sexta-feira, 4 de novembro de 2022

!ai! como eu queria

conseguir lamber-lhe os medos

(e os meus também)

deitá-lo na minha confiança

sempre acabadinha de lavar

perfumada nos lençóis

abrir-lhe as minhas janelas amarelinhas de tule

levezinho rio para lhe dar o mar

e tirar o cor de rosa ar

(suspiro)

cozinhar-lhe petiscos ao ouvido

e ao pé

apurar o caldo que nem eu lembro como é

não

não posso ter esquecido

(eu sei)

se  está pois por descobrir

(!rapariga!)

essa poção mágica que eu sei

que só sei sentir tratar-se de sem igual elixir

e depois embrulho beijos atrás de beijos

e rego-me como se fosse a chuva vermelha no quintal

imagino as flores acabadinhas de colher

frescos aromas que percorrem a pele e os montes e o feno

de alegrias juntinhas e justinhas que fazem coro e me fazem corar

cabelos de fazenda que nele se enrolam só para ele os afastar

fio.a fio

tão curto só pode ser o meu pavio na maratona de o rolhar

depois os meus olhos são dragões

(pois claro)

nada é morno

(era o que faltava)

fogo que amanhece e anoitece logo no início do beijo em flor

esse beijo carregadinho de pejo bom muito bom

presciente leão desejo

arrebatador saxofone como se fosse marmelada com queijo

na regueifinha apimentada de caril d' amor

é a fruta da árvore do meu desejo doutor

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