quinta-feira, 8 de junho de 2023

 de manhã cedo o livro chegou, a campainha tocou, fui à varanda e pedi ao rapaz que me atirasse a caixinha, assim foi mais rápido para ele e para mim que não tive de vestir alguma coisa por cima da dorminhoca de cetim para ir à porta - e nem ele se aborreceu porque sorriu e piscou-me o olho agradecido. mas ainda só li cerca de quatro mãos cheias de páginas, ando atrofiadita dos olhos, trabalho com umas lâmpadas fortes por cima de mim e longe da janela, de maneira que se não fossem aqueles dias em que ando na rua e fujo, se calhar já estaria meia cegueta, digo eu. quando lá estou e vou lá fora algumas vezes também tenho de ter uma paciência de jó, não há quem passe que não meta conversa comigo a contar-me as arreliações e fico a ouvir até chegar áquele ponto em que tenho mesmo de lhes cortar a letra e dizer agora tenho de subir, desejo-lhe boa sorte. mas como comecei por dizer, já li um pedacinho e estou a gostar bastante - são muitas as palavras velhinhas e sorrio quando, por entre umas e outras, parece que estou a ouvir a dona Natércia a falar. tem razão o meu Viço quando diz que os balastreiros andam na moda do tássebem, quer dizer, ele não diz assim, isto sou eu a traduzir à minha moda. muitas pessoas são estranhamente muito iguais e copiosamente muito imitativas. cansativas, portanto.

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