quinta-feira, 6 de novembro de 2014

animosidades, imaginação e outros futebóis


percebo pívias de futebol, reconheço, maradona, mas relações e imaginações inter e intrapessoais é comigo: ora falei com virgílio ferreira e asseguro que no desporto, assim como no carnaval, é quando as máscaras caem para os ânimos mais íntimos. estaremos de acordo? não creio. caem, caríssimo, quando se trata de ogres primitivos que usam máscaras em todos os outros momentos da vida. e só caem porque nunca sem elas andaram. não sei se percebeste mas a ovação é que é uma bênção, caralhos tanto para a educação como para a neurose do ping-pong, retrato fiel do que se passa quando os participantes não estão no campo com holofotes apontados.
porque falar de criaturas verdinhas  travessas que andam em guerra, e por isso em glória, com os gnomos é lero-lero de quem só aquece um pratinho de sopa ao invés de comer bacalhau com todos.  é que os goblins assumem-se como sendo portadores de uma força muito grande – uma espécie de seres selvagens com inteligência muito limitada que vivem em cavernas ou em pequenas cabanas construídas com paus e peles de animais: eis que assim é que temos festa e animosidade!
vamos lembrar a primeira guerra mundial que levou os homens e deixou ficar as mulheres – para ocuparem o lugar dos homens, pois claro. havia muito que fazer em todos os sectores de actividade e estava na altura de as mulheres arregaçarem as mangas, principalmente as mais instruídas que, por isso mesmo, tiveram mais facilidade em aceitar tamanha mudança social: começava assim uma vaga de feminismo onde as mulheres descobriam um mundo novo de liberdades e de oportunidades. oopss: esqueceram-se do espírito desportivo dos ogres primitivos. porque se não se tivessem esquecido estariam, a esta altura, a chafurdar – em camisas de noite sexys e transparentes – na imaginação molhada de lama do maradona – e a serem abençoadas, por aturar gajos que se fodem nos dentes, enquanto fazem o jantar.
e depois há os corsos e as pilhagens que fazem parte do mundo desportivo, tamanho legado deixado por manuel passanha para que o desporto actual seja mesmo uma bênção. fazer reviver os piratas é preciso. acrescentemos-lhes, aos piratas, chapéus tricórnios e ganchos dentro do campo, carago!
insultemos, pois, os príncipes que resgatam a branca de neve em representação da procura pela perfeição e a completude do desporto e dê-se, c’um caralho, destaque e primazia à bruxa má, que é rainha e o simbolismo do lado lunar do ser humano: a maldade e a frustração que tantas vezes nos fere a nós mesmos em uma espécie de boicote – assim como a vaidade e a competição a que o ser humano se submete com os outros. e quando se olha o espelho o que vê? vê-se simplesmente a si. exalte-se a inteligência distorcida dos ogres primatas, cáspite!
continua, caro maradona, a tratar o zorro valupi como um fora da lei, sagaz e rápido como uma raposa à espanhola, que se veste de preto e que defende o povo da califórnia contra os governos tirânicos e outros vilões -, uma representação do bem pela cultura marginal que faz questão de humilhar o mal, foda-se! porque a animosidade primitiva sem ser no amor e na cama é, obviamente, mal.
continua, maradona abençoado, a homenagear dionísio, o deus grego cópia do deus romano baco, dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insânia e da intoxicação que funde o bebedor com a deidade fanática do desporto e da competição.
faz o apelo desmesurado e laxante  ao sexo, vinho e muita sátira da roma antiga, uma celebração colectiva em praça pública que colocava a nu a hierarquia social em dias em que as entidades que mantinham a administração da cidade fechavam para haver o deleite das obscenidades primatas do futebol. faz isso, exalta a tua inteligência invertida e continua a sair da caverna.

pequena observação: tenta sucumbir às vertigens do kundera - já que é das outras que sofres -, aquelas que são vontade de cair seguida de arrependimento – porque de ogres primatas anda, sim, o futebol cheio.

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