muito chorei. pensei tanto em escrever-lhe uma carta, contar-lhe ao mimímetro o que está corroer-me os poros, toda eu sou poros de onde sai e entra água, toda eu carrego a leveza de um fardo tão pesado que me esgana os nervos e me acelera o fluxo vermelho. toda eu sou tranquilidade revolta e ciclone de flores e musgo em volta dos poros. do cabelo é onde os poros se agarram mais, tanta água que sai e depois entra e depois ferve. e depois os olhos que se fecham para as gotinhas sairem meiguinhas, os olhos são os poros mais delicados de todos, o mijo é que não, está sempre a querer arredar-se com pressa, sempre a impor-se durante a noite, anda lá levanta-te, já vou, peço-lhe que espere mais um pedacinho mas não adianta. ainda há as águas presas no baixo ventre, essas são as preguiçosas que teimam em não sair. fico a ouvir a roz mas elas acorrentam-se como se estivessem, e estão, a pedir a roz de perto, já não lhes chega a distante. hoje queria muito escrever-lhe uma carta. desisti. também os dedos me bloqueiam. se calhar estou a ficar um pouco mais louca e mais velha, não sei, está tudo difícil.
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