sexta-feira, 31 de outubro de 2014

força de carácter
ainda sou do tempo que os homens convidavam as mulheres para jantar mas agora não é bem assim. deu a aula e fiquei para o fim, atraso a arrumar as coisas, e dei por mim na sala vazia. vazia como quem diz, só lá estava o professor, eu e o meu suor - sim, porque naquela aula suo como uma vaca deve suar quando anda aos pinchos. sorriso malandro: queres ir tomar um copo no fim de semana? expectante pela resposta que me poderia dar, uma espécie de avaliação matreira, respondo: um copo de quê? surpreendida pela resposta que me deu misturada a sorriso limpo, convenceu-me. pode ser um copo de água.

é que, bem visto, um copo de água pode sair melhor do que um jantar.

quando a chuva passa, há passeios descalços nas estrelas e desfolham-se brilhos de bem e mal me queres.
é que nem sequer vai ter hipóteses comigo já que me atacou e hostilizou só porque sou informada e preocupada: a próxima vez que me cruzar com ele em casa dele vai ficar a saber que na origem da desconcentração do filho está a sua ausência enquanto pai e enquanto marido por preferir chegar a casa às nove da noite, quanto mais tarde melhor, e ficar a ver pornografia no escritório enquanto fuma uns charros a chegar cedo e ajudar nos trabalhos de casa, nas brincadeiras e no jantar.

como é que ela se consegue deitar com alguém completamente ausente e moralista e ignorante? como é que um casamento existe sem comunicação e sem partilha do que se sente e pensa? onde é que nasce ali o tesão? não nasce: o tesão dele é o dele e o dela é o dela - nem o dele é por ela e nem o dela é por ele - e de vez em quando cruzam-no. que nojo. e depois admiram-se que os miúdos sejam, na perspectiva ignorante deles, insolentes.

já que levo sempre a fama de meter tudo a arder vou tirar o proveito. talvez aquele gajo de merda ganhe vergonha na cara e deixe de se fazer o que não é e até me agradeça por tantas vezes ser eu a fazer o papel que lhe cabe a ele. e é bom que não me provoque - ou digo-lhe sem qualquer problema que a raiva dele para mim é por nunca ter conseguido meter-me nem a pata e nem a pila em cima.



quinta-feira, 30 de outubro de 2014

o que eu sou louca por pelotazos. descobri-os em casa de uma amiga não há muito tempo. meto quatro de uma vez na boca até acabarem de vez. e depois ando com a língua a bailar nos cantos todos à procura de resquício de bom.

Gastrite não é somente Desconforto Estomacal. O que é?

Gastrite não é somente Desconforto Estomacal. O que é?

há dias, muitos dias, que começam cedo e inconsoláveis. como pode um casal novo, na casa dos quarenta anos, possuir a falta de conhecimento e de sensibilidade e a arrogância de administrar Ritalina a um pré-adolescente? como podem simplesmente acreditar, sem se informarem, que essa droga cujos princípios activos são da família da cocaína, e outras ínas, vai simplesmente oferecer ao filho um deserto de emoções saudáveis e naturais além de malefícios de saúde física enormes? como podem achar que distracção, alegria e curiosidade pelo exterior da sala de aula são doença? como podem não amar um filho com estas características querendo, à força toda, sossegá-lo, castrá-lo, inibir-lhe a curiosidade e o engenho?

estou inconsolável. não, obviamente, por tornar a ser hostilizada pela minha opinião relativamente ao crime - por ele. apenas pelo menino que durante oito horas diárias deixará de ser ele para ser outro - o outro que os pais e os professores querem: um menino sem a energia vital de se sujar e de se rir e de fazer asneiras e de não querer saber de estar fechado.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Moda das Selfies, Pornografia Aceitável na Parvolândia

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Praticar Yoga, Buscar a Harmonia do Amor. Quer Apostar?

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Vergonha Nacional: Etnia Cigana Discriminada Por Escola

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Estará a Rádio esquecida pela Ciência da Comunicação?

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Miséria: Desemprego e Falências ou o Mínimo dos Mínimos

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Indústria Têxtil Brasileira É Geradora de Emprego

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Tratamento de Águas Residuais do Café: Energia. Como?

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Lisboa a Brilhar Mais com Vera World Fine Art Festival

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Praticar Vela: Desporto, Cidadania e Humanismo Juntos

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Ar Condicionado, Aposta na Prevenção pela Limpeza

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Pulmão Negro, Preto como o Carvão das Minas, Sem Cura

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SEO em Portugal e a Estratégia dos 8 Ps do MKT Digital

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Peixes Marinhos Pelágicos: Atuns Não Param de Nadar, Yo

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Boas Práticas para Profissionais de Desenvolvimento Web

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Produção de Automóveis: O Agosto Cinzento em Portugal

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Pequenas Empresas: Força Vital da Economia na Europa?

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Cervejas Brasileiras São Leves, e Baratas, Comómilho

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Ciência Confirma: Cogumelos Mágicos Reduzem Depressão

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Formação para desempregados: o novo conceito de emprego

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OTOC defende empresas de contabilidade em Lisboa

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ontem, durante uma aula, vomitei-me toda sem motivo aparente. e acabei, mesmo agora, de descobrir porquê: não estava lá, afinal, andava por dentro de mim.
estava a pensar no quanto os pensamentos andam viciados, as ideologias andam viciadas, as relações estão viciadas - e no quanto os não viciados são hostilizados e penalizados. e completamente de repente encontro umas palavras do João Lopes que contextualizam bem aquilo em que estava a pensar sem, no entanto, ser, ou não, nunca se consegue encerrar aquilo que os outros querem dizer, o seu contexto: "(...) o facto de qualquer linguagem comunicacional nascer de um misto de transparência e ocultação, segredo e revelação. Ficamos a saber, assim, que a verdade do factor humano é feita de carne, osso e cartão(...)."
cor e alegria aos molhos
niki dos meus olhos


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

roçaram-se os dois sem esquina, a tocar sem concertina e a dançar milhão sem dó

acho imensa piada aos alérgicos ao mercado Chinês quando se espumam todos para dizer que a China tem mão de obra barata. e quê, em Portugal na actualidade a mão de obra é cara?
está explicado o recente casamento do Clooney: como seria haver um candidato a presidente solteiro e fodilhão? ora um pescado de qualidade, aos olhos do mundo, tem de ter ao lado um bacalhau bem seco. faz parte do movie, cáspite!

estás irremediavelmente apaixonada e ele trata-te como criança?

não julgues, não critiques. escreve-lhe uma carta ou diz-lhe assim escalando-lhe a orelha:

vamos, meu homor, aproveitar ao máximo essa condição. vou vestir-me, nuinha, com os teus polos e as tuas camisas grandes e rebolar-me na terra para depois me despires e me dares banhinho. esfregas-me bem o corpo tenrinho de volúpia e fazes-me espuma no cabelo em madeixas de humidade. depois passa-me creme e massaja-me o ventre com as pontas dos teus dedos sagazes até a pele absorver tanto calor. e depois, homor, deixa-me alimentar-me da tua água fresca de côco - mamar-te todo com a inocência e o arfar da primeira vez. até arrotar. mete-me os dedos na boca molhada e conta-me os dentes; faz-me cócegas nos pés e mete-os todos na boca, dedos felizes e risonhos, até te fartares. e depois, meu homor, explora comigo a fase oral e anal, brinquemos no jardim, até nos derretermos mais de saber em cada vez.

por fim, homor meu, conta-me uma história de embalar e faz conchinha comigo até a manhã chamar com talco do teu.

observação: esta é uma carta heterossexual, naturezas imensamente desiguais, de pura mulher para puro homem.

Capacidade do CLA: Células Gordas Contra Ácidos Gordos

Capacidade do CLA: Células Gordas Contra Ácidos Gordos
atrevo-me a dizer que o mistolin é um dos melhores amigos de quem poema a casa: este caralho deste produto desfaz a gordura dos sítios mais inacessíveis em segundos. e com isto faz-nos sorrir e poupar as unhinhas que são a moldura das mãos.

bem visto mistolin liga bem, pela excelência da intensidade do ritmo e da alegria, com poesia. e com kizomba.




sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Frutos e Fibras: Como Actuam no Trânsito Intestinal?

Frutos e Fibras: Como Actuam no Trânsito Intestinal?
abrem-se os olhos às três da manhã, sempre às três da manhã, desde aquele dia. faz-me o favor a noite de me acordar do pesadelo. não sei a que horas começa mas acaba sempre naquela parte em que se me abrem os olhos que me impedem de ver a bola gigante, enorme, disforme, e letal, que cospe fogo. é uma bola demolidora, destruidora, má, coisa má, coisa ruim, que dá mau sentir e mau estar e mau viver - e de quem é preciso proteger. faça-se um escudo potente para proteger - afaste-se, ataque-se - a gente!

a bola sou eu; a bola é o que fazem de mim. e por isso a noite misericordiosa me acorda e me faz sal desperto e diserto.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

hiper realismo de Robin Eley: uma hiper seca acriativa. mas, obviamente, sem retirar valor ao artista.

Regresso às Aulas: Nutrição e Atenção Pela Barriga

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ser inesperadamente sexy

Safra do Atum nos Açores Desce 50%…Mas… É Bonito!

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Lealdade e Retorno nos Negócios: O Marketing Relacional

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Sombreira. Suspiradora. Assim é Esta Música Electrónica

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Trabalho de Crianças em Minas e Pedreiras, Morte Lenta

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Quando o Progresso Traz Doença: Caso do Ar Condicionado

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Queda no Emprego Industrial do Brasil e Aposta da Apple

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Alterações Climáticas, Problema de Todos Aqui e Agora

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Grupo de Indígenas: Contacto que não Envolve Conquista

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Mais Indústria, Mais Emprego: Um Aperitivo do Governo

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Mais de 100 Inconformidades no Saneamento de Benavente

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Vetorização de Binário, Uma Simplicidade Bem Complexa

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Evitar Subir Impostos Não é Não Fazer Descer, Pois Não?

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O Campeonato de Monolugares Eléctricos É Em Fórmula E

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Flatulência: Dicas para Acabar com Excessos Incómodos

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os pesadelos servem para nos acordar em sal. porque o Homem não precisa da mantinha do amor romântico com paixão e tesão no chão: o Homem precisa de um sofá chaise long bem na assoalhada acima do sótão, onde mora o coração.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

descobri um truque fantástico. o cetim, as fitas de cetim, são imprescindíveis para acrescentar poesia a sapatos, casacos, ganchos, alfinetes e a tudo o que se quiser. mas, até hoje a meio da tarde, havia um problema - sempre contornável mas não de forma perfeita - que ficava sempre mais ou menos resolvido: as pontas. as pontas das fitas, depois de cortadas, esfiam. mas agora descobri como acabar com essa tristeza. anotem aí esta Olindice: como o material é de polyester pode chegar-se o fogo que fica tal e qual uma costura perfeitíssima. que alegria!

isto merece um mimo carregadinho de poesia até aos ovários.

Contabilidade em Lisboa: programas de facturação

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Formação para Desempregados, Qualificação Dual e Crise

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Potencialidades do Café Verde Vencem as do Café Torrado

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balões e grande depressão

domingo, 19 de outubro de 2014

a sabedoria deles é incrível. sem crescerem a ver e a ouvir a meteorologia os cães começam a arfar e as formigas a rabear: oh, não!, vem aí calor.

sábado, 18 de outubro de 2014




Azeite em Escala de Intensidades de Sabor para um Nicho


Um tipo de azeite para cada ocasião é o novo conceito, à semelhança do café, a ser introduzido por uma campanha da Gallo. Querem fazer da iguaria culinária uma espécie de Nespresso e o investimento para esta causa rondará os cinco milhões de euros só em Portugal. (Estão a querer chamar azeiteiro ao Clooney?)

Nova forma de escolher azeite durante as compras é motivo de inspiração de nova campanha com uma escala de intensidades de sabor

Uma escala de sabor e utilizações específicas, à semelhança do café Nespresso, é o grande objectivo da campanha que está a ser preparada pela Gallo do nosso azeite. Em breve as prateleiras dos supermercados e das lojinhas tradicionais deixarão uma pergunta no ar e na cabeça do consumidor já que perante a oferta passaremos a dizer, em vez do habitual que gallo!, qual gallo?.

O projecto já vem a cantar desde 2011 com o lançamento de uma nova garrafa de vidro escuro - a intenção é preservar, valorizando, a qualidade do azeite. A grande novidade, porém, tem que ver com a criação de uma escala de intensidades de sabor, a apreciar pelo rótulo, que distingue os vários tipos de azeite: quatro graus de intensidade de sabor, identificados por gotas (da meia gota às três gotas) e que distinguem os sabores extra suave, suave, clássico e reserva. A ideia, desmistifiquemos desde já, é levarmos uma de cada para casa.
Agora o investimento: são cinco milhões deles panadinhos em azeite para a campanha de intensidades de sabor só em Portugal - porque depois seguir-se-á o Brasil, a China e, talvez entre outros, Angola.

O azeite no panorama nacional do retalho: estimular o consumo, e as vendas, é mesmo preciso... mas será que este é um produto para todos os portugueses?

Não que tenham dito desta maneira, obviamente, mas a verdade é que os portugueses andam a regar o bacalhau e as batatas com óleo que nem sequer deve ser do fula. Ora isto remete-nos para a triste realidade do país: o azeite, tão tradicional por cá, está a ser descurado. Mais: o des(Governo), que é um valente azeiteiro, está a roubar o azeite da mesa dos portugueses. Adiante.
Dados da Nielson referem que as vendas de azeite no mercado retalhista estão em queda. Torna-se, por isso, urgente dinamizar e valorizar este produto tão querido dos portugueses. A grande questão que me surge é se o português actual da antiga classe média consegue levar para casa quatro intensidades e sabores em forma de azeite, o que nos remete para um mercado de nichos...

A comprovar esta minha teoria estão os números: em termos globais 100% das famílias portuguesas têm azeite em casa e 53% usam-no várias vezes por dia. Lá está, o em termos globais é uma generalização que cai na sensível metade que o utiliza...

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Suicídio na Religião Católica, Tabu em Canto de Sereia


O tabu do suicídio na religião católica é, amiúde, motivo de reflexão. Recentemente foi motivo de publicação de um livro, uma longa narrativa, uma forma de homenagear e expurgar o próprio tema, segundo a autora de Geografia Íntima do Deserto, Micheliny Verunschk.

Nossa Teresa, vida e morte da uma santa suicida, o início do fim do tabu do suicídio na religião católica

É um livro recente e fala do tabu do suicídio na religião católica. Tudo começa com a imagem de uma menina suicida que foi enterrada vestida como santa. O paradoxo da escolha de Teresa é justamente o coração desta obra que é contada por um narrador em uma intervenção constante de manipulação e ironização daquele que lê.

Micheliny já tem uma fama na poesia, um caminho até. E acaba de se estrear nas narrativas longas, optando por fazer uma abordagem que é, ao mesmo tempo, pessoal e distante. A experiência da autora com casos próximos de suicídio terá constituído também um estímulo para a realização desta obra. Como refere, "É um tema que me move e comove. Quando o meu amigo Rubens se matou eu precisei de lidar com muitos sentimentos confusos, entre eles a raiva que senti por ele ter decidido partir". "Não sei se ajudou, mas deu forma a algumas ideias".

A autora refere também que falar do tabu do suicídio dentro do universo da religião católica em particular e de uma forma geral é revolucionário já que "o ser humano afasta o papel de Deus como responsável pela sua vida (e pela sua morte) e define, ele mesmo, o ponto final".

Teresa, uma menina que aos olhos dos outros é santa, mata-se. E são reflexões atrás de reflexões sem que Teresa se transforme em um mero ensaio sobre o suicídio e sobre o tabu do suicídio na religião católica. Também não há moralismo, até porque Teresa é, de facto, uma santa - tanto aos olhos dos outros como por se ter matado.

Narrativa que puxa quem lê para outra narrativa anterior estando já na posterior: a reflexão sobre a criação de uma narrativa

Neste livro sobre o tabu do suicídio na religião católica o narrador interrompe a história para levar quem está a ler para trás, através dos tempos, até à reflexão sobre a criação de uma outra narrativa. "Tudo o que depende da linguagem se move sem que se possa determinar fielmente o seu roteiro". "Esse narrador, esse velho, descobri aos poucos. Parecia que cabia bem nele uma certa arrogância divina", refere a autora, fazendo referência a outros narradores-personagens, nomeadamente os de Machado de Assis e José Saramago.


Um livro sobre o tabu do suicídio na religião católica escrito em canto de sereia seduz. Muito. Porque até o suicídio está carregado de poesia - porque, digo eu, toda a narrativa tem poesia. E música por dentro.
lembro-me bem da primeira vez, e julgo que única, que senti inveja. estava na segunda classe e estava quase a fazer anos e a aguardar uma prenda que um dos colegas se adiantou a ter: um dicionário. na verdade eu não queria só um dicionário, queria também um mapa. mas o rapaz tinha o dicionário que eu queria, e que tive - a par do mapa -, no meu dia de anos. tinha uma lombada grossa e era rígido, de um verde daqueles arbustos das casas antigas que têm jardim e que dão sempre vontade de espetar a unha quando por eles se passa a confirmar se são vivos como parecem.

vem isto a propósito de uma vizinha que mora por cima, salvo seja, de mim. vem isto a propósito de invejas e de males maiores que desconheço sentir. o seu olhar nunca me enganou, os olhares nunca enganam, não interessa o que os outros nos dizem, o que contam, o que querem que pensemos, interessa o que observamos e o que vemos e o que sentimos.

sempre me olhou de esgelha e cumprimentava-me por suposta educação. mas intrigava-me quando fechava a porta do prédio a cada vez que me via chegar carregada com compras. mesmo quando estava a chover muito. olhava-me de esgelha quando me via a dirigir para casa e fazia questão de me fechar a porta. não sei mesmo onde terá visto uma ameaça - se me substituía o olhar doce por amargo, se me inventava dizeres ou atitudes, se me colocava nos cabelos a maldição, se me metia tentação no sorriso ou até cabronices na delicadeza de aceitar a ajuda do marido em segurar na porta para eu entrar. não sei.

mas sei que por estes dias saí bem cedo para ir a uma conferência e ela também. sei que chovia imenso e que eu entrei para o meu carro e ela seguiu a pé. sei que parei e disse-lhe para entrar. sei que a levei até ao local mais resguardado e próximo do destino dela. e sei do seu olhar envergonhado e do seu sorriso corado.

e sei que agora já não me olha de esgelha: simplesmente não me olha. porque a vergonha que deveria servir para ser melhor ainda a faz pior. porque quando esfregamos dignidade na cara dos que nos tratam como merda, a merda que são fá-los borrarem-se todos, ao invés de aproveitarem para se limpar.

Bolos, Alimentação Doce Saudável, Dispensam Gluten

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quarta-feira, 15 de outubro de 2014


O Amor do Gato que Não Tem Vertigens Só Pode Ser Velho

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Gases de Efeito de Estufa: Flatulência Letal para 2050

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Guerra de Sanções: A Putinice e os Excedentes de Maçãs

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Lanche de Bolachas de Chocolate sem Lactose: Saúde

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Novidades nos Pneus de Motociclismo Aprovadíssimas

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Subidas Salariais em 2014 para os Mais Qualificados

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Novidades Frescas e Boas: Os Novos Destinos da Ryanair

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Comércio Mundial: Projecções da OMC para 2014 e 2015

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Drenagem de Águas Residuais: Uma Urgência em Cerveira

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O Esgoto é Moda: Vícios Alimentares, Fast Food, Japão

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Origem dos Protestos dos Professores: Dois Pesos do MEC

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2014: Ano Excelente para Procurar Emprego na Droga

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Alargamento do Campo Jornalístico: Hipóteses Emergentes

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Os Estudos no Sector de Extracção Mineral Podem Salvar

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Serviços de SEO: Google Lança Inteligência Artificial

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gelo seco com quentura

sombear

A solo e com música electrónica(re)nasce Bradley Hale ou, melhor, Sombear. Bradley Hale é o baterista dos Now, Now, uma banda oriunda de Mineapolis, que decidiu finalmente lançar-se a solo como Sombear. E o resultado está bem à vista - ou em pé de orelha: "Love You in the Dark" é o álbum de estreia carregado de sombras interessantes. Nada de escuridão assustadora nesta música electrónica, garanto.

O artista diz que é um disco sombrio e introspectivo de música electrónica mas eu chamo-lhe de sombreiro e suspirador

Sombreiro e inspirador, sim, de outra forma como poderia ser, ao mesmo tempo, leve e dançável? A descoberta de uma voz por detrás de baterias é para ser mostrada porque reveladora de excelente manipulação do som quando este desliza bem organizado no tempo.
Bradley Hale refere tratar-se de um disco sombrio e introspectivo mas, no entanto, puro electro-pop dançável. Em voz de rectaguarda nos Now, Now, o artista coloca agora o seu tom falsete na dianteira em um tom equilibradíssimo que se frui com uma facilidade gostosa. E entenda-se facilidade como simplicidade e arejo.
Parece-me excelente dizer que este trabalho de música electrónica a solo foi realizado com a mesma tranquilidade, ingenuidade e diversão do Winnie the Pooh quando olha para o frasco de mel vazio, ou seja, despojado dos corredores de testosterona que - digo eu - caracterizam o desejo irracional. É, sem dúvida, e depois de ouvir o álbum na totalidade, uma espécie de samba tranquilo aplicado ao género electro-pop por se avistar uma paixão escaldante porém serena por se querer doce e sem a amargura resultante da mera pulsão. Excelente.

Porque música electrónica, contrariamente ao que se tem vindo a dizer por aí, também é música. E da boa.

Já vem de longe a validade do electro enquanto música, a polémica terá nascido em finais da década de setenta e apimentou-se na década seguinte - altura em que terão surgido inúmeros boicotes à música sintetizada. Esta polémica assenta, ou assentava, na organização do processo até ao produto final, isto é, não estará em causa a forma como se produz o som mas como este é organizado já que dispensa a mão humana através de acessórios como módulos sequenciadores e filtros moduladores dos sintetizadores.
Não tardou a que a verdade, a única, viesse a lume: os sintetizadores vieram acrescentar à música apenas uma novidade - a da programação, isto é, uma pré-configuração ao longo do tempo que permitia, igualmente, controlar uma enorme variedade de sons e de efeitos incompatível - e inatingível - apenas com a mão humana pelos instrumentos convencionais. Tratava-se, bem visto, da introdução do algoritmo matemático na música, cáspite!
Ora isto remete-nos - assim como foi remetendo, ao longo do tempo, as mentes mais fechadas - para a fonte da Leonor, a formosa e segura, a nascente criativa que nunca deixou de ser o Homem. E mesmo com os - talvez - paradoxos - não sei bem -, do sampling e da discotecagem há, sem dúvida, música por dentro e por fora da música electrónica. Comprovem.