terça-feira, 26 de novembro de 2013

:-)
tanta candura na razão que fere o cego obtuso! só pode ser tua - e assim suspiram as palavras justas e certas.

a história de Melody Nelson

fiquei apaixonada

doce ilusão


do carreiro, daquele carreiro, ouvem-se ao longe os carros a passar na estrada - são tal e qual o mar quando, em dias menos revoltos, sussurrava as ondas na areia como que sempre em uma estreia de amantes panados. mas isso era dantes.

sábado, 23 de novembro de 2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

meninos homens:

toca a apalpá-los em condições...

velhos d'amar

Velhice - o que é, afinal, a velhice?-, aquele estado de caminhar sem parar mesmo quando os passos ficam mais lentos e curvados e tremidos. A velhice apresenta-se, na modernidade, como condição menor apesar de atingir a maior idade. E tem vindo a crescer o número de velhos ou, melhor, a esperança média de vida. Se assim é, se vemos a vida a aumentar porquê que não damos mais, àqueles que são os que sabem mais da vida, aos velhos?

A Velhice e o estigma da palavra

Há uma conotação absolutamente negativa associada a velhos e a velhice - as palavras são usadas para designar inutilidade ou fedor e, talvez por isso, já se considera tremendamente cruel pronunciá-las. Os velhos são velhos. As árvores grandes e grossas também são velhas. As nações são velhas. O pai natal é velho. A calçada portuguesa é velha. Sim, eu sei, é por isso que os velhos vão para os lares e as árvores são para fazer papel e as nações são para aguerrir e o pai natal é para mentir e a calçada portuguesa é para substituir. São o caralho! Sim, ouviu mesmo bem: são o ca-ra-lho. Os velhos, a velhice, são para amar - por isso a vida tem dado cada vez mais esperança à vida (não sei se percebeu que se está prestes a fazer quarenta anos já está na meia idade); os velhos são a frequência acumulada de sabedoria naquilo que é o gráfico da vida. Entende que a velhice não é para viver só nem em simulações rascas, lares, daquilo que deve ser um lar? Vá já imediatamente buscar o velho que tem na sua vida e ame-o. Já! Amar a velhice quer simplesmente dizer atenção, paciência, resiliência - quando dá conta está a amar, a preencher a vida de alguém que já em muito preencheu a sua (a sua que provavelmente vai continuar depois de a outra deixar de viver).

Repare como acontece tudo

Aquela árvore de camélias que está no quintal sabe de tudo e é por isso que continua naquilo que é o viço das flores e das cores; As nações têm vindo a aprender que o respeito pela Cidade, que é liberdade e democracia, é o que as faz viver; O pai natal, esse barbudo antigo, existe mesmo, não é mentira, representa o cheiro bondoso do avô (ou vai dizer que os avós morrem?). E a calçada portuguesa, aquela pedra de tempo pisada tão linda, é para manter e prender os bicos dos tacões no encanto - ou prefere cascalho batido sem fado e poesia a cada canto?
O que é velho é bom. E velho é, sim, uma palavra magnífica de dizer por ser também de viver. A velhice colecciona tempo contado a viço de Homem honrado - ou então encontra no viço passageiro a alegria de um sorriso inteiro (e mesmo que seja sem dentes, sim).
Estamos, então, entendidos: a velhice serve para ser amada. Ou pense em como a vida se prolonga.
e depois há os vales dos dias nos dias, os dias também têm montes e planaltos, porque os dias só são dias por serem vales de ti.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

tens de experimentar

isto. tão lindo.

Olaias

afinal o Tomás Taveira também sabe dar beleza de dianteira.

Emprego: dedicação proporcional, de dois sentidos, materializada em valor pecuniário

Emprego, desemprego, quase-emprego, estigma impregnado. Sim, eu sei, é nas alturas difíceis que damos conta das palavras - o que significam e o que valem. Podemos até dizer que se abre um dicionário a cada momento difícil da vida. Duvida?

Emprego começa na mentalidade do indivíduo

Emprego e emprego de palavras. Comecemos por analisar as mentalidades na lógica do empregador perfeito: aquele que quer dar emprego - dar oportunidade a alguém para se dedicar durante um número de horas determinado a uma ou várias tarefas - quer obter como resultado, isso mesmo, dedicação à qual atribui valor pecuniário. Na mentalidade lógica do empregado perfeito este último quer dar igualmente - dar a dedicação imprescindível à(s) tarefa(s) que lhe são atribuídas pelo empregador mediante um valor remunerativo, o tal apuro que é dedicação do empregador. Mas o que acontece na realidade, e sem perfeição, é que tanto o empregador como o empregado entram em uma espiral - não de dar - de receber. De receber dinheiro sem dedicação e, desta feita, valor - merecimento, talento - associado. E o emprego torna-se, assim, em um negócio, uma transacção meramente comercial.

A esta altura, já abriu o dicionário?

Às tantas ainda não: está farto de ouvir falar em (des)emprego e toda a gente sabe o que é desemprego - desemprego é o parente mais próximo ou o primo mais afastado ou o vizinho do 4º direito ou o amigo de infância que toda a gente tem. Mas e se o desemprego for você, já está com vontade agora de vestir e despir palavras? Vamos ver as coisas assim: você anda à procura de uma empresa à qual se quer dedicar e não há quem queira deixá-lo dedicar-se. Isto, sem dúvida, torna o assunto mais leve de carregar mas mais pesado de digerir porque enfatiza precisamente o fundo da questão do emprego e do desemprego. Nos nossos dias, nestes em que eu e você vivemos, o valor está fora de moda e é descartável. O dinheiro não. O dinheiro apresenta-se como o mais importante de tudo e mais que todos. Por exemplo as situações de quase-emprego, que são aquelas em que o empregador se sente tentado em deixar alguém dedicar-se mas ao mesmo tempo lembra-se de que a dedicação tem também - em termos profissionais - um valor numérico associado exigível pelo quase-empregado, o processo aborta: aborta porque o quase - empregado lembra-se que precisa de comer e de pagar as contas, que o empregador esquece, do viver. E andamos, estigma impregnado de lógica imperfeita de puré, nisto.

Passe-vite: a realidade do emprego passada

Como se a realidade do emprego fosse, e é, passada a passe-vite de euros cerca de um milhão de pessoas é obrigado a odiar o dicionário por conta de o viver não esperar. Porque o viver também morre sem o pragmatismo dos euros na significância do dicionário. (Não deixa de ser uma bela de uma tristeza verdadeira, isso não.) Então e o governo pestilento do Coelho e as variantes endógenas e exógenas à economia? Não quero, não me apetece falar disso porque estou cansada de ser obrigada a cheirar merda. Apetece-me inserir o (des)emprego na lógica do dicionário, já disse. E consolar-me, dedicada, a ver a minha dedicação a ficar.

inteiro

são as quatro estações de ti que te fazem um ano inteiro - és um Vivaldi, amor.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

das tripas, o coração do trabalho

não podia ser melhor escolhido o local para o novo Banco de Fomento: então não é no Porto que se faz das tripas coração?

domingo, 17 de novembro de 2013

se és pérgula e eu trepadeira
está tudo em harmonia
uma espécie de tremoços com chá
e fermento

ainda bem

que piquei o António Eça de Queiroz a pontos de ele me encaminhar para a versão digital do seu livro - está a ser uma maravilha descobrir não só detalhes da vida do Eça bisavô, e das suas personagens, como também a narrativa do Eça bisneto - o nosso Eça d'agora. afinal de letras, o realismo que se preza - aquela astúcia fotográfica - estás-lhes no sangue.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

vê lá se descobres as mesmas semelhanças que eu

este é herói por ter sido patrocinado a parecer enquanto estoutro será julgado pelo crime se de auto-patrocinar, igualmente, ao parecer. bem visto, a sociedade descobre lições de vida promovendo - não o ser - o parecer. miséria.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

dar pérolas a porcos

sentirmos, e por isso mesmo pararmos para bem pensar nisso, que somos pérolas para porcos é muito, imensamente, bom: permite-nos concluir que não deixaremos de ser pérolas nem os porcos de existir - antes o verbo dar será finalmente feliz - o que significa a salvaguarda das pérolas perante os porcos. as pérolas querem-se viçosas no luxo que são. simples e elementar.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

a direita comunista

a violação dos direitos humanos na Coreia do Norte, pelos direitos civis e políticos - mais concretamente pelo direito à vida, à propriedade e à liberdade de expressão e pensamento e crença resulta de um regime tarado até à morte. e isto faz pensar na violação dos direitos humanos aqui pertinho, na nossa terra, pelos direitos sociais, económicos e culturais: o direito ao trabalho, à educação, à saúde, à previdência social - tudo sob a égide da fraternidade, aquela coisa tripé de igualdade e liberdade e progresso. ora se este caralho deste governo não é, ao estilo do que conta a história dos direitos humanos, comunista mascarado eu vou ali e já venho.

tristeza

a natureza zanga-se com o Homem. e desta vez foi violentíssima com o povo Filipino, talvez uma chamada de atenção aos abusos da Humanidade, mas podia ser com outro e de outra forma. é preciso perceber os sinais. é preciso que o Homem ouça a mãe e páre. ou no mundo nada mais restará do que tristeza de nem sequer haver tristeza.

domingo, 10 de novembro de 2013

amor et tussis non celantur

descobri que o amor, nascido em Lácio, é latim até hoje. que maravilha. ao contrário da tosse, que era bem mais gira tussis. mas o que interessa mesmo é que o amor e a tosse não se escondem.

sábado, 9 de novembro de 2013

não é de intervenção, não entra.

se a arte não tiver um propósito de intervenção nem sequer, não havendo motivo para existir, é arte. é como o amor: o amor existe para despertar, ou fazer crescer, o melhor que há em cada um - e no mundo.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

de mim para mim

(o FB disse-me literalmente que vai bloquear-me durante dois dias, logo a mim que sou tão pouco assídua e só faço uso dele para o que acrescenta valor, por deixá-lo confuso. estará o FB, esse machista que não admite astúcia acima da dele, a apaixonar-se por mim? quero dizer, não é isso que fazem os estúpidos por estarem convencidos que agir estupidamente é a melhor forma de lidar com quem lhes arranha as entranhas? era por isso que as princesas ficavam presas nos castelos medievais: porque se saíssem geravam confusão. e a confusão, já se sabe, é o mal de todos os estúpidos que fazem questão de não deixar de o ser.)

de mim para mim

(quando as pessoas conseguem mostrar-se, e ser, insensíveis perante outras - outras que são mais do que gente - significa que estão a deixar de ser gente. e não é não ser gente a aspiração de qualquer senhor, com muito sucesso, que se preze?)

domingo, 3 de novembro de 2013

as vacas das mães

não sei se há algum estudo e também nem me apetece saber, pelo menos hoje, mas no que tenho visto, nos últimos anos, os bebés nascem cada vez mais minguados e magros - parecem gatos sumidos. a causa estará, pelo que tenho observado, no cuidado e tempo e atenção que as mulheres portuguesas dispensam com o cliché do não engordar. passam a gravidez a pensar na linha e depois os bebés nascem, de uma fragilidade que até mete dó, o leite delas serve para dar de beber aos porcos com sede, ougados até mais não, e elas continuam só a pensar em como vão perder os quilos que ganharam. deve ser por isso que depois há tanta criancinha obesa - entra o leite da vaca para compensar aquilo que o leite materno, da vaca da mãe, não deu nem saciou.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

pergunta que se impôe

se Portugal é espião não estará explicado o porquê de o primeiro-ministro ser um 000 licença para afundar?

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Lolita


andaram à procura de uma capa que não fosse algodão doce nem rapariguinhas. mas aqui nesta está uma menina, corada até às coxas, de cueca com gola: uma perdição de deixar a perversão com olhos em canto.

olha,

afinal o genoma faz esquissos prévios.

insónias

as insónias são, ah se são!, a generosidade da energia vital - mas ao contrário.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Portugal velho e seco

O Governo de Pedro Passos Coelho prima pelo revivalismo. Nunca antes, à moda dos anos sessenta, Portugal esteve tão velho e seco. Lembra-se da guerra colonial que queimava as gordurinhas todas à metrópole? Então se se lembra, se é desse tempo ou se estudou esse tempo, já sabe do que estou a falar: falo de miséria por conta de orgulho, de desertificação, de solidão naquilo que é viver em um país cujo Governo não se cansa de não dar descanso ao povo. E o povo está só.

O Governo de Pedro Passos Coelho não quer saber das Vanessas, sabia?

As Marias Albertinas estão a abalar da terra do fado empurradas pelo rumo de uma política doente, de mentira compulsiva e demagoga - o Governo de Pedro Passos Coelho está a obrigá-las a emigrar e a darem à luz Vanessas. As Vanessas são filhas de mães portuguesas e de pais estrangeiros que nascem fora de Portugal e que serão a futura juventude, e massa crítica, e força de trabalho, do país que as viram nascer. Por cá restamos nós, os que ficam, os que resistem à tortura, os futuros velhos e secos que talvez assistam à bancarrota do estado social e nem sequer venham a ter reformas.
Aparentemente, no entanto, no seio do Governo de Pedro Passos Coelho, onde a ninhada de ministros mama desalmadamente, tudo está - e a caminho de ficar melhor - bem: adivinha-se um milagre económico cujos indícios fazem-se notar na preocupação de a ministra exigir apenas dois cães por apartamento: o Governo de Pedro Passos Coelho, cúmulo do zelo, faz questão de entrar na casa das pessoas. E nos bolsos. E nas contas bancárias. E nos frigoríficos. E na cama - o Governo de Pedro Passos Coelho inibe os casais de fazerem filhos, castra-lhes a líbido por tamanha tristeza, ou então obriga-os a separarem-se e a darem filhos, os nossos por direito, a outros de fora. O Governo de Pedro Passos Coelho impede as pessoas de casarem pela igreja se atendermos ao facto de, talvez, cada vez mais a população portuguesa tenha vindo a creditar cada vez menos na religião católica e na salvação - isto porque este governo tem feito a vida dos portugueses num verdadeiro inferno.
Envelhecimento, morte, separação, filhos bastardos da nação, solidão, miséria. São estas as palavras que o Governo de Pedro Passos Coelho tem dado a regurgitar aos Portugueses. Isso e música para emigrantes. Desta:




socorro

estou a apaixonar-me, é impossível resistir a tanto charme.

é um bom início de conversa, lá isso é, mas o meu socorro é por ela: o cão mais assíduo da minha rua anda numa correria louca para cobri-la. é normal, eu sei, ela é linda e anda a libertar aquele cheiro que os deixa malucos. mas, e então, é assim, dá-se-lhe as ganas pontuais e já está? é, é assim. se não fosse não haveria tanto filho no mundo com pais que nem sequer contribuem para o seu sustento; ou com mães que deixam os filhos em uma bagageira durante dois anos. é a pontualidade biológica de uma mera vontade, desejo e tesão são outras coisas que nada têm que ver com vampirismo, que determinam o acasalamento parcial (parcial porque acontece da cintura para baixo. quer dizer, também pode acontecer da cintura para cima - a boca também é um buraco e a língua também se vampiriza). 

ficas então a saber, Josué, filho de um cão, que hás-de andar todo rotinho atrás dela: nem ela te deixa, que não é de vontades saloias e breves, e nem eu te autorizo: não hão-de faltar cadelas arreganhadas que te queiram dar sangue.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

danza de los muertos

é tudo uma questão de morte: morte do preconceito de que os mortos não têm vida. há mortos que vêm da ilha do pernil esticado para nos mostrarem que há vida antes da morte. não, não há engano.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

testículos de galo

no início eram apenas testículos de galo. depois, o alquimista da cozinha andou às voltas com o que lhes havia de fazer para não serem simples testículos (é curioso como a realidade isolada é feia) - queria dar-lhes a vida que já não tinham, já não eram sacos pululantes, banhá-los de poesia e adicionar-lhes mérito póstumo. lembrou-se do conto original do joão e o pé de feijão e associou, precisamente, os testículos tristes a feijões grandes e duros. depois ocorreu-lhe dar-lhes cor e sabor, ou seja, ficariam iguaizinhos por dentro da sua delícia e alterados em cor e sabor e textura por fora. após algumas experiências com coberturas doces, optou pelas salgadas e criou um molho pastoso de tinta preta de chocos e outro de tomate consistente, por onde passariam e viriam adquirir novo visual. voltou de novo ao conto, então, para buscar, não a galinha, mas os ovos de ouro e inventou uma mistura de chocolate branco que, depois de moldado em ovos gigantes, seria coberto por poeira dourada e crocante. a ideia resultou em kinder surpresa de faca e garfo: por dentro do ovo estavam os testículos alterados que o molho quente de azeite e alho, que derretia o ovo de chocolate, fazia descobrir. no que deu um conjunto de galos fanados. hum.

domingo, 27 de outubro de 2013

amo-te, Português

quem, como eu, tem uma enorme resistência a dominar uma outra língua qualquer - uma língua é para ser amada e não dominada, o domínio implica apenas conhecer e o amar implica sentir, as línguas dos outros basta percebê-las um pouco para ser possível comunicar, além disso, in loco, há sempre a linguagem corporal e, de outras formas, existem os dicionários, como eu adoro dicionários desde que aprendi a ler -, acha um piadão ao google tradutor: permite-nos fazer experiências em outras línguas e rir muito por não ser possível fazer danças e cantares molhados com as palavras. é tudo a seco, omissão de bordadinhos e filigranas e galos de barcelos pintados. quero dizer que o português - a língua que a nação fez e que eu, fazendo-a minha também, me fiz, é a única língua com quem copulo: é-me irresistível ao intelecto e aos olhos, uma atracção fora do comum, e arranha-me o coração com meiguice a pontos de todos os dias eu querer saber mais dela e também me dar ganas de lhe foder o, e com, pathos. ele, o tal Português, é o amor-rio mais lindo e limpo do mundo - é um amor de Rio Vez.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

sorry, thanks! (merdinha seca)

já quantas vezes me apeteceu, e depois passou, falar sobre a coisa de os portugueses muito gostarem de se desculpar ou de agradecer em inglês ou francês. também é moda, eu sei, talvez seja chique, não sei, ou outra coisa qualquer. mas onde está a piada disso? não consigo encontrar. só me ocorre o argumento da facilidade - em que se associa palavras que na nossa língua possuem um significado apenas se para quem as profere houver significância a outras que querem dizer a mesma coisa mas como não são nossas, antes de toda a gente, torna-se mais fácil dizê-las, ou escrevê-las, por darem a sensação do fora e do não virem do dentro. só assim consigo explicar a facilidade com que sai um thanks, merci, ou um sorry das bocas. são palavras que andam de boca em boca e na rádio e na televisão e, quanto a mim, desprovidas do real propósito para que nasceram. são rápidas e rectas, bem o oposto do que pretendem ser mas, lá está, é moda e é chique. e eu, como sempre, sou démodée.

pensei agora

nunca tinha pensado nas reuniões de tupperware aplicadas, no conceiro em si, a serviços digitais. mas também não quero pensar: nunca tive talento para vender e muito menos para, marketing directo, vender-me.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

arrotos e risotas

mais vale ler sobre os arrotos das vacas. em uns blogues cada vez mais se conversa cada vez menos sobre a realidade nua e crua, os monólogos só são conversas quando de nós para nós, e em outros só é suposto conversar sobre ficção - como se as perguntas sobre as pessoas, e não apenas sobre as coisas, fossem um atentado ao ser. como se diz por cá, em jeito de conclusão que ri: puuuuta que pariu!

cinema?

cinema não é aquela arte de misturar realidade com fantasia, beleza que é poesia, cujo resultado é - a curto prazo no lugar e a longo no tempo - o apego? então por que raios e coriscos os documentários puros e duros, ainda que com abordagem histórica, são considerados cinema? terá que ver com a realidade fantástica que pode ser a prosa do mundo? será, então, tudo uma questão de linguística e de, magia técnica, mera projecção? não acho nada bem.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

amígdalas da paixão

Amígdalas - quem as tem que as conserve. Verdade. Pensa que estou a falar das da garganta ou da faringe ou da língua ou até mesmo da no singular que é inimigo do Batman? Pois pensa mal porque quero dar importância às amígdalas do cérebro, as cerebelosas, carago - como diria o Herman José em tempos de Esteves ou qualquer tripeiro que se preze - responsáveis pela regulação da nossa sexualidade e das nossas emoções.

Sabe onde fica o armazém da memória das suas emoções?

Está a ver ali na imagem do lado aqueles corninhos vermelhos, em extremidade de amêndoa, parecidos aos das borboletas? Se não está, imagine. São elas, localizadas no sistema límbico de todos os mamíferos, as mentoras, entre outras coisas, das nossas emoções. É precisamente nas amígdalas que acontece aquilo de a nossa vida poder ser uma comédia, se houver um controlo pelo pensamento, ou uma tragédia se apenas as deixamos fluir descontroladamente. Já pensou em como seria a vida sem emoções, em como qualquer acontecimento perde toda a importância quando desprovido de emoção? E o contrário, como seria a vida dos humanos sem o poder do raciocínio?

Pessoas a quem são seccionadas amígdalas do resto do cérebro transformam-sem em portadores de cegueira afectiva  e ficam igualmente inibidas de sentirem paixão. Mas não é apenas a incapacidade de reconhecer sensações ou experienciar sentimentos o resultado da ausência das amígdalas: sem amígdalas não há lágrimas nem dor para as consolar - mas há hipersexualidade (e daqui sai uma conclusão paradoxal de tão folclórica: afinal o sexo não tem mesmo nada que ver com afectos e trata-se mesmo de uma escolha íntima de cada um relacionar-se sexualmente com ou sem afectos). Também outros animais deixam de sentir medo ou ira e perdem a noção do lugar que ocupam no seu tipo de ordem social com a perda das amígdalas, anote aí.

As extensões neuronais das amígdalas permitem-nos gerir os conflitos emocionais, ou seja, aqui entra a parte da comédia - que é o pensar - a meter travão à tragédia que é o sentir. Somos prisioneiros das amígdalas! estaremos por certo a pensar. Nem tanto assim por sermos inteligentes e capazes de, trabalhando, conseguirmos equilibrar emoções com pensamentos e pensamentos com emoções. Será uma questão, bem visto, de conhecermo-nos ao ponto de chegarmos ao pormenor gigante que são as amígdalas e encetarmos com elas uma relação saudável e querida: mimar-lhes o ímpeto primitivo apenas para quando nos for possível sermos selvagens. Porque viver em civilização, em nós e com os outros, é preciso.

a descobrir

andei a ler sobre as amígdalas. não, não são as da boca mas as do cérebro, aquelas que funcionam como armazém de memória de emoções - as que nos castram de emoções se também castradas e fiquei a pensar, e de descobrir, se os outros animais, e quais, as têm. isto porque tenho a certeza que a minha cadela as tem, essas espécies de amêndoas mágicas, até porque verte lágrimas, sorri, mostra medo, arreganha os lábios e franze a expressão. aqui está apenas, observando-me bem perto, a amar-me como só uma Valquíria consegue amar.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

quer casar comigo?

não sei quando e onde vi, o mais certo é ter sonhado, mas eram duas mulheres e um só homem, todos sexagenários. elas disputavam-no e ele, confuso, não sabia a que escolher (às tantas aquilo que dizem por aí de o amor já não ser para certas idades foi por onde lhe pegaram, ao argumento). depois sei que tinha um sonho: desde cedo, e de sempre, quis abrir um negócio que surgia de ideias estranhas e que nunca conseguiu concretizar. a certa altura, a possibilidade de o fazer - perante uma nova ideia estranha - surgiu e ao mesmo tempo uma delas encheu-se de coragem para lhe pedir namoro, uma espécie de solidão acompanhada a pastichar o amor (afinal o argumento deve ter-se baseado nas tais idades certas, concluo), e ele aceitou. enredo adentro, a família que sempre desprezou as ideias estranhas de tão bizarras não perdeu a oportunidade de, também desta vez, lhe chamar lunático e inconsequente - a recentíssima namorada concordou com o desmancho familiar. e ele, desesperado por tamanha traição, terminou a curta relação. já conformado com a ideia de cafoné e joanetes mimados, correu à procura da outra mulher que estava de partida para lugar incerto, certeza apenas havia da despedida, que lhe espremesse o desgosto. e encontrou-a. perguntou-lhe assim: tenho esta ideia para um negócio, o que te parece? desfeita em lágrimas, pela vontade proibida de o abraçar e pela partida forçada pelo orgulho, ainda assim respondeu: parece-me tão bem que consiga concretizar, pelo menos uma vez na vida, o seu sonho! vá em frente, desejo-lhe sorte, mas agora tenho de ir. e ele ali, naquele instante tão maduro como verde, apaixonou-se por aquela outra mulher. pegou-lhe na mão que acariciou, arrumou-lhe a madeixa cinzenta da testa, bufou-lhe ternura para os olhos e disse-lhe mesmo na altura em que passava na rádio esta, aquela ali em baixo, canção: quer casar comigo?


coisas que aconteceram

a leonor foi à fonte formosa e segura porque ainda não havia água canalizada a preço de petróleo.

(se fosse hoje, ia ao pé coxinho em resquícios de esclerose múltipla)

coisas da democracia

nas horas de maior tráfego andam a denunciar os meus conteúdos no FB, o que inibe a publicação e partilha. isto acontece por eu não usar o dito para mostrar o meu penteado novo ou o local onde fui jantar ou se dei uma uma queca. isto acontece precisamente por eu usar o FB para conteúdos que talvez arranhem os democratas mais invejosos - o que faz de mim uma péssima utilizadora que merece ser castigada. e sabotada. continuem.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

cabeça

há poucas coisas felizes que nos passam pela cabeça como a certeza feliz de que é a cabeça que temos de conservar feliz: feliz é a cabeça que não deixa que se convença que o errado e o mau, coisas do fora, desapareça!, não se mete a monte com a lua e com a aurora. e quando em redor tudo afugenta, horror!, renasce a cabeça feliz - a que persiste e aguenta.

colabore na criação de novos postos de trabalho

leia, avalie e partilhe.

sábado, 19 de outubro de 2013

zumbar

que rica ideia a de criarem postos de trabalho pelo zumba: aluga-se um ginásio de uma escola secundária, chamam-se pessoas, muitas, porque a aula de uma hora sai barata e passa-se esse tempo a saltar e a dançar e a ginasticar o corpo. e a gritar. como se a loucura fosse, e também é, isso. depois chega o cansaço e os pensamentos. é a vida.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

cúmulo

austeridade sobre austeridade que se estende a tudo e a quase todos: morte lenta. e a morte lenta é tortura. e a tortura é tormenta. e a tormenta é violência. e a violência é tirania. e a tirania é opressão. e a opressão é abuso. e o abuso é crime. não haver quem cuide dos abusos é o cúmulo da democracia. porque na democracia deverá haver quem cuide da liberdade e do bem estar do povo, não do abuso.

e depois de ler este artigo não posso deixar de o acrescentar aqui.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

grande puta pudica

a sociedade tem graça: envergonha-se perante quem fala, ou escreve, de pénis e erecções ou vaginas, pilas ou conas, ou peidos ou arrotos e ao mesmo tempo é a que mete a pila em esgotos ou abre as pernas a quaisquer escrotos; é  a mesma que arrota em surdina perante a humilhação do irmão ou se peida com altivez, em segredo, perante o vizinho que está no desemprego. a sociedade aprecia uma foda planeada às escuras e despreza a outra genuína às claras. é assim, uma grande puta pudica, a sociedade.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

descoberta

ora esta verdade vai muito bem com esta calamidade. é tudo uma questão de falta de inteligência espontânea.

modas e truques

andar a votos com gente que escreve sobre o óbvio e de forma medíocre é fodido. mas quem disse que a sociedade não é óbvia nem medíocre nem fodida? aguente-se só mais um bocadinho a ver como seguem as modas e os truques.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

como uma partida pode ser, chegada, acrescento

de um dia para o outro muda tudo, ou quase tudo. será caso para dizer que é como se fosse uma partida que a vida nos prega. uma partida. e é - que é sempre uma chegada também.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

fraudes

li uma coisa que fala de embaraço e de vergonha e pensei no embaraço que podemos sentir perante o embaraço dos outros em relação a nós. este até pode ser positivo mas já a vergonha, não. quando nos sentimos envergonhados por alguém que sentimos sentir vergonha de nós, ou do que sente por nós, é péssimo. parece que uma janela se abre diante dos nossos olhos, uma claridade gostosa e sábia, a querer dizer-nos que esse alguém é uma fraude - uma espécie de bicho que assiste ao nosso apedrejamento sem pestanejar apenas para salvar a reputação de, lá está, sentir vergonha por não ser um bloco de gelo, gostar da quentura. e as fraudes, já se sabe, descartam-se.

sábado, 5 de outubro de 2013

para mim

pelos amigos devemos fazer tudo - até dispormos de três horas a fritar salgados para uma festa surpresa. no fundo, que é também à superfície, a amizade é, isso mesmo, tempo e dedicação quando mais se precisa ainda que fiquemos impregnados e enjoados com o cheiro. é uma espécie de casamento, a amizade: a garantia, sem obrigação e com gosto, de estarmos lá no melhor e no pior e na saúde e na doença e nas festas e nos bastidores das festas. e há sempre recompensa na amizade. há aquele abraço que conforta ou aquele sorriso que rompe o nevoeiro dos dias ou aquele olhar brilhante que ofusca a má sorte; e há momentos inerentes ao que fazemos que nos dão um prazer enorme, imenso, naquilo que é dar de nós. neste caso consegui privar, no meio de quase trezentos salgados para fritar, com uma sanita fora da casa e virada para uma árvore belíssima. há poucos privilégios como poder aliviar as entranhas de porta aberta e de fronte para uma árvore: não é para todos. mas foi para mim.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Capuchinho Vermelho Porno




Já nua puxara, com gana, o cordel da gabardina vermelha e tirara o capuz de cetim - passa a língua nos lábios.
Vá, lobo mau: ontem não fiquei satisfeita...hoje podias comer-me melhor.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Não será a cozinha tradicional o que de mais gourmet podemos fazer?


Gourmet, ou alta cozinha, é um conceito que tem sido explorado, à mesa, como minimalista e ao mesmo tempo com aquela qualidade estranha e diferenciadora no mercado - minimalista porque a comida apresenta-se na exacta quantidade digna da cova de um dente, caríssima e, obviamente, inflacionada aos olhos e à boca.

O segredo do conceito gourmet não está no alimento em si nem na estética da sua apresentação - está naquilo que de nós lhe acrescentamos, na originalidade, que pouco tem que ver com sofisticação inerente às diversas insígnias modernas. Pode um cozido à portuguesa ser gourmet? Pode. E deve. Se retirarmos à tradição - garanto que ela agradece - a orelha do porco e o rabo do boi e a mão da vaca e lhe dermos, à panela, coxas de frango e lombo de vitela em água suavemente aperaltada com sal, loureiro, um dente de alho e muita ternura eu garanto que o paladar e a pouca gordura farão as delícias de todos. E se depois das carnes cozidas aproveitarmos a água para cozer as batatas, as cenouras, os nabos e as hortaliças, acrescentadas com bacon e chouriço, ficará irresistível. Toda esta ternura gourmet ainda chega para o arroz: aproveitar esta calda para fazê-lo é condição absolutamente imprescindível para a perfeição. E a apresentação? Anote aí: na mesa tem de haver flores e ao centro uma taça de barro bem grande para espalhar os petiscos. E depois, depois terá de se convencer que servir é um acto de amor requintadíssimo e sofisticado e à medida de cada boca: do mais gourmet que há. Além do mais o cozido, esta iguaria gourmet, fica bem ali no horizonte do seu cheiro e paladar enquanto o acompanha com uma boa conversa e esgares gulosos. Mas também podia ter falado de uma bela feijoada gourmet - ou de uns rojões elegantes e gostosos. Fica para a próxima, prometo. O importante, ficou agora a saber, é a qualidade daquilo que escolhemos e acrescentamos quando estamos a fazer do cozinhar uma arte que, como qualquer outra, sai de dentro para fora e apresenta-se carregada do melhor - do nosso melhor; o que faz a cozinha gourmet, nunca se esqueça, eu cá só vim lembrar, é sempre e sempre - nunca o legume ou a carne ou ou peixe mais caro e mais maquilhado - você.


(este artigo está escrito ao abrigo da antiga ortografia)

ao fim e ao fundo

li, ainda há pouco, que é melhor decidir o fim do que aguardar que ele nos surpreenda e magoe - que é a mesma coisa que dizer que se deve fugir do fim. coisa tão estruturada, tão racional e estranha. é que por esta ordem de pensamento cabe-nos a todos o suicídio. e, pensando bem, faz da ejaculação precoce o reflexo, em corrida, do medo da dor. estarei, certamente, para alguns, a tergiversar. mas não para todos: há quem goste, tem de haver, e não fuja, de ler até ao fim. ir ao fim é uma maravilha por ser a maneira de se ter a certeza ainda que para chegar ao fim se caminhe por uma estrada de dúvidas. vá-se ao fim. e ao fundo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

apesar de nunca ter experimentado parece-me muito bem

Hipnoterapia é do que estamos a falar. Surgia assim a hipótese, até então apenas estudada em Psicologia, que viria a revolucionar o mundo da hipnoterapia: se as respostas emocionais obedecem a processos de aprendizagem, talvez fosse possível recorrer a esses processos e aprendizagem para tratar fobias, depressões, ansiedade.

Como pode a hipnoterapia ajudar?

Tentando o recondicionamento, através da apresentação dos estímulos fóbicos, através de guloseimas ou outros estímulos positivos, ou desenvolvimento de atividades positivas, Watson acreditava que o estímulo - resposta do reflexo condicionado - está implicado na génese da fobia. Isso significa que a ansiedade é despertada por um estímulo naturalmente assustador que ocorre associado a um segundo estímulo neutro. Se esses dois estímulos ocorrem juntos, por várias vezes, com o passar do tempo o estímulo neutro adquire por si só a capacidade de causar ansiedade.

Sabemos que as fobias estão interligadas na questão dos chamados transtornos de ansiedade. O indivíduo com medo tem um estado de ansiedade muito acentuado e qualquer coisa que simbolize o objecto da fobia faz com que desencadeie esse medo. O objectivo da hipnoterapia é "remover" o medo subconsciente. Uma técnica comum usada na hipnose é a chamada regressão de memória. Ela tem-se revelado muito eficaz e, no tratamento, o paciente descobre as causas da fobia e o hipnoterapeuta faz uma resinificação do medo, mudando a compreensão e o aspecto de negativo para positivo (tal como Watson referia, anteriormente citado). Assim actua a hipnoterapia.

No final dos anos 40 e na década seguinte, na África do Sul, Wolpe utilizou os estudos de Pavlov e Hull para propor uma generalização da noção fisiológica de inibição recíproca, a partir da qual desenvolveu uma técnica para o tratamento da ansiedade: a dessensibilização sistemática. A técnica de dessensibilização sistemática envolvia inicialmente a exposição do indivíduo a um estímulo descrito pelo mesmo como aliciador de ansiedade, em associação com um estado de relaxamento que deveria inibir essa reacção emocional na presença daquele estímulo. É importante destacar que originalmente essa exposição era feita in vivo, mas posteriormente Wolpe optou por fazê-la através do uso da imaginação: essa "opção terapêutica" de adoptar procedimentos de aparente eficácia prática, em detrimento de uma decisão de ordem teórica ou baseada em evidências de laboratório, não foi uma decisão isolada. A decisão de Wolpe trouxe consequências importantes no que se refere à postura científica do terapeuta comportamental. O enfoque respondente foi predominante na terapia até a década de 50, quando a análise de problemas comportamentais era restrita. A partir daí, os resultados empíricos com o condicionamento operante expandiram o número de técnicas baseadas no novo paradigma de hipnoterapia.
Seguem-se algumas técnicas em que a hipnose, hipnoterapia, é catalisadora de sucesso:

• Prática de relaxamento;
• Treino da imaginação;
• Dessensibilização sistemática com imaginação;
• Imersão in vitro;
• Condicionamento encoberto;
• Técnicas de Auto-controlo;
• Emprego de Imagens;
• Aproximações sucessivas (in vivo e in vitro);
• Auto instruções e estratégias de afrontamento. Emprego da Hipnose para nos recordar que possuímos estratégias para fazer frente aos problemas e facilitar o desenvolvimento de um programa de auto-instruções;
• Treino para a solução de problemas e de outros procedimentos cognitivos (parar o pensamento);
• Terapia Racional Emotiva para substituir as emoções inapropriadas por apropriadas;
• Substituição de hábitos.

hipnoterapia pode ajudar e aqui fica o contacto de uma especialista:
Isabel Silva/ Psicóloga/ Hipnoterapeuta Clínica
London College of Clinical Hypnosis - Portugal
email: psicohipnotherapy4you@gmail.com

egos

com cinzas nada se escreve
apenas as letras do silêncio

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

movimento parado

há a varanda coberta de vasos e depois os guarda-sol que cobrem as flores do sol e da chuva. há a senhora que descansa as tardes na janela. há o cão vadio que escolheu um sítio para ficar. há o homem bruto que trabalha o campo e a mulher bruta, talvez pela convivência, que com ele lavra a terra e a cama. há a delicada senhora que usa xaile de lã e atravessa, sempre à mesma hora, a rua. há tudo sempre no mesmo lugar, dia após dia, vê quem olhar - vê quem se move no mundo sem sair do lugar.

juntos e misturados

este vai muito bem...


com este:


como se a água fosse, e é, hidratante para os ouvidos

música em estado líquido.

domingo, 29 de setembro de 2013

tão giro

The Hole Book: Politically Incorrect, Charmingly Illustrated Verses from 1908

asssustar

parece qu'assusta
e assusta
por ser do melhor, o portento
tanto que o verbo assustar
de repente
o bom acontece de repente
leva agora um acrescento
por conta do nós
ai! quem me dera!
asssustar sempre
quero o susto que não é de lamento

sábado, 28 de setembro de 2013

porcarias

o que vem primeiro: a galinha ou o ovo?
ando aqui a pensar à chuva
que queria ser uma flor
florzinha
para te sentir todo
bicho abençoado
quando depois de me molhares com tuesia
fazias dos dias outono
e me despias e comias as pétalas

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

é um Vez sem tempo

É uma vila minhota deslumbrante: Arcos de Valdevez. Situada no Distrito de Viana do Castelo, esta vila possui cerca de 2200 residentes hospitaleiros e felizes - não conheci ninguém infeliz lá, até hoje. A vida, levam-na a sorrir mesmo quando o nevoeiro esconde os caminhos ou a vida faz chorar. Vivem essencialmente da agricultura e produção animal combinadas, vinho, apicultura, comércio e turismo rural - e vivem bem. As casas cheiram a madeira quente e a chouriço e os porcos vivem para fazerem a alegria da matança: uma festa.

Nos Arcos de Valdevez o rio corre tão limpo como não há igual. Considerado um dos mais limpos da Europa, o rio Vez é farto em truta e em beleza e abraçado por pontes medievais que formam arcos ao vê-lo, filho da serra da Peneda-Gerês, passar. E abençoar. A tranquilidade da paisagem verde contagia quem passa e quem quer ficar para comer e pernoitar. O que se come: cozido à minhota, cabritinho mamão da serra, arroz de feijão com posta barrosã, papas de sarrabulho, rojões, lampreia, bacalhau à violeta para acompanhar com vinhos verdes. Ficou com água na boca? Também eu. Mas há mais: pode adoçar o estômago depois de o forrar com iguarias como charutos de ovos, casadinhos, brancos, cavacas, bolo de mel ou rebuçados típicos. Uma delícia de património culinário que pode, de resto, ser fruído nos roteiros gastronómicos que o município dos Arcos de Valdevez organiza aos fins de semana.

Mas ir aos Arcos de Valdevez e não visitar o Soajo, a aldeia dos espigueiros, é como ir ao Porto e não visitar as Caves - ou ir a Lisboa e não ouvir fado. Mas sabe o que é mesmo mesmo bom nos Arcos de Valdevez? A informalidade e jovialidade das gentes. Novos e velhos, por vezes não se distinguem, vivem como se não houvesse - e não há - fossos nas gerações: o pai fala de sexo com a filha e a avó pergunta ao neto se vai chegar tarde porque vai fazê-lo (como curiosidade a expressão que usam para fazer sexo é ir mandar a pêra - há coisa mais natural do que a fruta?), da mesma forma leve com que o marido diz à mulher que está mais gorda, esgar malandro, e esta diz um palavrão que o cala; ou a amiga que a filha leva a casa não é privada do melhor lugar à mesa nem do esfregar do fogão. E tudo está, porque é, bem. Há equilíbrio simples, essa espécie de ruralidade esquecida, nas gentes dos Arcos de Valdevez


chamaram-lhe amor moderno

Falling in love at 71

nabiças e bancarrota e incêndio

só quem nunca comprou e guardou no frigorífico nabiças, daquelas de pé pequeno e verde bem escuro, é que não sabe que, se não colocadas em um saco bem fechado, possuem um cheiro de tal forma intenso que penetra em qualquer alimento acondicionado ou não - passa pelas tampas de embalagens e iogurtes, ou manteigas, fechados e até pelas cascas dos ovos - entranha-se para depois se estranhar. e é assim também a doença. há quem desde que acorda até que se deita não páre de ralhar, de bufar como as rolas e roncar como os porcos; há quem, por conta da maleita que é o mau-feitio, apenas consiga falar de dores que não tem, medicamentos que não precisa, consultas necessárias e também impossibilidades de quem não tem culpa e apenas vive em salas de espera. há quem despreze a alegria muito mais do que ama o bem estar. e é por isso que digo que a doença cheira a nabiças e a paciência cheira a bancarrota e os nervos cheiram a incêndio.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

quando o outono chegou
fiquei nua
porque o outono és tu

ironia

não vou muito à bola da ironia, nunca fui, principalmente da ironia com ares de graça: é como se visse, e vejo, um palhaço vestido a preceito mas com olhar e expressões de bruxa.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

a prova de que o calão faz falta

ouvia, enquanto lavava a louça, uma conversa ao telefone:

sim, estou melhor, já desinchei.
(esta parte do outro lado da linha só imaginei)

porque já fiz três vezes, hoje.
(...)

sim, já fiz, não estás a perceber?

eu: pai, tens de lhe dizer que já cagaste.

Señor Gostar


Shark em arte

chamou-lhe chegada, sem tardar, sem talvez se lembrar de que na partida é sempre, sempre, ele que fica - ele o Señor Gostar.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

como o povo diz e o Camilo não diz

do coração, tenho a certeza, o meu pai não há-de morrer: pregou-lhe um susto valente, sim, para alertá-lo dos males das cóleras dos nervos e tentar mostrar-lhe que a calma é amiga da vida. e depois, como também é impossível morrer de amores, homem de emoções duras que não se deixa quebrar - porque a única mulher que amou está morta -, a máquina vai conservar-se operacional por conta do amor que recebe e que nem sequer se apercebe. mas será como o povo diz, que há mais marés do que marinheiros, e como o Camilo não diz: é no amor que damos que sabemos o que valemos em nossa consciência. 

domingo, 22 de setembro de 2013

pelo verbo

é filha de uma grande amiga que conheci quando ainda era pequenina, dez anos pode não ser muito tempo mas pode-se crescer imenso, no início de vida deles cá em Portugal. são ucranianas e excelentes pessoas. a M. cresceu e foi para Lisboa tirar teatro, há três anos, sei que come todos os dias pão com manteiga e leite ao almoço e ao jantar. mas sei que se alimentam, ela e os pais, ainda mais de esperança por tanto acreditarem no seu talento. já antes não havia mas agora havia ainda menos possibilidades de manter M por lá. a decisão de desistir dos estudos agora serviu como uma luva no argumento de que foi convidada para participar no projecto da so what magazine. excelente? a miúda destapa-se e faz umas poses, talento essencial por explorar, e nem sequer lhe pagam. mas dizem que um dia talvez comecem a pagar. e M. e a mãe, O., acreditam com muita força que vale mesmo a pena ter vinte anos, alimentar-se a pão com manteiga e leite, despir-se e esperar que um dia paguem. fiquei a pensar que mercado de trabalho é este que não ausculta o talento e ainda promove o desalento. mas isto para chegar ao verbo. bem visto, é no verbo que reside a importância de tudo. após começar a ver a M. na tal revista que O. me enviou por via digital, chegou aquele momento em que apareceram letras, alguma coisa para digerir além de lábios e outras carnes em fotoshop, uma entrevista com outra rapariga - a que talvez coma cereais de manhã à noite, não sei - e o estado de choque: o meu. a entrevista começa pelo verbo começar no pretérito perfeito da terra dos broches - sim, porque só pode ser especialista em broches quem não sabe conjugar, sequer escrever, um verbo no passado (começas-te). pergunto-me se será normal, e sim é normalíssimo nas pessoas mais dadas a breves oralidades, esta falta de amor e enorme desprezo pela língua. quero dizer, a conjugação dos verbos diz tudo sobre alguém. alguém que não lê e daí não sabe escrever porque também não consegue pensar é autenticamente brochista especialista: diz umas coisitas leves porque possui um breve pensamento que se vem todo em uma oralidade fugaz.

oxalá a M. continue a acreditar que um dia pagam. mas também que valor tem o dinheiro de alguém que conjuga mal os verbos? é preciso lutar, sim, comer pão com manteiga. mas pelo verbo.

o espelho do mundo





um espelho costuma ter a capacidade de reflectir a luz e, igualmente, tudo que se apresenta na sua face. foi sempre assim: até nascer o josué.




face que a face revelas
nos dias com sol e com luz
mostras as caras do mundo
que sem mistério seduz
assim é o que sempre foi
o ver o que já lá está
aguardemos quem lá vem
o mundo verdadeiramente espelhar
vai nascer o josué
e o mundo vai mudar
a mãe do espelho


rainha e menina da aldeia
curiosa não havia igual
reinava nos sonhos do rio
crescia por fora
crescia por dentro
mas não crescia, enfim
vitória não sabia
que longe dos sonhos do rio
estava já perto do fim

vitória, com apenas treze anos de idade, tinha uma curiosidade enorme em fazer o que cresceu a ver na televisão: homens e mulheres enroscados, gemendo, rindo e que depois se vestiam. aos catorze, a menina percebeu que esquecera alguma coisa (que não via nos filmes) e pariu. tudo começou naquela tarde quente de verão quando decidiram dar uma escapadela ao riacho da aldeia para refrescarem todos, cerca de nove, a pele suada do jogo do “mata” e também a vontade, calada pelo que as pessoas que passavam na rua impunham, de descoberta.

no seu corpo começavam a desenhar-se formas: adivinhava-se, com timidez, a nítida diferença da cintura com a anca; as mamas (ainda em forma de concha) ameaçavam saltar e os humores sortidos, porém sem caprichos de mulher artista, já se faziam sentir desde que o seu primeiro sangue desceu aos onze anos -altura em que igualmente, e pela primeira vez, nadou no rio.

vitória detestava flores e árvores e ninguém percebia muito bem o porquê, até porque foi vezes sem conta apanhada sentada a comer terra, de este desprezo pela natureza viva. ao invés, deliciava-se – horas a fio – a olhar as pedras e a sobrepô-las até desabarem. certa vez enquanto se lambuzava com a terra do quintal, foi surpreendida por um sardão. destemida e determinada, fez questão de o esmagar: primeiro a cabeça, depois o resto e, por último, arrancou-lhe, para expor ao sol até ficarem tesos, os olhos.

as brincadeiras nas margens do rio aumentaram com a chegada da caravana dos ciganos à aldeia, assim como a sua curiosidade acerca de corpos nus em movimento. de tal forma que vitória esperava que os pais se deitassem para espreitar e esperar que se embrulhassem, despidos. foi nesta altura que conheceu o né e, depois de constatar que para ele isso não era novidade, planeou imitar as acrobacias que via na televisão e pelo buraco da fechadura.

 o pai do espelho


cheio de cor e de estofo
com mãos e olhos de fogo
levava a vida a brincar
saltando de terra em terra
saltando de menina em menina
não sabendo que nesta aldeia
o seu mundo vinha acabar


nesse verão quente chegaram à aldeia sete carroças ciganas para uma temporada de habilidades artísticas de canto e de dança. entre os mais jovens: aquele que viria a ser um dos criadores de josué (entenda-se criador involuntário e sem qualquer pretensão), o né das tochas por tão agilmente brincar com o fogo.

completara dezassete anos e fora a maior festa do inverno da última aldeia por onde as caravanas passaram. de olhos brilhantes e sorriso encoberto habituara-se, desde cedo, a seduzir as meninas das aldeias (que se encantavam com as suas habilidades) que sempre os acolhiam com entusiasmo e alegria. durante o tempo em que permaneciam nas aldeias, todas as noites, decoravam o largo das igrejas com fitas e flores; cada membro do grupo cantava ou dançava algo diferente a cada dia vestindo roupas retalhadas que a avó, a mais velha, fazia.

corpulento e desajeitado ensaiava durante a manhã para, durante a tarde, juntar-se às brincadeiras no rio. quando conheceu vitória percebeu o quanto ela gostava de ouvir as suas histórias que eram, na sua grande maioria, aumentadas  - quer na duração dos episódios, quer nos pormenores relatados. era o entusiasmo de ela que o fazia exagerar e, por essa razão, achava que aumentar histórias assim não era pecado: era rebuçado. por falar em rebuçado, as guloseimas eram a perdição do né. todos os dias teimava em saboreá-las até ficar com dor de barriga. certa vez comeu tantos rebuçados que lhe soltou o intestino e não pode brincar com o fogo no espectáculo da noite: serviu-lhe de lição - não fossem as tochas a sua vida, as meninas das suas mãos. descobriu, com vitória, que adorava que lhe mexessem na cabeça: ela catava-lhe as lêndeas e os piolhos, senhorios os seus cabelos baços e desgrenhados, e riam muito quando olhavam para o frasco de vidro para onde os sacudiam. até encher, diziam.

não lhe era indiferente a quentura das mamas de vitória a desabrochar nas suas costas – cresceu a saber que quando se tem fome: come-se e quando se sente vontade: fode-se.


a criação do espelho

o fogo e o vento unidos
sem saberem bem porquê
brincaram um pouco
 juntos
com o rio
à sua mercê

como estava a dizer, naquela tarde juntaram-se todos para um banho no riacho e brincadeiras nas margens. desde o dia em que se viram pela primeira vez, vitória e né, sentiram permissão para se explorarem: enquanto ele relatava as passagens por outras aldeias, ela aproveitava para catá-lo das lêndeas e dos piolhos que faziam já parte da risota de ambos. decidiram, com os olhos - apenas com os olhos -, afastar-se dos outros e  atravessaram o riacho calcando as pedras, muito devagar, musguentas e brincalhonas que aguardavam impacientes um pequeno deslize para se poderem deslocar. era fascinante o poder que a água exercia em vitória: por breves instantes o mundo parava ali. fixava, séria e atenta, os olhos na água. seguiam-se as mãos e os pés. deliciava-se a ver o seu reflexo e dizia sempre que não era ela (o que deixava né confuso e atrapalhado e sem saber o que dizer). ocorria-lhe apenas chapinhá-la e meter lá a cabeça para depois poder sacudi-la e gozar com o afogamento dos seus inquilinos do quinto andar.

chegados à outra margem, vitória (que conhecia o rio como né conhecia o sabor dos rebuçados) assumiu a dianteira e dirigiu a caminhada para uma clareira onde achou que poderiam ficar longe de eventuais olhares curiosos e, desta feita, ensaiar o que viria a seguir. ali ficaram, horas a fio, a aguardar a escuridão da noite e a solidão do rio. Contou - sem pudor e com frenesim - as aventuras vadias em frente à televisão e de olho na fechadura da porta do quarto dos seus pais. né, apesar de atento e empolgado, não sabia bem do que falava aquela rapariga: televisão e portas eram palavras que não cabiam nas caravanas nem na sua vida sem paredes. ainda assim ouviu e imaginou e percebeu que a vontade chegava.

o que mais instigava a curiosidade de vitória eram os barulhos que dizia ouvir quando, escondida, apreciava as acrobacias. descreveu-os como estranhos e despropositados e, para né perceber bem o que queria dizer, comparou-os aos emitidos pelos macacos se aprendessem as vogais. né tinha apenas pensamentos mudos de quem nunca antes tinha parado para pensar nisso.
despiram-se.



vitória estava deliciada a olhar minuciosamente tudo no corpo de né que, por sua vez, comparava as formas de ela a frutos: as mamas lembravam-lhe pequenos pêssegos de bico arrebitado e escuro; o sexo – um figo aberto ainda por amadurecer. foi quando lhe ocorreu perguntar a idade daquele corpo: o mais jovem, e  ainda não sabia, o último, que provaria durante toda a sua curta vida.

os olhos da menina-água fugiram para o sexo, já erecto, do jovem cigano questionando-o se  seria aquela cobra, curta e grossa, a entrar nela. e ele ria, ria tanto que a bicha caía. depois vitória lá pedia para mexer, e ver o que se escondia por debaixo da densa penugem, e a bicha voltava a crescer. sussurrando, meia trémula, que estava a fazer-se tarde e que precisavam fazer o que os tinha levado até ali, vitória dirigiu-se para o rio onde, em passos lentos, entrou. seguiu-se o rapaz, excitado apenas pela excitação de ali estar e não, isso é certo, pelo cheiro e pelo (quase) sabor do cesto da fruta fresca.

estavam ambos nus, ambos na água que lhes cobria a cintura, quando, inesperada e docemente, vitória canta, ao mesmo tempo que né com brusquidão a penetra, assim:

reflexo meu
reflexo teu
 nananananana
onde queria eu chegar
e agora que aqui estou
vieste para me buscar
reflexo meu
reflexo teu
 nananananana

apenas uns instantes e né gemia, as vogais de macaco como dizia vitória, baixinho, baixinho e depois alto, alto até libertar um berro – que já não era de prazer – de aflição. o esperma que jorrava não era, como estava habituado, espesso e branco leitoso. era verde e em quantidade nunca antes percebida: o rio tinha-se transformado num prado a correr. vitória, que tinha fechado os olhos quando entraram no rio, com o susto do berro, que já não era de macaco mas antes de leão,  abriu os olhos e, igualmente assustada, correu para a margem puxando o ciganinho né pelo braço.

não conseguiram falar no rio verde mas prometeram, um ao outro, guardar o episódio com eles até morrerem e esquecerem o que tinham visto naquela noite em que a lua nem sequer estava cheia e manhosa.

no chão (ele) e na cama (ela): adormeceram.




sábado, 21 de setembro de 2013

como se dá uma tareia à febre

banhos gelados ao molhe
até arrepiar o dente
e laranjas com viço espremidas
de deixar o sabor contente
e de manhã
mesmo mesmo ao acordar
beber a brisa d'aurora
imaginá-la como antes de mar

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Vénus

trago comigo as árvores
as flores e o vento
são como Vénus
a que o tempo endureceu a carne cristalina do desejo