como eu queria dizer-lhe, ouve, eu estrangulo o medo por ti, confia em mim, deixa-me mostrar-te o caminho, deixa-me tirar-te desse castigo, dói em mim a tua dor, a minha fantasia és tu. depois choro até o meu ventre ficar dorido, dilacerado, rompido. depois penso que um dia posso ficar sem lágrimas, um deserto nos meus olhos, porque também elas fugirão de mim, filinha indiana de mansinho, a acenarem-me com carrancas. depois volto a elas, às lágrimas, e faço-as prometerem-me que nunca me abandonarão, preciso delas para converter os males em tristeza e acalmar. e dizia-lhe, vezes sem conta, quero-te bem, tão bem, tão tão bem, meu bem, meu Ramor. e mete a fotografia dos olhos a ficarem verdes e os lábios a sorrirem para mim. os lábios e os olhos só para mim. não metas, penso, deixa-me vê-los e lambê-los.
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