se há parte de que gosto nada é aquela em que sou uma espécie de esponja, ou cogumelo, que absorve o que faz mal e bem aos outros como se a mim fizesse também. e faz. quando é o bem, ainda bem, quando é o mal toca a afectar o meu rico sono como se de repente o sono me obrigasse a acordar dele, abanão, talvez para me impedir de ter pesadelos, não sei, visto e escutado assim até que pode ser um sono amigo, acorda-me por prevenção. agora fiquei a pensar no que será pior: a insónia, fico a ouvir o arfar da ventoínha na imensidão da noite, ou o pesadelo que é aquela ilusão de sono reparado visto que quando acordamos parecemos um burro cansado. só sei que não é justo, fico arreliada, ando o dia todo cansada, não queria ser uma esponja ou um cogumelo. queria ter um vidro de protecção que me velasse o meu rico soninho para o meu rico soninho me cobrir com toda a sua atenção. e se assim fosse, como assim tem de ser e como às vezes é, então eu podia sonhar todos os dias com o meu amor todo em riste e descansar como quem deliciosamente só assiste com os olhos a brilhar, estrelas contentes, e o sorriso a rasgar prados e montes.
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