ai que saudades. acordei com saudades das minhas avós. a Maria Argentina, mãe do meu pai, conheci-a teria aí doze anos quando chegou do Brasil para uns dias na quinta da tia Filomena, no Douro, onde passei alguns verões. foi com ela que aprendi a fazer renda e malha e foi ela quem me deu as primeiras agulhas e os primeiros fios. em Tões, na aldeia onde se chegava em caracol depois de passar a Régua, tudo era calmo e foi lá que descobri a beleza da fonte do largo, dos tremoços secos do monte, dos passeios dos bois que madrugavam com merda colada no rabo e das gentes aperaltadas em domingo de missa. a Carolina, a avó materna, tinha-me um amor gigante: aos oito anos quando a mãe morreu e vivi com ela e com os padrinhos, os banhos que eu lhe dava eram uma festa de perguntas e de espuma. foi com ela que aprendi a fazer tranças - fascinava-me a finura e a brancura dos seus cabelos. certo dia apareceu com um presente, um dos meus preferidos até hoje, uma saia amarela que usei vezes sem conta até gastar. morreram ambas ainda eu era adolescente. ai que saudades.
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