estou cada vez mais certa de que a idade, a frequência acumulada de tempo de vida, traz-nos sabedoria. eu já sabia de que o meu pai é o nosso herói, mas duvidei que conseguisse lidar de forma tão serena com uma situação tão devastadora. estou que não me aguento, emocionalmente devastada, a conversa foi triste e dura como só o que é importantemente inadiável na tragédia pode ser. e ainda estive a tentar convencê-lo a comprar a casa, investir no imóvel, e ser senhorio da minha irmã, tudo legalmente preto no branco. pode ser que sim, oxalá que sim, é a única forma de ser justo com todos os filhos e de ajudá-la. quem me dera que alguém tivesse, algum dia, ter-se lembrado de me ajudar assim, penso, choro, antes de entrar no meu paraíso do sono. assim espero, espero que esta noite me faça um acordar leve e fresco. é bom sentir a leveza de não mais guardar um segredo tão pesado sozinha. é bom.
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