sábado, 14 de janeiro de 2012

vivegrafar

a propósito de fotografias amadoras, ou outras, e do seu interesse, eu confesso-me completamente ignorante sobre as técnicas e apenas me concentro no resultado final. chamam a minha atenção as imagens extemporâneas, pormenores que me transportam para, quase sempre, curtas metragens com vida. há, no entanto, um estereotipo de imagens que não se me revelam interessantes, que me castram - nem chegando a haver coito e muito menos aborto - a imaginação: são as que são escolhidas e pensadas antes de serem em pose tiradas. e se eu pudesse, e porquê que não posso, mudar a designação de natureza- morta, seria assim: são os seres inanimados, gentes, que castram a imaginação - fruto de vida castrada em pose, essa sim, verdadeira vida em suspensão. são as nossas lentes, e não as do fotógrafo, que fazem a fotografia e daí o encanto, o meu, de - pensando, vendo e sentindo - escrevê-las. e porque na fotografia, para mim, cabe tudo menos o retrato: vivegrafar eu preciso.

e o que é a vida senão grafar tudo o que os olhos vêem e o que, sentindo, não vêem? isto remete-me para a extemporaneidade do que são as relações, os laços, os afectos e do sentido que lhes dou pela complementaridade - de sentidos, de pensamentos, e de convivência - que exigem para serem inteiras e felizes longas - metragens.

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