sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

espectáculo

através daqui.

foi-se-me

como dizer a uma amiga que escreve imundamente mal e que um trabalho académico tem regras, principalmente as do bom senso de não copiar brasileiradas como suas, que as ideias pouco valem quando não se conseguem expressar - o que denota um pensamento fraquinho - e que sinto uma grande, imensa, vergonha de coisas assim? 

pois. não se diz. faz-se a revisão do texto por amizade pura já que o interesse foi-se-me logo na primeira página, referindo-se apenas que estava tudo muito confuso; elogia-se o que há para ser elogiado, talvez a escolha da fotografia de capa, e pronto. entretanto preocupa-me as notas altíssimas que os professores lhe têm atribuído, tratando-se de estudos superiores pós-graduados. enfim.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

insista-se


está decretado

uma rainha, que sempre viveu como plebeia, um dia acorda a pensar: que se acabem os vampiros do meu reino!, faça-se justiça ao meu esplendor! e tranquila, plebeiando, segue com a coroa única do fulgor.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

versus

amiúde ouve-se tanto da ignorância do positivismo a passar por positividade quando tantas vezes é o segundo conceito que nega redondamente o primeiro: ser-se positivo quando todas as variáveis da vida estão completamente no chão é conseguir ser um positivista do carago – basta para isso negar a realidade experimental. 

domingo, 26 de janeiro de 2014

boato selfie

um boato pode ser bastante útil: lança-se a posta escolhendo-se a quem a posta é lançada e depois fica-se a aguardar que a confirmação chegue. depois compara-se e conclui-se. sim, o boato pode ser útil desde que não prejudique ninguém. para isso a posta lançada tem de ter que ver com quem, protegido na sua falsa mentira, lança a posta. para a maldade usa-se a inteligência.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

não quero perder esta tragédia cheiinha de diversão


cerrado permanece o nevoeiro

cerrado permanece o nevoeiro
na vida dos olhos do leme
é um navio a vapor movendo-se
por tudo o que ainda teme
régua e esquadro a jeito
esquissos rectos em rigor
que é isso! milheiro de d'espanto
de rosas frescas quebranto?
por onde vão passando pés
vestidos em nuvens de lã
que é isso! esculpido de prova
de que a poesia é manhã?
e é fio abolado ao dedo
que de s'enrolar se solta
que é isso! lousa bordada
de gizar que se perde e encontra?

cerrado permanece o nevoeiro
(shiuuuu)

domingo, 19 de janeiro de 2014

sábado, 18 de janeiro de 2014

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

espanta espíritos pobres

lava bem essas couves, não vá aparecer alguma lagarta e nem quero imaginar o nojo se calho de ter uma na boca. não tens nojo?

nojo tenho, claro, mas das bocas que já lamberam um rol de pilas diferentes. já as lagartas são muito bem vindas.

imbecilidade paternal da semana

não gosto deste peixe porque tem espinhas.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

quando o ego supera a arte

há crueldade e não beleza.
por favor: tua por tu ainda és nova (21ª linha); está por estás a perguntar-te a ti própria (24ª linha).

olá menina!

curiosamente passa sempre naquela hora em que ando a pastar a deusa peluda: quando para baixo, vício a ougar, vai a ressacar e quando para cima, já saciado, vai a alucinar. na voz, carrega sempre um olá menina e um acenar de braço simpático - isso não muda. pela tez na pele e na língua é cigano, as palavras saem-lhe cantadas e sorridentes apesar da idade. sempre a passos largos, passa a cantarolar o que não percebo e só interrompe a alegria para o olá menina. gostava de lhe conhecer a história. certa vez, há muitos anos quando já morei aqui, havia um mendigo que tocava na minha porta a pedir dinheiro e a minha resposta era sempre a mesma: leite ou arroz ou massa. um dia disse-lhe para entrar e sentar no sofá para lhe saber da história mas o meu pai chegou e ralhou tanto que ainda hoje os meus ouvidos sangram. e é por isso que agora, com o cigano barbudo e drogado, saber de histórias de gente perdida no mundo aqui em casa está fora de questão. pode ser que um dia os passos lhe abrandem.

The History of Philosophy, in Superhero Comics


domingo, 12 de janeiro de 2014

comunicar precisa-se

Cafe Babel

(aqui na gaveta do lado, cómoda branca e lascada, tem máscaras para colocarem, por favor, antes de ler)

não tenho dúvidas: estar, e não ser, no ser não se pode deixar que caibam os rótulos que a sociedade inventa, desempregado é uma doença - não para todos os que estão por conta de ser precisa muita força e desenvoltura física e sobretudo mental para gerir o estado - para a sociedade. e uma doença contagiosa, da qual não se querem aproximar ou recomendar relações próximas. o desempregado ora é um inútil ora é um condenado à subserviência tamanha a quantidade de direitos que perde e deveres que adquire. o desempregado é uma espécie de persona non grata a quem se fecham todas as portas precisamente por já se encontrar do lado de fora. o desempregado é aquele a quem tem de se, não humildar, humilhar. e o desemprego é a variável mais frágil para a estatística de uma sociedade justa. porque injusta.

mas o desemprego também tem um aspecto muito positivo: permite-nos aferir com minúcia quem exactamente se está a merdar para nós - coisa que muitas vezes nem durante uma vida inteira sabemos. o desemprego é amigo das descobertas. ah! por uma vertente mais espiritual da coisa diria que é uma experiência absolutamente positiva de tão negativa - isto se o desempregado ainda conseguir fazer reflexões e paralelismos durante o seu dia vazio de ganhos e proveitos, claro. ser desempregado é, vivendo no tempo que só passa, não viver. e quem for desempregado crente, bem crente, há-de acordar e dizer: este é o meu dia sem alegria porque Deus não quer. bem visto, o desemprego é uma lâmina para os movimentos religiosos. já para o governo que não travou, nem trava, o surto da doença o desemprego pode ser uma mais-valia: quando se dá fome aos animais eles respondem, em uma primeira fase, com raiva. mas a pouco e pouco, a desnutrição começa a passar da carne para o intelecto e o desempregado acabará por se render àquele que pode alimentá-lo - e passa a apoiá-lo. creio ser essa a condição das massas por cá: a fome e a enfermidade física e mental, sequestro em gerúndio, apoiam a psicopatia do governo. é a síndrome de estocolmo.


sábado, 11 de janeiro de 2014

melhor

o homem que uma mulher inteligente escolhe é, por fazer o mundo dela incomparavelmente melhor, o melhor do mundo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

as rosas e o seu perfume são engano?

quando se vive como se alguém não existisse, quando perante alguém se finge que esse alguém é ninguém, é-se (mais) feliz?


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

necessidades vitais

nunca tinha levado isto muito a sério. quero dizer, como mulher, que desvalorizei sempre essa natureza do macho. talvez achasse piada a essa espécie de capricho masculino chamado de necessidade. até ver isto. é biológico e é verdade, a pontos de haver serviço de ejaculação assistida. não me choca o serviço - tampouco a necessidade; choca-me antes a existência de doenças que inibam um homem, porque é de homens que quero falar e da necessidade sexual absolutamente vital, estou convencidíssima, de se tocar. nunca pensei que um homem pudesse vir e ficar nem que uma mulher pudesse ir e regressar assim desta forma. mas também penso que só um homem para precisar disto e só uma mulher para conseguir dar-lhe. os homens precisam das mulheres para serem homens e as mulheres precisam dos homens para serem mais mulheres. fiquei triste, porém uma tristeza feliz como a música abaixo me sugere: afinal ele sentiu-se homem e ela ainda mais mulher naquilo que ser mulher é condição: na dádiva.


vale a pena ver


isto

sem fama e sem dinheiro só os animais, os outros, a amam.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

certos

em uma coisa os berros do meu pai estão certos: não tenho talento para negócios, nunca tive, não tenho astúcia para enganos e também não tenho queda para plantar e fazer multiplicar dinheiro - sou um péssimo negócio. uma falhada assumida.

olhem só para o talento cabeludo

deste moço. (e, é certo, só quem tem talento é capaz de ver talento nos outros)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Emerald Web- Flight Of The Raven 1979 Trippy Synth Acid Folk


nunca desejei tanto a morte a um morto

tanta gente a passar mal neste país, tanta miséria humana e social e moral, e há mobilização total por um morto - uma pantera da bola passada. por falar nisso, também morreram trinta e nove baleias e quase ninguém deve ter dado por isso.

maravilha


esta maravilha serve a todos:  tanto a quem ama a culinária e quer aperfeiçoá-la como a quem a odeia e também a todos os que um dia podem precisar dela por falta de quem lhes faça tudo. ou até mesmo serve para os que são convictos na certeza de que trabalhos manuais só aqueles executados, carne na carne, em si mesmos.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014



pode ser

em Portugal, 2013, a palavra mais pesquisada no dicionário Priberam foi poder. vai-se lá saber o que se passa na cabeça do mundo. se por um lado, como diz a notícia, a pesquisa pode servir para descobrir o significado - por outro também para verificar como se escrevem as palavras. ora poder, quer como verbo quer como substantivo, é capaz de ser uma palavra complicada. tal como bunda-mole ou anão, por exemplo. uma coisa é possível concluir: quem fez estas pesquisas foram, respectivamente, incapazes, cus duros (não confundir com kuduro que esse aprecia mais trabalhar com a anca do que com o computador) e gente de estatura regular. pode ser.


o que é certo

a ocasião faz o ladrão. isso. e tanto é ladrão o que rouba como o que deixa roubar. pára tudo. 

é um campo imenso, enorme, recheado de grelos e couves tão verdes como uma safira por inventar. e é um campo tão farto como desprotegido. a meio, o tal carreiro por onde sabe tão bem às galochas calcarem as poças e às ervas receberem com forte aplauso as águas e as merendas dos cães. mas há quem queira usar o carreiro, em todo o lado há gente que só quer usar em abuso, para aceder ao verde e usurpá-lo em sacos grandes e resistentes perante tão grande céu. agora quase que dizia que sou o céu. mas não, quando muito serei um céu, sim eu sei que céu da boca somos todos e toucinho do céu só de vez em quando, um céu sem ser pedaço. as couves e os grelos, ah!, essas pequenas grandes maravilhas que vitaminam e também fazem a tripa dobrar!, estavam a ser fisgadas de uma assentada. mas roubar para comer não será pecado, ouvi-me; mas pedir para levar para comer é que é correcto, mais vozes. decidi repousar, tal e qual como faz o céu, pelo menos nunca o vi a correr a não ser para mudar de cor, e aguardar que alguma sensatez descesse pelos canais que ligam o céu à terra, a razão à sensibilidade pela intuição, e sete casas abaixo das safiras por inventar lá estavam eles a violarem a laranjeira da casa azul e de portões acabados de abraçar. a adulta, suponho que seria a mãe, a péssima e desmerecida mãe, ser mãe é proteger, carregou a mercadoria enquanto mostrava às crias como procederem no assalto. esgar de vergonha, o meu - sempre o meu -, perguntei apenas se aquela era a casa deles e se achavam agradável chegarem à sua e terem sido roubados. mas são apenas laranjas e aqui não mora ninguém. percebi ser prática habitual e despudorada, uma miséria de ser. revolta no auge, a minha, porque ninguém desvaloriza laranjas e couves e grelos à minha frente, arregalei os olhos e ordenei que saíssem e não voltassem. e num ápice fui avisar os lavradores dos ladrões que andavam à solta. tudo se resolveu por ter a certeza de que fiz o que é certo. o que é certo para mim.