decidiram entronizar um padre confrade de honra por ter contribuído durante quarenta anos para a divulgação das papas de sarrabulho e dos rojões de uma freguesia, a par dos trabalhos na paróquia. há mais de trinta anos, este mesmo padre, recusou-se a fazer o funeral de uma mulher e mãe de quatro filhos apenas porque ela não teria colocado os filhos na catequese para fazerem a comunhão com as lengalengas da igreja católica - não teve, portanto, papas na língua e manteve o rojão, o dele, bem sectário e desumano. a história, com um jeitinho, vai acabar assim: o padre, agora ainda mais podre das ideias por conta de a podridão do corpo ser bem solidária, ao ser aclamado confrade vai comer uma tigela de papas e arrotar de satisfação azeda. após um quarto de hora, sensação de vazio no estomago, sangue do porco a obstruir-lhe a vida, mete um rojãozinho na boca de lavagem e a justiça divina acontece: nem para dentro nem para fora, olhos arregalados de pânico, no meio da festa quando estão todos a olhar para o prato, esgar de aflito, nem sequer consegue bramir e só dão conta dele quando os resquícios finos da flatulência instalada, janelas que se fecham pela chuva grossa, dobrarem o ar. se houver justiça divina é isso que vai acontecer: padre confrade de honra bate a caçoleta empapado e enrojoado da goela até ao fundo. no fundo, aleluia!, foi uma morte cheia de abundância - dirão -, uma honra.
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