ontem vi a coisa mais bonita, e também a mais triste, que poderia ter visto - em simultâneo - naquele minuto e durante uma festa: vi um homem e uma mulher sentados em uma mesa vazia, despida até de toalha, por debaixo de uma videira. a música que fizeram questão de colocar no gira-discos, notava-se que era um som mais limpo, romântico e quente, fazia lembrar a frança dos anos vinte. todo o cenário cativou a minha atenção, os meus pensamentos. mas depois. depois olhei para o rosto de ambos e consegui chegar ao fundo daquela solidão monstruosa e terrivelmente triste - estavam os dois a celebrar uma festa como gostavam que ela fosse, talvez transportados para outras festas de há muito tempo, o cenário, a música; na verdade estavam ali, juntos, a implorarem a morte um do outro como se morrer começasse, e começa, no novelo - não de lã - de cá dos pensamentos.
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