domingo, 12 de junho de 2022

hoje não me apetece título

e passam-me mil e uma coisas pela cabeça enquanto preparo os filetes, digo filetes como poderia dizer a carne assada ou a feijoada ou  a salada russa, como estava a dizer, fiz dos filetes a minha eleição, aquele carinho com que os escolho e parto aos rectângulos e depois meto-lhes sal e muito limão, ficam a descansar, já se sabe, sabem que servem para me agradar, e depois seco-os, ficam enxutos, e faço-os rolar na farinha milha amarelinha, parece que chegaram à areia fina e dourada, para logo a seguir conhecerem o sol dos ovos batidos, enrolam-se ali nos dois, bem à minha frente, enquanto o óleo fica quente e vão a mergulhar, vira para cá, vira para lá, dançam na espuma do ovo que se solta, talvez sejam as borbulhas de satisfação, até com jeitinho eu os apanhar e metê-los na bonita travessa, à espreita, decorados com a verde salsinha e em rodelas o limão e a laranja, contrastes que casam bem.

como estava a dizer, enquanto os sabores se enrolam, passa-me mil e uma coisas pela cabeça: penso no que no dia de ontem me ficou e no que hoje me traz e penso também no que não penso quando penso no que estará por vir. porque o futuro não existe e o passado só já existiu, putinha que o pariu, pimenta na língua para si, refila-me o filete com esgar de bacalhau com todos. o que me importa pensar é no presente, o hoje com nome de prenda por motivo sábio e professor: o presente é o dia a acordar com o filete fresquinho a que tenho de dar, com tudo o que me faz ser, cor e sabor.

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