amanhã tenho de ir ver e cheirar e sentir o mar para me livrar da entropia que me anda a assaltar dia para dia, invade-me a cabeça e oprime-me o coração, fico vazia, cheia de dor e de confusão, uma espécie de cola pegajosa que se gruda em mim, isto e aquilo, resolve menina, aqui e acolá, corcunda de dores as minhas costas, parece não ter fim. amanhã tens de ir ao mar, ouço-me de repente, tens de soltar as correntes fortes e opressoras nas águas do gigante mar, tirar as meias, chapinhar, sentir o vento com sal no nariz, saltar, croquetar nas areias, respirar cheia de graça, regressar. amanhã tens de regressar a ti, menina, assim não podes continuar - como se fosses uma bomba que puseram em ti para um dia rebentar.
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