meia noite, sono espantado, leitura, zapping por excepção. Cathouse na SIC Radical, nunca tinha ouvido nem visto nem lido, e curiosidade a mil. castings para a profissão: duras. uma delas tinha como talento conseguir enfiar uma banana inteira, esquece lá isso que podia ser das da madeira, pela garganta sem a danificar; outra transformava-se em uma boneca articulada passível de meter ao bolso; uma outra baseava-se no histerismo para se diferenciar das demais. as peças funcionam ao mesmo tempo como reportagem e reality show: depois do proceso de selecção, e instalação delas na quinta, vêem-se excertos do trabalho de cada uma com os clientes e também as experiências que fazem entre si. dizem-se viciadas em sexo mas fiquei convencida que serão viciadas em dinheiro pela forma como negoceiam cada performance. nada me chocou mas tudo me surpreendeu. surpreendeu-me a falta de intimidade, os risos encenados, os sexos sem rosto. mas o que mais me surpreendeu foi constatar que qualquer um dos homens que ali entrou - vi três peças -, como que bezerrinhos frágeis a aprenderem a andar, se rendeu perante a possibilidade de ser controlado e ainda pagar por isso. questionei-me, mesmo antes de decidir adormecer, se cada um daqueles homens alguma vez satisfez, ou tentou satisfazer, as suas vontades e fantasias com a mulher com quem dorme ou se será a adrenalina provocada pelo desconhecido, pecado implícito a ser evitado pelo afecto, que dita a procura por sexos usados e gastos como se fossem, e não são, tanques do povo que lava no rio - nada se compara ao cheiro fresco da roupa acabada, não de sujar, de lavar.
observo, em outro dia, o processo de acasalamento entre um macho e uma fêmea em plena selva e percebo tudo: é à fêmea que cabe o papel de escolher quem nela vai pousar e o homem é o único animal que, medo em punho de ser rejeitado, paga, não para pousar, ser pousado. o homem é o animal mais fraco da selva.
(às excepções, que o ser reles não é obviamente universal, aqui fica a minha admiração)