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quarta-feira, 2 de maio de 2012

olhir

ver um pássaro voar é tal e qual sentir uma lágrima cair: é tanta, tanta, beleza que vês - como quando cai uma, miss transparente, delicada, vê(e)m-se logo duas ou três.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

(cavalo alado)

invento o mercado do ar
da minudência
onde a beleza que carrego nos olhos apregoa alto, bem alto, em voz já rouca e desafinada
que o ar da minha barraca é o melhor da temporada.
e do particular para o geral o ar emudece
esgazeado e cansado
não querendo ser, de minúcia,um burro
depois de saber o sabor do que é ser um cavalo.
(um cavalo alado)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

mamas em arrebol

quais maminhas despidas ao sol, qual quê, luz fugaz e passageira: mamas em arrebol, grandeza que manda no céu, não pode ser de outra maneira.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

haver

como é sábio o que diz, ser da terra aprendiz, quem precisa de cidade?, se é por entre as relvas de lã que se escondem os ecos de há.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

sebastiança

percebo agora porquê que é verde a esperança: nasce firme nos montes, bravia, e existe desde então - por entre névoas de vida, gotas molhadas de quereres, a aguardar sebastião.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

luxam-me, não me lixem, não os luchem


vestem roupa de gala, os montes, sem esperar a noite - não são como as gentes, não me lixem, não são como as gentes, luxam-me de beleza, que lucham a natureza.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

sem lamento





são cimentos crescidos de sonhos ou sonhos que em cimento ficam, mas são - são passados presentes de gentes,
são luzes com gentes por dentro: são vida a querer viver
sem vidas que trazem lamento.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ao sol


ando aqui a pensar ao sol
que se fosse uma flor
queria ser um bem-me-quer
para decidir os dedos teus
sempre que me despisses as pétalas

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

jantarar



coisa bonita de se ver, sabedoria apertadinha por crescer reunida na sala p’ra jantar: hoje há sopa de letras, ralada por canetas – a aguardar mastigar o pensar.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

mudidão


ouve-se, diz-se, solidão - dos espaços abertos do tudo, por onde escapam os tesouros do tempo. que é mudo.



sábado, 22 de outubro de 2011

nubleza



cantos espessos de vida, na vida encontrados, embelezados de nu –
crescem para cima, para baixo, para os lados; crescem de frente nas traseiras dos dias,
como encantos, melodias, fazem sombras desensombradas e sadias
 em cantos embelezados de nu:
(como não vês o que vejo eu, tu?)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

camas do povo




sua flor, que é minha e tua
jardins nossos, garridos, lavados e com cheiro a novo
tesouro, aos olhos, maior não há
e eu, rainha decreto
os lençóis de papoilas as camas do povo!