gostei dele, confesso que só percebi ser um homem quando se referiu à sua mulher como patroa, nunca o tinha visto aqui na rua. pudera!, acabou por me dizer que está há quarenta anos em França e que já chegou para o Natal. o Natal chega cedo, traz as pessoas de volta à terra, junta-as à família sempre ausente e arreganha-lhes o gosto pelos doces e pela mesa farta. mas eu gostei dele foi por conta do orgulho e do brilho que me mandou contra a cara quando disse que morava na casa da pereira, aquela árvore que dá pêras, sabe?, que era o dono da pereira e que na casa da França, que é grande e com quintal, não tem pereiras sendo esta a casa da pereira a sua casa. falar de uma pereira como algo valioso é motivo para ser gostável. e já combinamos: vamos ver-nos na rua até final de Dezembro. mas com um casaco mais quentinho e um gorro nos cabelos branquinhos Senhor, não Pereira, da pereira - pedi-lhe.
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