sábado, 16 de agosto de 2014
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
há pouca coisa tão difícil como reprimir o sentir. ter uma colónia de pulgas em casa que veio em um tapete de um familiar também é? não. é bastante fácil de resolver, até. o tapete vai para o lixo, todos os outros têm de ser escaldados, a casa limpa até ao avesso e a cadela catada. o importante mesmo é acabar com o ciclo de vida das pulgas porque os desparasitantes só actuam em adultas.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
ultimamente isto só vai lá com pausas. ora se terminei o meu primeiro curso há dezasseis anos, já não via este colega seguramente há dezoito ou dezanove - isto porque quase todos desistiram a meio e os poucos que restaram nem sequer chegaram a fazer e a defender o estudo. apareceu-me agora e achei piada ao que disse: estou na luta a tentar vender charcutaria por esse mundo fora. achei uma forma simples e divertida de interpretar - que pode não corresponder ao que ele disse - que anda a encher chouriços.
lembro-me de que não tinha grande paciência para aturá-lo na altura. estava sempre a falar e tinha uma voz áspera. era imensamente alto e obrigava-me a levantar muito a cabeça para olhar para ele.
só podia mesmo ser vendedor, tem jeito. só espero que não seja dos que dizem: boas, é sempre um gosto ouvi-la, blábláblá. a dizer isto e com aquela voz áspera até as salsichas dão de frosques.
lembro-me de que não tinha grande paciência para aturá-lo na altura. estava sempre a falar e tinha uma voz áspera. era imensamente alto e obrigava-me a levantar muito a cabeça para olhar para ele.
só podia mesmo ser vendedor, tem jeito. só espero que não seja dos que dizem: boas, é sempre um gosto ouvi-la, blábláblá. a dizer isto e com aquela voz áspera até as salsichas dão de frosques.
salobrar
nem o Freud ever conseguiu explicar how sonhos podem ser tão reais. começo a achar que ler muitos artigos em inglês, já ando fartinha, ando fartinha de tudo ali no ganha pão, agora apetece-me dizer que antes de ganha pão é mais ganha pão ralado, ou côdeas, é mais côdeas, picam-me o pensamento com esta coisa de língua salobra. e que interessa isso? interessa tanto como os sonhos de olhos fechados. é como ir ao cinema. quer dizer, como ir ao cinema não - já que podemos sair a meio ou fazer com que o pote enervante das pipocas de alguém se desfaça no chão. no cinema podemos controlar a tela pelo livre arbítrio. os sonhos são outra coisa, são desejos ou então repulsas. mas está tudo lá com cada pormenor que acordados nem tínhamos dado conta. quer dizer, pormenores é comigo e os meus sonhos são o cúmulo do pormenor - um arraial minhoto de pormenor, bem visto. talvez chore. ou talvez não me dê para chorar, só para pensar. o que importa sempre, pés em pontas de chão que pés chatos dispenso - é razão a mais, é não fazer viver a ilusão.
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
a propósito deste título tão sugestivo: é mentira; mas é verdade. é verdade que já ninguém escreve cartas de amor. mas é mentira no ninguém. o ninguém é demolidor e rasga-me o peito. ninguém o tanas.
domingo, 10 de agosto de 2014
superioridade inata
há pessoas que não precisam de conquistar a superioridade porque já nascem com ela - uma superioridade na alma que incomoda e que enfraquece os mais fracos. curiosamente, os mais fracos são os que precisam de usar a autoridade e a maldade para sobressaírem. e esses ganham, de facto. ganham o prazer de chafurdarem na humilhação que praticam e dão a provar aos que já nascem superiores.
não deixa de ser triste. mas o que vale é que a superioridade inata é adepta da alegria.
sábado, 9 de agosto de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
sou uma bafo girl
há uns anos morri. boa parte da minha memória quilhou-se toda. fiquei desfeita com o filho da puta do Platão. espontaneamente, fui-me tornando em uma mulher de bafos. dou o destaque às emoções, boas ou más, que elas merecem - e é só. sou, quero ser, hoje, com um orgulho enorme e sorriso incontrolável, uma bafo girl.
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
que coisa linda
as ervas curvam-se e as flores esticam as pétalas
os cães abanam os rabos e arrebitam as orelhas
coçam-se
as moscas procuram o perfume e as cobras fazem-se erectas sem o cochear das curvas
o mar recorta-se nas fímbrias e os rios mudam de fluxo
molham-se
as paredes desenham-se em perda da cal e o chão da estrada acetina-se
renascem
a água ganha cor e o vinho do meu porto envelhece-se a primor
que coisa linda, urtiga de calor
as ervas curvam-se e as flores esticam as pétalas
os cães abanam os rabos e arrebitam as orelhas
coçam-se
as moscas procuram o perfume e as cobras fazem-se erectas sem o cochear das curvas
o mar recorta-se nas fímbrias e os rios mudam de fluxo
molham-se
as paredes desenham-se em perda da cal e o chão da estrada acetina-se
renascem
a água ganha cor e o vinho do meu porto envelhece-se a primor
que coisa linda, urtiga de calor
domingo, 3 de agosto de 2014
julgo que as etiquetas me chamam bruxa
gostava muito de conseguir abrir embalagens sem as destruir - assim como ter a minúcia para desenrolar, pela primeira vez, um rolo de papel higiénico sem ter de lhe arrancar cinco ou seis folhas. adorava experimentar soutiens pela via normal, isto é, desapertá-los no início e não no fim. quem me dera conseguir enfiar um corpete delicadamente, apertando colchete a colchete - ao invés de enfiá-lo pela cabeça sempre a pensar que estou a fodê-lo todo e mesmo assim continuar. quem me dera gostar de sacos plásticos, aceitá-los sempre que vou às compras e evitar ficar com a minha mala gorda como uma tomata.
só não gostava de não me importar com perdigotos nos espelhos, ignorá-los como fazem os outros, deixá-los secar e vê-los mancharem-nos a pele. isso não. nem isso nem manter as etiquetas intactas, aquelas inoportunas fontes de comichão e de ocupação de espaço que mal me cheguem sabem que serão decapitadas, sorriso estridentemente maléfico em vassoura voadora, sem pingo de misericórdia.
só não gostava de não me importar com perdigotos nos espelhos, ignorá-los como fazem os outros, deixá-los secar e vê-los mancharem-nos a pele. isso não. nem isso nem manter as etiquetas intactas, aquelas inoportunas fontes de comichão e de ocupação de espaço que mal me cheguem sabem que serão decapitadas, sorriso estridentemente maléfico em vassoura voadora, sem pingo de misericórdia.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
noto bem tratar-se de um homem, não sexualmente carente, ougado. o que é um homem ougado? tendo sempre uma fêvera à disposição, fêvera que come quando lhe dá os calores e não porque ela lhe provoca os calores, olha para cada mulher que passa como se tentasse descobrir um frango do campo. e, sem coragem para escolher o frango do campo, continua a comer a fêvera fazendo, apenas, leves variâncias entre o bem e mal passada. ai que tristeza!
quando a boca ganha vida própria
vocês são, de facto, muito funcionais: os meus pêsames.
(esgares de desagrado)
desculpem, não foi isso que quis dizer. o que eu quis mesmo dizer é que não há, entre vocês, um pingo de amor.
(nestas alturas a terra havia de se abrir toda só para mim)
(esgares de desagrado)
desculpem, não foi isso que quis dizer. o que eu quis mesmo dizer é que não há, entre vocês, um pingo de amor.
(nestas alturas a terra havia de se abrir toda só para mim)
quinta-feira, 31 de julho de 2014
fiquei sem jeito. como se diz a um homem velhote que vai na rua todo torto e com o fecho aberto das calças que tem a pila de fora? primeiro tive de calar a boca porque a minha espontaneidade gera muitas vezes mal entendidos. depois, já em rescaldo de língua travada e razão a funcionar, pensei em usar gestos e apontar mas rapidamente a ideia se foi por conta de não saber exactamente o que ele poderia interpretar, já que não faltam casos de homens ardidos que o fazem propositadamente. depois ainda pensei em dizer: está com o fecho aberto. mas a questão não era essa: a tripa da questão era mesmo a pila enfarinhada que ia de fora, assim para o lado caída, como se em sufoco precisasse de ar.
sei que o velhote vai ser gozado até chegar ao destino porque não lhe disse que leva a pila de fora. mas como dizer a alguém, sem ser mesmo assim, que leva a pila de fora?
sei que o velhote vai ser gozado até chegar ao destino porque não lhe disse que leva a pila de fora. mas como dizer a alguém, sem ser mesmo assim, que leva a pila de fora?
quarta-feira, 30 de julho de 2014
é normal acordarmos com um texto profissional na ponta dos dedos? a estrutura, cada palavra, cada vírgula. às vezes escrever pode ser a única forma de termos voz; às vezes escrever pode ser a única maneira de sermos donos dos princípios e dos valores, não da cadeira do poder, aquilo que vale a pena ser.
às vezes escrever salva-nos de nós próprios - de assimilarmos a revolta que faz odiar quem, estrategicamente, querendo levar-nos ao limite, tentando desfazer-nos as entranhas da dignidade, nos ameaça a pele.
às vezes escrever pode ser uma prova de amor próprio garantindo-nos a paz que nos faz perdoar quem nos quer tirar o pão.
às vezes escrever pode ser viver.
às vezes escrever salva-nos de nós próprios - de assimilarmos a revolta que faz odiar quem, estrategicamente, querendo levar-nos ao limite, tentando desfazer-nos as entranhas da dignidade, nos ameaça a pele.
às vezes escrever pode ser uma prova de amor próprio garantindo-nos a paz que nos faz perdoar quem nos quer tirar o pão.
às vezes escrever pode ser viver.
terça-feira, 29 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
domingo, 27 de julho de 2014
é anotar, é anotar
a maior diferença entre uma mulher inteligente e uma outra burra: enquanto que a inteligente consegue passar, com a maior das facilidades, por burra - a burra, por mais que se esforce, não consegue passar por inteligente.
a propósito, não é o humor e o riso o principal ingrediente para um manguito bem feito?
a propósito, não é o humor e o riso o principal ingrediente para um manguito bem feito?
sexta-feira, 25 de julho de 2014
uma pausa. posso dizer que descobri, a descoberta é sempre epifania, um sítio maravilhoso. seduz-me a completude dos temas e a interacção. seduz-me a partilha. seduz-me a valorização do outro enquanto manifestante de interesse. seduz-me a reciprocidade, não em si mesma enquanto instrumental, genuína.
a sedução é sempre poética: apenas porque tem de ser bela.
a sedução é sempre poética: apenas porque tem de ser bela.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
lá no carreiro das prendas, as da minha cadela apanho sempre, descobri amoras e faço como antes - como antes, quando o mundo não era mau: quando somos crianças o mundo não se nos apresenta mau, ou pelo menos não lhe sentimos os males assim. e apanho quatro ou cinco, ainda frescas de geada, mastigo-as bem até sentir os pequenos gomos estalarem nas covas dos dentes. lá no carreiro há beleza como havia antes.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
terça-feira, 22 de julho de 2014
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