foi em 2004 que Jum Nakao deu a conhecer ao mundo a costura invisível. muito mais do que roupas e estilo, o criador pretendia mostrar como a moda pode ser usada como instrumento para instigar o pensamento, na perspectiva de que são as roupas que, fisicamente, nos separam do mundo. nascia, assim, na São Paulo Fashion Week, a provocação da inquietação e consequente reflexão na moda - algo que parecia, de todo, impossível: Nakao confeccionou roupas em papel aptas a serem rasgadas durante o desfile: até que ponto anda a humanidade interessada além das formas?
numa época em que a aparência vale quase (senão) tudo - assemelhando-se à corte francesa de luxo e etiqueta, em muito ditada pelas regras da igreja católica para destrinçar os polidos dos rudes - vale, sim, abanar as estruturas sociais que se alimentam da imagem. mas não é esse, igualmente, o alimento de Nakao? depois do desfile e da minhoca lançada, surgiram-lhe imensos convites de moda, televisão, teatro, cinema. não haverá aqui um paralelismo ente Nakao e Hume pela simples demarcação de um estilo? sim, é que Hume também se interessou pela sedução das indomentárias para servir a reflexão e acabou por gostar de viver, em luxo, em Paris. lá está, são poucos os que não se vendem em nome do que fazem, supostamente, a bem do mundo. tretas. conversa de esfomeados e sedentos de ambição e de protagonisto e de exibicionismo e de vaidade. são estes, afinal, a minhoca e o peixe.
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