segunda-feira, 21 de novembro de 2022

brilhantes por toda a parte

a árvore da pintura bonita que vi é azul

, azulona, 

monocromatico azul forte

como não é o céu e o mar

a minha é despropositadamente inacabada

para cima e para os lados

carregadinha de turquesa a roçar o olhar

e com as delícias do mundo como se fosse

, e é, 

um jardim-pomar

pode com tudo esse tronco branquinho que o segura

segurado pelas raízes fundas

tão fundas que parecem carreirinhos de água entranhados em poros de terra e orlas de rio que desliza o ar ao mar

depois os brilhos que não se vêem

que fotógrafa mediocre que eu sou

, que carago, 

não consigo captar

se calhar sou avessa à lente

, sei lá eu, 

como estava a dizer

os brilhos são isso mesmo

, não há segredo,

brilhantes por toda a parte

como se viver fosse

, e é, 

sem saber como fazer

a minha maior arte



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