três meninas e um menino, todos com dez anos de idade, barafustam uns com os outros: elas defendem-se entre si e ele tenta defender-se delas que, aguerridas, exaltam a rudeza do rapaz que lhes oferece porrada e as insulta. pergunto-lhe se há alguma razão pertinente para o fazer. responde-me que as raparigas são burras e que o irritam. pergunto-lhe se pelas mesmas razões o faria com os seus colegas e diz-me, por saber que seria sovado, que não. pergunto-lhe se tem irmãs e como reagiria se as visse serem agredidas daquela forma - diz-me que não. sento-o no meu colo e trato-o como a um bebé que não tem consciência: envergonha-se nitidamente. depois faço com que me olhe nos olhos e volto a questioná-lo: gostavas de saber, ou de ver, que o teu pai bate na tua mãe quando simplesmente não concorda com ela ou acorda mal disposto? deita os olhos ao chão e diz-me que não. faço-o repetir que não voltará a comportar-se como um búfalo raivoso com as colegas e pede-lhes, por iniciativa própria, desculpa.
parece-me um bom começo de fim, aos dez anos, perceber o monstro que há dentro dele.
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