por horas a fio, admirados e comentados e atencionados. arrisco dizer que morrer é subir ao palco da vida, da própria, e conseguir enfim, por fim, ouvir em primeira mão o que todos os que rodeiam pensam e dizem ou dizem o que não pensam. (é tudo à grande, tudo à grande)

para quem fica, para a grande maioria de quem fica, porque lamentavelmente as grandes fatias cabem sempre aos desvirtuados, a morte de alguém passa a ser o grande momento de glória - da Dra.Marta ou da Zefa, do Tono ou do Eng. Mascarenhas -: a de levarem a cabo todos os esforços para serem aplaudidos e ganharem, sebo nas mãos de tantos apertos, reconhecimento. e depois vem a parte em que a morte do morto vem relembrar a falta que fará a cada um e não a falta que fará enquanto gente. ou seja: a lengalenga do coitado, vai fazer-me tanta falta e agora quem me dará conselhos, quem me fará isto, quem me fará aquilo - é mesmo conversa típica dos vivos que passam a vida a encornar e, neste caso concreto, fazem do morto, à letra, o verdadeiro corno manso da vida. um morto que foi um verdadeiro vivo é um morto que merece a maior fidelidade do mundo: a fidelidade de continuar a ser, sem esforço, o amor, de corpo e alma, para a vida.

eu aviso, desde já, o mundo que quero uma festa quando morrer. podem chorar ou rir, como apetecer, a ouvir samba ou kizomba; e quero comida, muita comida da boa porque não serei, estou certa, uma morta de fome. e nada de caixões que dá-me os calores e passo-me: se querem adorar o meu corpo, embalsamem-me e pendurem-me e vistam-me o vestido mais cor-de-rosa e mais decotado que eu tiver. e as garras quero-as, como sempre, pintadas e brilhantes - as das mãos e as dos pés.

(em relação à alma, não se preocupem: só precisam de masturbação na morte as almas que foram murchas na vida)

sábado, 16 de abril de 2011

seiva, lágrimas e suor


chamam-lhe água mas é seiva: reflexos dos veios do caminho;
chamam-lhe água mas são lágrimas: lustre viva do fundo sozinho;
chamam-lhe água mas é suor: líquido amniótico do prazer em amor;
água, chamam-lhe, do pé, lisa, viva: água que não é nem mais nem menos - senão vida.

cataratas de urinagara

pensar que, já em final natural da vida, toda a urina libertada, por cada gente, daria para montar uma catarata de águas mornas e em tom de chá. que imagem tão bela, de repente. bela e insólita.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

viva o Talinhos!

tenho a certezinha absoluta que Tales de Mileto havia de me abençoar: ele era o máximo e sabia, tinha a digna sabedoria, reconhecer os seus semelhantes.

(e haviamos de comemorar as conversas com cigarros gregos de mentol. que maravilha. ai que grande sorriso de narcisismo)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

liberdade: mas muita

por aí, por aqui, vou ouvindo que os cães têm de cacar acolá e sentar quando os mandam e comer fora das horas dos outros de duas patas e andar ao lado e, e, e. cadela que é cadela caca, desde que no exterior porque não é burra para cheirar o que caca, onde e quando lhe apetece; não obedece a ordens - simplesmente ouve pedidos; e come quando tem vontade e, se preciso for, em cima da mesa; e não anda com trelas nem ao lado - anda ou corre como se sentir melhor. e, no final, porque os cães são o reflexo dos donos, sim, é o chamado MKT pessoal canino, é eleita - pelo respeito que consegue dar e receber no meio de tanta liberdade - miss delícia: por quem passa ou por quem fica.

mas quem é que a quer domesticar? eu, não. e quem não estiver bem que apanhe o quinze e que vá apreciar as jaulas do canil - aqui vive-se em liberdade: mas muita.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Portugal, também Lisboa: asas e anzol


pertencem, janelas assim, às cidades das asas - cidades sem nome, ricas de céu e de sol, de onde do cume se lança o anzol. são janelas, filhas das casas amarelas, que de cima vêem o mar - Lisboa veste-lhe as penas, almas que são grandes: almas que valem por não serem pequenas.

será?

acho que estou com lepra.

terça-feira, 12 de abril de 2011

muito alto - contrabaixo

são como formiguinhas frenéticas os dedinhos deles que fazem música. e, depois, o tecto pintado e o candeeiro de cristal, como que alado. e os camarotes pequenos - que enchem os corações, dos outros, amenos, de alegria: ao contrário do coração, quente e brilhante, da tia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

tomaraquecaia para a certezaquelevanta

 uma reina sabe sempre amansar as cobras e atiçá-las até ao ponto das cobras ficarem convictas que estão a enganá-la. e depois as cobras cospem o veneno e a reina, imune às cobras, dá-lhes beijos de verdade para lhes afagar a mentira. toda a gente sabe que as cobras são a mentira pegada e as reinas a verdade sagrada.

( e hoje há concerto lindo, muito lindo: e ele merece um vestido - tomaraquecaia - cor-de-rosa-sinhã)

é ouro. é, somente, tesouro, semente.

passadeira ondulada em ouro, tesouro, onde me levas tu?
sigo-te num mar ardente, sorriso de céu contente, cegas-me de olhar nu?
ondas a passo, sem tempo nem espaço, a caminho de lá - a compasso onde se perde, perdido, o choro do sol em sentido e se ganha, bandido, o sorriso do sonho de gente, emergente, nos lábios dos olhos da mente.
é ouro. é, somente, tesouro, semente.

domingo, 10 de abril de 2011

saltar, saltar

as vulvas são vurras

os homens são mesmo engraçados: fogem, cagões, das mulheres inteligentes como do roço da pila de um paneleiro no cu: sentem que podem ser enrabados perdendo, assim, a masculinidade - e o que mais é ser homem, vão-nos mostrando eles, orgulhosos, senão foder e enrabar vulvas?

(ai que riso. não deixa de ser divertido assistir, na plateia, a filmes assim)

sábado, 9 de abril de 2011

lenteiro

a palavra do dia do priberam é lenteiro. eu havia de ser linguísta, e ser consultada nestes assuntos, e colocava como sinónimo de lenteiro vulva. depois abria, em vulva, um link onde mostrava um gráfico de queijo, de leitura fácil, afecto ao sinónimo, com uma fatia quase total.





sexta-feira, 8 de abril de 2011

cada cérebro a sua cabeça e cada cabeça a seu pescoço

já se acredita que num futuro próximo, muito próximo, faremos download, e colocaremos na internet, do nosso cérebro.

que puta de descoberta, que dizem maravilhosa, é esta? sou de recusar sair do lugar onde estou - assim como responder à questão que, talvez em breve, se seguirá: penso logo existo - mas onde?