é universal: não se pode nem usar telemóvel nem fumar em bombas de gasolina pelo grande risco de explosão. ora eu, que não sou leiga em energias de activação nem em fontes de ignição, questiono se a energia de um telemóvel será suficiente para produzir uma explosão e vou procurar, quem procura acaba sempre por encontrar, alguma coisa e voilá: Enrique Velázquez, professor de electrónica do Departamento de Física Aplicada da Universidade de Salamanca [Espanha], concorda comigo e diz que "Um telemóvel tem uma energia muito baixa, além de produzir uma radiação electromagnética muito baixa, menos de um Watt".
são as boas e as más, as falsas e as verdadeiras, teorias que suportam as boas e as más, falsas ou verdadeiras, práticas. o que é que se costuma fazer quando está um deficiente motor, o empregado mais antigo da casa, de serviço na bomba e que esperamos cerca de meia hora em fila para sermos aviados de combustível? usa-se o telemóvel nem que seja apenas, como eu, para apagar as 543 mensagens acumuladas. na verdade, se o mito for desfeito, as empresas de telecomunicações e as gasolineiras só têm a ganhar - uma campanha de aliança faria aumentar as receitas para ambas: estás a ligar de onde querido? da bomba, estou a aguardar e a aproveitar para falar contigo. sério? isto merece uma comemoração quando chegares mais logo. e ele, entusiasmado, feliz, quando chega à sua vez de carregar, ou pedir para carregar, no pistão da gasolina ou do gasóleo, vai atestar o depósito (a satisfação antecipada do que vai acontecer acontece mesmo ali a segurar num pistão, e chamo-lhe pistão para dar ares de música, numa bomba de gasolina).
passemos agora à questão de fumar: enquanto o tal deficiente motor anda para lá e para cá, moletas raivosas, a causar filas de trinta metros para abastecer, sabe-me pela vida acender um cigarro. ou dois ou três. mas não se pode - não se pode fumar nas bombas de gasolina que são o local mais acessível para comprar cigarros. onde é que vamos comprar cigarros a esta hora? vamos à bomba. é verdade, a demência vive na lei. se por um lado eu (não) me sinto obrigada a sentir que estou a pecar por fumar dentro do meu carro quando estou, parada e ignição desligada, a aguardar o serviço - por outro devo sentir-me aliviada por finalmente renovar o meu stock de cigarros. e onde? na bomba.
é bem mais provável que o pingo doce expluda pela elevada concentração de cheiro a chulé e a sovacos aquando do milagre da promoção da carne do que um cigarro provoque explosão num posto de gasolina onde, supostamente, se as regras de segurança estão a ser cumpridas, não há perigos à espreita - assim como será mais provável que seja a energia da bateria de uma viatura qualquer a causar uma explosão. mas nessa altura a culpa será do telemóvel ou da pirisca.