tela cinzenta de olhar, não é, oásis sem dissipação - são assim os encantos invisíveis, perto dos olhos, barcos em águas constantes, rios discretos de agitação, desenhos serenos. doravante.
chamam-lhe imperfeição, olhos no coração, mas eu dou um murro na mesa: de pernas para o ar, imperfeitamente perfeita, chamem-lhe como eu - chamem-lhe beleza.
parece apenas um, mas são muitos - homens por dentro do tempo: homens que choraram e que riram, saudades à soleira subiram, nas janelas com cortinas de vento.
são desertos cobertos de vida, água que sem ser bebida, descansos também do luar -são desertos de mar de gente, miragens de areia contente, entre os olhos e o horizonte: copular.
é uma língua que o lambe, olhar e não ver civilização, como se de uma boca do mar : atum a dar à costa, areias virgens, a ver navios, luz construída, ficar.
parece homem, o bicho; parece madeira, o cimento: parecem vesgos, os meus olhos - que vêm diminuição no aumento; parecem e são: bichos e madeira - moldados no torno do tempo.
apanham boleia, na embarcação da véspera do outro dia, são três, para espreitar a lua em pelota - e ver o sol corar sem timidez: a lua fica por cima, impudorada, do horizonte que o sol fez.