quarta-feira, 25 de março de 2015

anos, e ânus, tric-tric

ilustrados

para sempre fica. HH


(...)Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.

sexta-feira, 20 de março de 2015

a sustentável leveza de ser feliz


e à meia luz, em uma espécie de convite ao romance, a lua decidiu envergonhar o sol que resta timidamente corado no primeiro dia da Primavera. eclipsar é preciso - diz ela. ela a natureza.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Balanço do branco na fotografia


Falar do balanço do branco na fotografia é pensar em um mundo tão vasto quanto a existência e nos paradigmas que, mudando, chegaram à nossa era – a era da fotografia digital que, indubitável e irreversivelmente ampliou o domínio da fotografia.

Nas fotografias andamos à procura da emoção e da animosidade. Curiosamente, há uma trilogia imprescindível nas fotografias desde sempre. Há o assunto, há o interessado no assunto e depois os olhos sobre a mistura do assunto com o interesse: uma significância repleta de branco. E de preto. Bem doseados.

A fotografia nasceu a preto e branco, não esqueçamos, e terá sido, neste contexto de mudança que se aperfeiçoaram técnicas e tecnologias que minimizaram custos, reduziram etapas, aceleraram processos e facilitaram tanto a manipulação como o armazenamento e a reconstrução das imagens. Tudo envolto em um silêncio que fala, que conta, que comunica e que estabelece a ponte da memória com a emoção.

Preto sobre branco – assim tudo começou antes das tonalidades actuais que nos oferecem as imagens coloridas da realidade. Mas terá a fotografia colorida o mesmo alcance dinâmico do que as pioneiras a preto e branco?

Balanço do branco na fotografia, uma questão de caça aos detalhes

Uma câmara fotográfica, todos o sabemos de uma forma mais ou menos leiga, capta uma faixa de luminância que mais não é do que o tal alcance dinâmico. O ideal será, pois, agarrar os detalhes e as subtilezas do ambiente que se pretende captar doseando o preto e o branco. Acabamos, mesmo agora, caso não tenha dado por isso, de dar a definição de uma boa câmara fotográfica e também do que será tirar uma boa fotografia…

Tudo se resume, bem visto, à utilização da luz e da sombra – uma espécie de filigrana – que se reflecte, pelo olhar, nos olhos. E independentemente da tecnologia utilizada quer nas mais recentes fotografias coloridas, quer nas tradicionais e apaixonantes a preto e branco será o alcance dinâmico que permite criar – e recriar – os mais artísticos efeitos estéticos que passam, agora já não temos dúvidas, pelo balanço também do branco na fotografia. Porque o branco faz toda a diferença.

Uma dose certa de branco na memória: não, não há paradoxo

São as fotografias que tantas vezes nos aquecem a memória – trazem-nos tanto os presentes como os ausentes. Com as fotografias perpetuamos instantes sempre com a dose certa de branco, e de preto, para que não escapem nem os detalhes nem a proximidade que queremos manter e conservar.


Há uma espécie de prolongamento da vida na imagem que queremos ver a ficar. Sublimada. E a imagem que fica, a memória, liga o presente ao passado e ao futuro. Nada fica em branco quando o balanço do branco na fotografia é o ideal: não há paradoxo, portanto, naquele salto que é o momento em que a realidade é captada e o presente de contemplação da imagem, aquela maravilha – espécie de milagre - de unir o antes com o agora e o depois com a dose certa de prazer. E de branco.


Bela Paisagem de Branco Caiada: Expedições ao Árctico

Bela Paisagem de Branco Caiada: Expedições ao Árctico

domingo, 15 de fevereiro de 2015

há coisas do caraças. se olharmos para o ponto vermelho que está no nariz da rapariga durante meio minuto e logo de seguida olharmos para um tecto ou uma parede branca - conseguimos vê-la na perfeição e a cores. ah!


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

então, byte byte coração

ja não está a escaldar, porque tem uns dias, mas quentinha fica sempre que sai. e depois é ver, entre tanta paisagem, como bytar é fazer bater o coração pela arte criativa - uma forma de mostrar o amor. o amor pela arte.
não sermos entendidos naquilo que é a nossa mais fiel forma de vermos, pensarmos e sentirmos o mundo é das piores fatalidades que existe. porque é como se não existíssemos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

em uma ilha absolutamente deserta, antes a internet era uma espécie de fogueira onde sozinha me sentava a contar os sonhos. agora já nem isso é.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

parei a riso, montes de riso, quando a escrever sobre luas-de-mel dei por mim a ter um monólogo completamente reaccionário. a conversa já ia na invenção do mercado, completamente o contrário de onde terá surgido o cliché, sim porque a lua-de-mel é um cliché, debaixo das luas no mês e a beber mel era como ficavam os casais recém casados e escondidinhos do mundo na Roma Antiga. e eu acredito muito em luas-de-mel, ai se acredito!, mas a tempo inteiro sem que a inteirice não exclua o fel e com ele saiba bem estar.

e depois do riso, ora assim a agência de viagem em vez de vender viagens passaria a vender a ideia de antítese, pensei seriamente no quanto um bom copywriter tem também de ser um bom actor de ideias. e lá fiz um texto coberto de luas e de mel, à moda antiga romana, porém com uma nuance completamente actual: um destino que, fora da Europa, talvez seja um bom local para fazer crescer a família. uma pitada de emigração misturada com lua de mel será uma inovação regada a doce. falar de falsos casais e de falsos tesões e de falsas sociedades é que não podia ser...porque o que faz vender viagens é, não a realidade lunar, a ilusão.


sábado, 31 de janeiro de 2015

pensando bem é mesmo isto que saiu da boca do coração: os pêlos púbicos são os aperaltes das claves de sol dos homens e das mulheres. vivam os pêlos púbicos!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

sábado, 24 de janeiro de 2015

por extenso, em rendinhas nos olhos, o intenso




isto é literalmente a lógica da batata - e da contraproducência. é uma dica de sobrevivência que dá vontade de rir: o rapaz leva uma batata e um ovo para o monte mas esquece-se do tacho e, ainda assim, acha que mata a fome com o truque depois de demorar, entre os preparos e a confecção da delícia minguada, mais de meia hora.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

delícia
tem cheiro de cabelos ao vento e sabe a relva com chuva
chamem-me desmancha-prazeres, sim, que eu não me importo: isto desarmoniza-me e faz-me irritação pelo deserto de emoções que  me faz sentir.

sábado, 17 de janeiro de 2015

ai o sono!

shoular

hoje lembrei-me da Shou, uma colega de escola dos anos noventa. sempre pensei que a Shou um dia seria realizadora de cinema, não pelas narrativas em si que escrevia mas porque eram altamente visuais. porém, entediavam-me: o seu erotismo, pornográfico de tão visual, ia sempre dar a uma trancada encostada à parede de um beco sem saída. a Shou chinesa era filha de chineses que tinham, na altura, um restaurante em Passos Manuel bem próximo da escola onde estudávamos. e enquanto outras se derretiam nas fantasias que a Shou lia em alta voz eu preferia sempre escapar-me para a cozinha do restaurante - ia atrás dos bastidores daquele cheiro que me perturbava tanto mal entrávamos durante as pausas mais longas das aulas. a Shou tinha uma irmã pequena muito interessante: não só tinha os olhos em bico como os usava em bicos de curiosidade perante as bonecas que fazia questão de banhar na pia da louça que ia chegando das mesas. um verdadeiro nojo em que a gordura dos pratos se misturava com as cabeleiras das barbies e com as mãos da Shouzinha. e é Shouzinha porque não me lembro do nome dela - nem do nome dela, nem de matrículas de automóveis nem de números de telefone e nem dos autores dos livros que já li.

e hoje lembrei-me da Shou, do que será feito da Shou, porque de manhã cedo, não sei como nem porquê, entrou-me pelo nariz o cheiro perturbador do restaurante dela. de qualquer forma foi bom lembrar.

amorer


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

porquê resistir aos olhos se a chuva é, lágrimas felizes, inequívoca aos molhos?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

donnez moi du feu

john koch




está explicada a minha falta de sucesso


tendências sexuais para 2015? mas o que é isto? então o tesão pelo outro, ou por si mesmo, tesão à séria que pouco ou nada tem que ver com artifícios ou meros estados de espírito ou de biologia, não tem de ser absolutamente natural e espontâneo? há coisa mais ecológica do que isso?

é por isso que o mundo é um caos: a energia sexual, poderosíssima e importantíssima, marada anda por aí à solta e em cruzamento...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015


que palavra tão especial descobri!. é a fonética que a faz especial. repara bem: o cri, em alta voz, exige um movimento de língua invulgar - uma especificidade álacre.
comecei a ouvir a melodia só por causa destas palavras: e se amor não é amar?. depois, quando chegou a vez da voz, fiquei com ganas de aliviar a tripa. também acontece.
cada vez há mais coisas que não entendo, que não sei. ao mesmo tempo, cada vez sou menos aflita - não por querer saber - por não saber porque não entendo e porque não sei. será coisa da meia idade. bem visto, e se viver até aos oitenta, apesar de ter sempre a sensação de que o mundo precisa tanto de mim que vou viver sem rugas até aos cento e vinte anos, já estou na meia idade. não sei bem se agora o tempo passa mais a correr ou se aumentou a minha vontade de vê-lo passar - até porque só quero mesmo, sempre quis, o tempo de ficar.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

quem me dá este castelo
p'ra eu por fora me isolar?-já que por dentro
, no jardim,
não faltam flores. cheirar



quando fazemos muitas perguntas quase ninguém gosta. principalmente no mundo do trabalho.querer saber parece querer significar remar contra a maré. mas a questão reside mesmo aí: o mar é uma imensidão de correntes e de inconstâncias e de ondas ora revoltas em orquestra ora mansas de pifarinho. gostar mesmo, as gentes, gostam de águas paradas: ainda não descobriram, nem descobrem - a personalidade quieta não lhes permite -, que no fundo do rio tudo se faz lodo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

outra vez: apetece


cão, festas e poios

mais feminina ela não pode ser. o olhar é tremendamente meigo, os cabelos são longos e morenos, abana constantemente o rabo farto e quando vê um poio ao longe dá-me imediata indicação para atravessarmos para o outro lado da rua. ademais, usa um corpete às bolinhas com uma fita, bem à moda da eternidade, lilás. então por que caralhos é que algumas pessoas, quando por nós passam, perguntam se podem fazer festas ao cão? ora apanham logo com um não, que é menina e que só gosta de carícias.

domingo, 4 de janeiro de 2015

ser católico


parece-me excelente o serviço público que o Rui Dinis apresenta há mais de uma década. tenho, no entanto, uma coisa a dizer: não fazendo ideia da quantidade de música feita em Portugal e por Portugueses, desconhecia igualmente que na sua grande maioria é ausente de portugalidade. é como se a música feita em Portugal fosse, e é, com as devidas excepções, uma espécie de estrangeirismo.

mas retiro-lhe, obviamente, a esta constatação, a densidade. porque o que importa é a música, essa energia cheiinha de leveza sem fronteiras.

sábado, 3 de janeiro de 2015


ah! eu digo isto, uma questão de estado de espírito do ADN, desde que me lembro de começar a pensar! é desta que jogo no euromilhões e me salvo! vou já celebrar o acaso da vida e da morte:


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ah! esta jobóia é fixe!
que cultura individual é esta de uma mulher que se permite engravidar e abandonar a sua cria, ainda com o cordão umbilical pendurado, na rua? que cultura colectiva é esta que permite que o sexo, prazer é com certeza outra coisa que não tem que ver com impulsos biológicos, se sobreponha a tudo o resto? na maioria das vezes o aborto aparece como a alternativa perfeita. em outras, o abandono de uma parte de si mesmas transforma estas mulheres - em ambos os casos por uma irracionalidade fodida - em monstros e as crias, ou projectos de crias, em vítimas vitalícias ou vítimas por viver. esta é uma tristeza atemporal mais moderna do que nunca. o tempo passa e o Homem não avança: regride naquilo que é essencial. que vergonha.

o amor e outros azares, ai que bom!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

amor de porcelana. também. e duquesa fresquinha.

detestei. em vez de sair relaxada e tranquila, a irritação e a vontade de partir tudo vingou. se me aparece outra vez à frente, desisto. porque desistir também pode ser escolher o melhor. que vá berrar e perguntar coisas óbvias, durante uma aula, à conicha que a pariu.




segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

podem acreditar aqui na Olindinha: um sumo da mistura de quiuí com dióspiro fica excelente. fica polposo e pouco doce.

sábado, 27 de dezembro de 2014

que escândalo! no dia em que deixar de me escandalizar, e revoltar, perante situações de pura miséria humana - a da exploração profissional - é porque já não estarei em mim.

que me cortem os pés, as pernas
o horizonte, o olhar
esganem-me os quereres
sufoquem-me as ganas
dilacerem-me os tons de sim pintados
nãos bordados
mas não, não me matam a voz
nem me fazem calar a timbre justo.
nem isso nem atirar, aos tiranos, cuspo


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

queridos leitores

ontem andei mais de uma hora com a ponta do nariz borrada de chocolate quente que entretanto secou. pensariam, os transeuntes, com certeza, tratar-se de merda. isto porque ninguém teve a coragem de me avisar. isto trouxe-me riso, muito, mas também reflexão.

o que vos quero deixar aqui e agora, como sempre, é um pedacinho - mas apenas um pedacinho porque preciso dela toda para continuar - da minha esperança para um mundo melhor com melhores pessoas. e não será por acaso que o pai natal, que não deve ter as tensões a dezoito porque não se cansa, é gordo: a esperança ocupa espaço.


foi em novembro

grelos e outros
dracular
piratar
magia disney
democracia sensual

Brasilidade, Shakespeare,

tecnologia