são assim os tempos de cólera onde a miséria humana verdadeiramente se despe - ou se veste de oportunismo. aqueles que terão sido os mais bordados sentimentos, vertidos em pensamentos, de amor são violados e massacrados e humilhados. o contrário também existe: também há quem use o que sente, sem ter vivido o que sente, para escrever livros de amor e assim ganhar a vida - a sua. há quem venda livros, compilação de cartas de amor, e transforme o amor em almanaque e assim perca a vida - a dele, a do amor.
e o amor, ai como é inteligente e sensível o amor!, nunca mais quererá alojar-se em quem se vende, em quem o vende. e é essa a sua justiça.
porque o amor não pode ser vendido.
porque o amor, ainda que em papel, não é de papelão ardido.