quarta-feira, 6 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
sou uma bafo girl
há uns anos morri. boa parte da minha memória quilhou-se toda. fiquei desfeita com o filho da puta do Platão. espontaneamente, fui-me tornando em uma mulher de bafos. dou o destaque às emoções, boas ou más, que elas merecem - e é só. sou, quero ser, hoje, com um orgulho enorme e sorriso incontrolável, uma bafo girl.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
que coisa linda
as ervas curvam-se e as flores esticam as pétalas
os cães abanam os rabos e arrebitam as orelhas
coçam-se
as moscas procuram o perfume e as cobras fazem-se erectas sem o cochear das curvas
o mar recorta-se nas fímbrias e os rios mudam de fluxo
molham-se
as paredes desenham-se em perda da cal e o chão da estrada acetina-se
renascem
a água ganha cor e o vinho do meu porto envelhece-se a primor
que coisa linda, urtiga de calor
as ervas curvam-se e as flores esticam as pétalas
os cães abanam os rabos e arrebitam as orelhas
coçam-se
as moscas procuram o perfume e as cobras fazem-se erectas sem o cochear das curvas
o mar recorta-se nas fímbrias e os rios mudam de fluxo
molham-se
as paredes desenham-se em perda da cal e o chão da estrada acetina-se
renascem
a água ganha cor e o vinho do meu porto envelhece-se a primor
que coisa linda, urtiga de calor
domingo, 3 de agosto de 2014
julgo que as etiquetas me chamam bruxa
gostava muito de conseguir abrir embalagens sem as destruir - assim como ter a minúcia para desenrolar, pela primeira vez, um rolo de papel higiénico sem ter de lhe arrancar cinco ou seis folhas. adorava experimentar soutiens pela via normal, isto é, desapertá-los no início e não no fim. quem me dera conseguir enfiar um corpete delicadamente, apertando colchete a colchete - ao invés de enfiá-lo pela cabeça sempre a pensar que estou a fodê-lo todo e mesmo assim continuar. quem me dera gostar de sacos plásticos, aceitá-los sempre que vou às compras e evitar ficar com a minha mala gorda como uma tomata.
só não gostava de não me importar com perdigotos nos espelhos, ignorá-los como fazem os outros, deixá-los secar e vê-los mancharem-nos a pele. isso não. nem isso nem manter as etiquetas intactas, aquelas inoportunas fontes de comichão e de ocupação de espaço que mal me cheguem sabem que serão decapitadas, sorriso estridentemente maléfico em vassoura voadora, sem pingo de misericórdia.
só não gostava de não me importar com perdigotos nos espelhos, ignorá-los como fazem os outros, deixá-los secar e vê-los mancharem-nos a pele. isso não. nem isso nem manter as etiquetas intactas, aquelas inoportunas fontes de comichão e de ocupação de espaço que mal me cheguem sabem que serão decapitadas, sorriso estridentemente maléfico em vassoura voadora, sem pingo de misericórdia.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
noto bem tratar-se de um homem, não sexualmente carente, ougado. o que é um homem ougado? tendo sempre uma fêvera à disposição, fêvera que come quando lhe dá os calores e não porque ela lhe provoca os calores, olha para cada mulher que passa como se tentasse descobrir um frango do campo. e, sem coragem para escolher o frango do campo, continua a comer a fêvera fazendo, apenas, leves variâncias entre o bem e mal passada. ai que tristeza!
quando a boca ganha vida própria
vocês são, de facto, muito funcionais: os meus pêsames.
(esgares de desagrado)
desculpem, não foi isso que quis dizer. o que eu quis mesmo dizer é que não há, entre vocês, um pingo de amor.
(nestas alturas a terra havia de se abrir toda só para mim)
(esgares de desagrado)
desculpem, não foi isso que quis dizer. o que eu quis mesmo dizer é que não há, entre vocês, um pingo de amor.
(nestas alturas a terra havia de se abrir toda só para mim)
quinta-feira, 31 de julho de 2014
fiquei sem jeito. como se diz a um homem velhote que vai na rua todo torto e com o fecho aberto das calças que tem a pila de fora? primeiro tive de calar a boca porque a minha espontaneidade gera muitas vezes mal entendidos. depois, já em rescaldo de língua travada e razão a funcionar, pensei em usar gestos e apontar mas rapidamente a ideia se foi por conta de não saber exactamente o que ele poderia interpretar, já que não faltam casos de homens ardidos que o fazem propositadamente. depois ainda pensei em dizer: está com o fecho aberto. mas a questão não era essa: a tripa da questão era mesmo a pila enfarinhada que ia de fora, assim para o lado caída, como se em sufoco precisasse de ar.
sei que o velhote vai ser gozado até chegar ao destino porque não lhe disse que leva a pila de fora. mas como dizer a alguém, sem ser mesmo assim, que leva a pila de fora?
sei que o velhote vai ser gozado até chegar ao destino porque não lhe disse que leva a pila de fora. mas como dizer a alguém, sem ser mesmo assim, que leva a pila de fora?
quarta-feira, 30 de julho de 2014
é normal acordarmos com um texto profissional na ponta dos dedos? a estrutura, cada palavra, cada vírgula. às vezes escrever pode ser a única forma de termos voz; às vezes escrever pode ser a única maneira de sermos donos dos princípios e dos valores, não da cadeira do poder, aquilo que vale a pena ser.
às vezes escrever salva-nos de nós próprios - de assimilarmos a revolta que faz odiar quem, estrategicamente, querendo levar-nos ao limite, tentando desfazer-nos as entranhas da dignidade, nos ameaça a pele.
às vezes escrever pode ser uma prova de amor próprio garantindo-nos a paz que nos faz perdoar quem nos quer tirar o pão.
às vezes escrever pode ser viver.
às vezes escrever salva-nos de nós próprios - de assimilarmos a revolta que faz odiar quem, estrategicamente, querendo levar-nos ao limite, tentando desfazer-nos as entranhas da dignidade, nos ameaça a pele.
às vezes escrever pode ser uma prova de amor próprio garantindo-nos a paz que nos faz perdoar quem nos quer tirar o pão.
às vezes escrever pode ser viver.
terça-feira, 29 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
domingo, 27 de julho de 2014
é anotar, é anotar
a maior diferença entre uma mulher inteligente e uma outra burra: enquanto que a inteligente consegue passar, com a maior das facilidades, por burra - a burra, por mais que se esforce, não consegue passar por inteligente.
a propósito, não é o humor e o riso o principal ingrediente para um manguito bem feito?
a propósito, não é o humor e o riso o principal ingrediente para um manguito bem feito?
sexta-feira, 25 de julho de 2014
uma pausa. posso dizer que descobri, a descoberta é sempre epifania, um sítio maravilhoso. seduz-me a completude dos temas e a interacção. seduz-me a partilha. seduz-me a valorização do outro enquanto manifestante de interesse. seduz-me a reciprocidade, não em si mesma enquanto instrumental, genuína.
a sedução é sempre poética: apenas porque tem de ser bela.
a sedução é sempre poética: apenas porque tem de ser bela.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
lá no carreiro das prendas, as da minha cadela apanho sempre, descobri amoras e faço como antes - como antes, quando o mundo não era mau: quando somos crianças o mundo não se nos apresenta mau, ou pelo menos não lhe sentimos os males assim. e apanho quatro ou cinco, ainda frescas de geada, mastigo-as bem até sentir os pequenos gomos estalarem nas covas dos dentes. lá no carreiro há beleza como havia antes.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
terça-feira, 22 de julho de 2014
segunda-feira, 21 de julho de 2014
falatiooglar
não consigo caber-me no riso: uma pesquisa de notícias sobre estética oral remetem imediatamente para sexo oral. o Google deve andar carente de língua. eu que pensava que o gajo era um fala-barato. afinal será mais um falatio - barato.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
terça-feira, 15 de julho de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
azarito
até pode ser uma vergonha do caraças - mas eu cá tenho nenhuma. o isqueiro pifou e sempre que vou levar a cadela fumo um cigarro slim de mentol. levo, obviamente, a caixa de fósforos gigante para acender o fogão já que me esqueço de comprar um isqueiro novo. e, ao que parece, não deve ser muito normal - a avaliar pelos esgares de quem por mim passa... ou será porque metade do cigarro fica preto?
apetece-me abba em título de descanso. mal abri a pestana, ainda havia nevoeiro, lembrei-me da minha avó Carolina que me adorava. sempre fui a neta preferida, essas coisas sabem-se porque se sentem. e sentir é o meu reino. certa vez, teria uns dez anos porque sei que estava com a saia amarela que me ofereceu, disse-me assim: eu já estou velha mas ouve bem isto: quando um homem quer uma mulher não tem dúvidas e um dia vais perceber isso. agora estou cheia de saudades do picho que eu lhe fazia e das peles que eu banhava. terá sido nessa altura que comecei a desdenhar das guloseimas: eram sacos que ela me dava e que, esgar enjoado, nem sequer tocava. que saudades.
domingo, 13 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
desde há uns meses que aqui em casa as conversas giram à volta do mesmo: o relato do jornal de notícias de fio a pavio. a coisa começa nos crimes, passa pelos males de saúde e termina com os títulos sobre a cena política. de vez em quando dá-me riso, que tenho de rapidamente disfarçar inventando pontes que justifiquem a risota perante as veias cortadas deste e daquele, não pelos relatos fiéis do meu pai, pelos filmes que imagino: aos crimes acrescento-lhes tragédia e às doenças, romance. quando chega à parte da porcaria do governo já estou em deleite puro nos aerosmith. mas na grande maioria das vezes perco o apetite, não pelos conteúdos em si, pela tristeza que é ter de almoçar todos os dias com este ruído do JN de fundo.
hoje tive uma ideia, durante a saga, para um anúncio: está farto de dietas rigorosas que não produzem os efeitos que deseja? está cansado de fármacos inibidores do apetite? venha almoçar à residência do Freitas, maravilhoso pasto confeccionado em beleza, poesia na mesa, e diga à gordura a mais: sai, anda, que m'ajeitas!
hoje tive uma ideia, durante a saga, para um anúncio: está farto de dietas rigorosas que não produzem os efeitos que deseja? está cansado de fármacos inibidores do apetite? venha almoçar à residência do Freitas, maravilhoso pasto confeccionado em beleza, poesia na mesa, e diga à gordura a mais: sai, anda, que m'ajeitas!
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