quinta-feira, 27 de novembro de 2014
tive mesmo de parar para vir dizer isto. é cravanços em todo o lado agora? para-se o carro nos semáforos e vêm com ajax limpar os vidros mesmo que não tenham cagadelas; estaciona-se a viatura por dois minutos e pedem-nos um euro para coçarem a micose do vício; pega-se em um bombo e pimba, os escuteiros tocam às portas ao domingo como se a inventarem um santo qualquer; o Paulo Querido aqui há uns meses andou a cravar o pessoal para publicar notícias sem se dignar, sequer, a responder às questões que lhe coloquei como se eu fosse acéfala. e agora a wikipédia anda a cravar, pelo menos, pelo menos note-se, €3 para quem a consulta? que é isto? que cravanço digital é este agora? puta que pariu os moinantes deste mundo. não percebo. só eu borro-me toda até ter mesmo de pedir alguma coisa a alguém.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
tanto se especula, tanto se diz e nada se sabe. do filme que se ouve, consta-se o pior, prende-se o bandido, lança-se a dúvida e instala-se o medo. e se é verdade? porque pode ser verdade, quero tanto que não seja, tudo o que acreditei, as esperanças que plantei. mas pode ser verdade. e neste momento sinto-me tal e qual como quando vou ao ginecologista, entra uma mão estranha e mexe e depois despe aqui e apalpa acolá, desconforto total, vergonha completa, vontade de fugir, apressar mentalmente o tempo para que outro tempo chegue - o tempo da tranquilidade. neste caso, o tempo da verdade vai ter de chegar - seja uma verdade boa ou má, uma verdade que me destroce ou me encha de orgulho; uma verdade que me dilacere o castelo conjunto e que deixe ficar só o meu, sempre só o meu, mais uma vez só o meu.
estou em dissonância cognitiva: aquilo que eu quero muito não se coaduna com o que está acontecer e em grande parte porque eu nem sequer consigo saber o que está a acontecer.
estou em dissonância cognitiva: aquilo que eu quero muito não se coaduna com o que está acontecer e em grande parte porque eu nem sequer consigo saber o que está a acontecer.
domingo, 23 de novembro de 2014
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
adoro a minha impressora, ai! como me diverte! quando me diz, amiúde, com aquela voz feminina altiva e com sotaque brasileiro: carregue seu alimentador automático; o seu tinteiro está no final, derrete-me de riso. às vezes até repito a operação só para ouvi-la e rir-me toda com ela. é uma boa amiga. faz-me rir e tem sempre presente uma boa frase nas horas de maior dificuldade.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
está bem, há conversas em que não nos livramos que nos chamem de insensíveis e de obscenos. mas que interessa isso se sabemos que dizemos a verdade ao mesmo tempo que isso nos diverte precisamente por ser verdade? a parte positiva, bem positiva, aliás, de chegarmos à idade adulta sem um dos pais é a de só termos de cuidar de um na hora da doença. é ou não é? e a parte mais do que positiva, mais uma, de não ser casada é a de não ter de cuidar dos sogros na hora da doença.
ora já são menos três para aviar de enfermidade. e se isto não dá vontade de rir, uma risota estranha que nem é mau sangue nem mete mel, vou ali e já venho.
ora já são menos três para aviar de enfermidade. e se isto não dá vontade de rir, uma risota estranha que nem é mau sangue nem mete mel, vou ali e já venho.
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
mas que coisa piolhosa é aquela que agora pegou no FB de se ofertarem pequenos filmes(?), uma receita igual e reles, como prova de amor e de amizade? é que se alguém ousasse fazer-me uma merda daquelas, desconfio que só tinha vontade de dizer: um sumo com um saco inteirinho de farinha de linhaça e desejar muitos rolos de papel higiénico à mão. que carago de foleirice.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
dou imenso valor aos questionários que os hospitais enviam, após as intervenções, para efeitos de qualidade - de outra forma, como melhorar? mas depois, no fim, lá vem a parte da assinatura. não tem mal algum, obviamente, mas podiam ter o cuidado de não dizer que se destina apenas para efeitos de qualidade. o que interessa o nome do meu pai ou do zé do pipo para a qualidade dos serviços e dos equipamentos? acaso vão melhorá-los para que a intervenção deles, a seguinte, seja ainda com mais sucesso - isenta de falhas e de não conformidades? será, isto, verdadeiro falhanço, uma falha na detecção de falhas.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
riso, muito riso, por ser uma situação atípica. estão os dois reformados e ela manda e muito: tem uma voz grossa e bastante sonante que sabe ordenar. ele não fala, ou quando o faz é baixinho. e, de vez em quando, a única resposta de vem dela é um cala-te. o homem passa o dia a estender e a apanhar roupa, a varrer o pátio e a fazer recados - pelo menos todas as partes do dia, todas juntas, umas cinco, em que consigo apreciar. e rir, rir para não chorar. confesso que me causa imenso desconforto - tanto a autoridade como a subserviência. a minha vontade é a de pendurá-los aos dois na corda. e ao contrário, até ficarem roxinhos.
nunca quis que ela tivesse bebés pela simples razão de ficar excluída a hipótese de não ficar com os seus tesourinhos todos. isto por um lado. por outro, também nunca quis castrá-la por me recusar a querer tirar-lhe vida, deixá-la seca e apagada - sem aquela alegria tão contagiante. e estas decisões, pode não parecer, estão em perfeita harmonia com o que também ela quer, conversamos pelo olhar. a prova disso foi ainda agora de manhã cedo. ele a rondá-la, anda sempre, e hoje ousou meter-lhe a pata em cima para a montar. qual não é o meu espanto, nunca a tinha visto assim, quando vejo uma valquíria em grito de valquiranga, completamente passada, aguerrida e a espantar o cão-gajo que ousou tocar-lhe sem que ela consentisse. a minha alegria foi tanta que, ao pequeno almoço, teve direito a mais um rolinho extra de fiambre e a lamber três vezes a minha colher de iogurte natural com sésamo.
viva a valquíria valente e vonita!
viva a valquíria valente e vonita!
domingo, 16 de novembro de 2014
jantar com um casal de amigos pode ser o mesmo que jantar com um par de sósias. reparar que fazem as mesmas actividades, gostam das mesmas coisas, usam as mesmas expressões, ouvem a mesma música e até se riem das mesmas coisas. sempre em conversa a quatro - com ele, com ela, com ambos e principalmente comigo mesma -, apercebo-me nitidamente que só um deles está apaixonado pelo outro já que um deles está apenas apaixonado por si e pela ideia de ter o outro apaixonado por si - e daí aquela relação ridícula que mais parece um espelho. Ao mesmo tempo ela é a mamã e ele o bebé com o paradoxo de ser o bebé o imitável. e depois, como pode ela querer ficar a ser uma mamã apaixonada por um bebé que sente que não é apaixonado por si? sim, porque na conjugalidade tem de haver amor com paixão ou mais vale a orfandade, já que o amor e a paixão não são de aviário. e isso sente-se, não há hipótese alguma de ela não o sentir por mais até que ele finja.
vim para casa a pensar para que raios querem as pessoas relações conjugais assim; em que ponto, ao não existir individualidade, se convencem que se sentem felizes e até que ponto consideram que o amor e o prazer se fazem de imitações e de subserviências e de enganos e de mentiras. conclusão: quanto mais relações conheço mais concluo que o motivo por que as pessoas se juntam é tão simples como o dos intestinos que está para a sanita.
vim para casa a pensar para que raios querem as pessoas relações conjugais assim; em que ponto, ao não existir individualidade, se convencem que se sentem felizes e até que ponto consideram que o amor e o prazer se fazem de imitações e de subserviências e de enganos e de mentiras. conclusão: quanto mais relações conheço mais concluo que o motivo por que as pessoas se juntam é tão simples como o dos intestinos que está para a sanita.
sábado, 15 de novembro de 2014
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
sentimo-nos felizes quando nos compreendem. durante o exame: porque o sexo é apenas um grão de areia perante a praia que é a sexualidade, disse o médico. que imagem tão linda, declarei, com o meu esgar de contentamento. e, em risos, rematei: o sexo tântrico pode durar quatro horas, pois claro, já que deve incluir pasto, conversa, brincadeira, muito riso e coito. certo? o sorriso agora vinha do outro lado, um sorriso de uma figura sábia quase a roçar a terceira idade. é isso mesmo. isso que disse é coisa rara, mas também certa. sabe que há estudos em estudo que pretendem confirmar que o excesso de relações sexuais podem ser fonte de doença. mas em lado algum, digam o que disserem, está provado ou por provar que a ausência de sexo - e não de sexualidade - traz enfermidade.
há exames que podiam durar um dia inteiro.
há exames que podiam durar um dia inteiro.
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
terça-feira, 11 de novembro de 2014
antigamente eu acho que morria um pouco sempre que, todos os anos, em um dia certo, a minha mãe - por frequência acumulada de anos - celebrava mais um aniversário de morte. agora não. o dia não passa despercebido mas já não é triste. aprendi desde muito cedo a viver sem ela e nem sequer sei como seria se ela tivesse ficado. mas como não ficou, é estranho pensar em um presente de ausência que não faz falta - a falta remete-me para uma hipótese e, por isso, para uma ausência também.
é mais ou menos assim, uma brisa fininha e tranquila
é mais ou menos assim, uma brisa fininha e tranquila
modernidade por um fio
há, agora, ou já havia antes e agora é moda, umas correntinhas de colocar no pescoço com o nome das mulheres bem esticado. será uma forma de andar, pois claro, nas bocas do mundo através da personalização do cumprimento. a Vânia vai à padaria, que nem sequer é a habitual, e o padeiro diz: bom dia Vânia! depois entra no autocarro e mesmo antes de mostrar o passe já está o motorista a dizer: bom dia Vânia!. depois anda na rua e os assediadores homicidas da Fernanda Câncio, aqueles que dizem olá coisa linda, já podem substituir a coisa por Vânia: olá Vânia linda!
ora a coisa ficando mais intimista já parecerá coisa de artista. é que senão, daqui a nada até a coisa mais linda que ele viu passar em Ipanema vai ser motivo de crónica de cortar à faca as erecções a favor de mulheres anónimas tantas décadas depois.
ora a coisa ficando mais intimista já parecerá coisa de artista. é que senão, daqui a nada até a coisa mais linda que ele viu passar em Ipanema vai ser motivo de crónica de cortar à faca as erecções a favor de mulheres anónimas tantas décadas depois.
domingo, 9 de novembro de 2014
sábado, 8 de novembro de 2014
surrealismo do real
durante uma intervenção da NOS para alteração do serviço:
ele - não posso configurar, não tenho autorização, uma vez fiz isso e tive de pagar a mensalidade
eu - mas então eu pego no comando, o senhor diz-me e faço eu. mas não sai daqui sem configurar
ele - pode ser
eu - então qual é a diferença?
ele - é que eu não tenho autorização
ele - e vives aqui sozinha?
eu - não
ele - então o teu marido não está?
eu - também não
ele - não és casada?
eu - não
ele - risos
eu - está a rir-se do quê?
ele - mas tens irmãos?
eu - tenho
ele - e o cão, tens há muito tempo?
eu - é uma cadela
ele, eu tenho mulher e um filho de quinze anos
eu - pois
ele - de sessenta passou para cento e vinte quilos com a doença
eu - tem de ajudá-la então
(passou entretanto uma hora desde que chegou)
eu - então qual é o problema?
ele - vai ficar sem telefone dois dias
eu - porquê?
ele - há uma falha
ele - e então dizem que o leite faz mal?
eu - pois
ele - e sabes porquê?
eu - só sei que os mamíferos adultos não precisam dele para nada
ele - então não bebes leite?
eu - quando me apetece
ele - estou a mandar cv's para Moçambique, não espero nada deste país. mas depois fico por lá, no meio das pretas, aquilo nem é bem mulheres mas não vou ficar a seco, percebes? faço outra família e mando dinheiro
eu - e isso demora muito?
ele - vou aproveitar para ver o euromilhões, assim se me sair já não vou para casa
eu, e veja também a internet se já funciona
ele - está tudo bem, assina aqui
(duas horas depois de ele ter chegado e depois de ter saído)
NOS - estamos a ligar -lhe para saber se está tudo bem
eu - não, o técnico foi embora e entretanto não tenho ligação à internet
NOS - vamos ligar-lhe para ir aí novamente
(meia hora depois)
eleoutro - oi, o meu colega pediu para eu vir cá
eu - é que a internet não funciona
ele - vou mudar o equipamento. mas se não der, o problema é do seu computador
eu - como? então se deu antes do seu colega ir embora como é que pode ser do meu computador?
(duas horas depois)
ele - eu estou fazendo tudo para ajudar mas você vai ter de tirar o vista, esse só dá problema e é por isso que não tem rede
eu - como? deve estar a brincar comigo
ele - mas eu vou ver melhor
ele - entretanto acede pelo telemóvel ao FB, ouvem-se as notificações, vê um vídeo de putaria e faz duas chamadas - ambas sem o efeito desejado: oi querida, sim vim quebrar um pepino de um colega mas depois de sair daqui posso passar aí.
(quatro horas depois de ter chegado)
ele - olha, moça, vou-lhe deixar o cabo de rede porque só assim é que dá
eu - o senhor vai é desaparecer daqui agora que eu estou mesmo cansada e já sem paciência
ele - eu vim te fazer um favor, cacete!
eu - o senhor veio fazer um favor ao seu colega. mas agora vai-me fazer um favor a mim e vai embora daqui que eu depois entendo-me com a NOS. já não posso ser obrigada a vê-lo nem ouvi-lo nem cheirá-lo
ele - tem de mudar de computador, trocar o sistema operativo
eu - é que nem pense. saia por favor
e lá me deixou o cabo de rede com o tamanho de uma tringalha de boi que mal chega ao sofá quanto mais à secretária. antes de dormir pensava ardentemente em fazer duas coisas no dia seguinte: ligar à NOS e desinfectar a casa para eliminar os resquícios das duas carraças de aspecto e conversa pouco asseada.
ele - não posso configurar, não tenho autorização, uma vez fiz isso e tive de pagar a mensalidade
eu - mas então eu pego no comando, o senhor diz-me e faço eu. mas não sai daqui sem configurar
ele - pode ser
eu - então qual é a diferença?
ele - é que eu não tenho autorização
ele - e vives aqui sozinha?
eu - não
ele - então o teu marido não está?
eu - também não
ele - não és casada?
eu - não
ele - risos
eu - está a rir-se do quê?
ele - mas tens irmãos?
eu - tenho
ele - e o cão, tens há muito tempo?
eu - é uma cadela
ele, eu tenho mulher e um filho de quinze anos
eu - pois
ele - de sessenta passou para cento e vinte quilos com a doença
eu - tem de ajudá-la então
(passou entretanto uma hora desde que chegou)
eu - então qual é o problema?
ele - vai ficar sem telefone dois dias
eu - porquê?
ele - há uma falha
ele - e então dizem que o leite faz mal?
eu - pois
ele - e sabes porquê?
eu - só sei que os mamíferos adultos não precisam dele para nada
ele - então não bebes leite?
eu - quando me apetece
ele - estou a mandar cv's para Moçambique, não espero nada deste país. mas depois fico por lá, no meio das pretas, aquilo nem é bem mulheres mas não vou ficar a seco, percebes? faço outra família e mando dinheiro
eu - e isso demora muito?
ele - vou aproveitar para ver o euromilhões, assim se me sair já não vou para casa
eu, e veja também a internet se já funciona
ele - está tudo bem, assina aqui
(duas horas depois de ele ter chegado e depois de ter saído)
NOS - estamos a ligar -lhe para saber se está tudo bem
eu - não, o técnico foi embora e entretanto não tenho ligação à internet
NOS - vamos ligar-lhe para ir aí novamente
(meia hora depois)
eleoutro - oi, o meu colega pediu para eu vir cá
eu - é que a internet não funciona
ele - vou mudar o equipamento. mas se não der, o problema é do seu computador
eu - como? então se deu antes do seu colega ir embora como é que pode ser do meu computador?
(duas horas depois)
ele - eu estou fazendo tudo para ajudar mas você vai ter de tirar o vista, esse só dá problema e é por isso que não tem rede
eu - como? deve estar a brincar comigo
ele - mas eu vou ver melhor
ele - entretanto acede pelo telemóvel ao FB, ouvem-se as notificações, vê um vídeo de putaria e faz duas chamadas - ambas sem o efeito desejado: oi querida, sim vim quebrar um pepino de um colega mas depois de sair daqui posso passar aí.
(quatro horas depois de ter chegado)
ele - olha, moça, vou-lhe deixar o cabo de rede porque só assim é que dá
eu - o senhor vai é desaparecer daqui agora que eu estou mesmo cansada e já sem paciência
ele - eu vim te fazer um favor, cacete!
eu - o senhor veio fazer um favor ao seu colega. mas agora vai-me fazer um favor a mim e vai embora daqui que eu depois entendo-me com a NOS. já não posso ser obrigada a vê-lo nem ouvi-lo nem cheirá-lo
ele - tem de mudar de computador, trocar o sistema operativo
eu - é que nem pense. saia por favor
e lá me deixou o cabo de rede com o tamanho de uma tringalha de boi que mal chega ao sofá quanto mais à secretária. antes de dormir pensava ardentemente em fazer duas coisas no dia seguinte: ligar à NOS e desinfectar a casa para eliminar os resquícios das duas carraças de aspecto e conversa pouco asseada.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
animosidades, imaginação e outros futebóis
percebo pívias de futebol, reconheço, maradona, mas relações e imaginações inter e intrapessoais é comigo: ora falei com virgílio ferreira e asseguro que no desporto, assim como no carnaval, é quando as máscaras caem para os ânimos mais íntimos. estaremos de acordo? não creio. caem, caríssimo, quando se trata de ogres primitivos que usam máscaras em todos os outros momentos da vida. e só caem porque nunca sem elas andaram. não sei se percebeste mas a ovação é que é uma bênção, caralhos tanto para a educação como para a neurose do ping-pong, retrato fiel do que se passa quando os participantes não estão no campo com holofotes apontados.
porque falar de criaturas verdinhas travessas que andam em guerra, e por isso em
glória, com os gnomos é lero-lero de quem só aquece um pratinho de sopa ao
invés de comer bacalhau com todos. é que
os goblins assumem-se como sendo portadores de uma força muito grande – uma
espécie de seres selvagens com inteligência muito limitada que vivem em
cavernas ou em pequenas cabanas construídas com paus e peles de animais: eis
que assim é que temos festa e animosidade!
vamos lembrar a primeira guerra mundial que levou os homens
e deixou ficar as mulheres – para ocuparem o lugar dos homens, pois claro.
havia muito que fazer em todos os sectores de actividade e estava na altura de
as mulheres arregaçarem as mangas, principalmente as mais instruídas que, por
isso mesmo, tiveram mais facilidade em aceitar tamanha mudança social: começava
assim uma vaga de feminismo onde as mulheres descobriam um mundo novo de
liberdades e de oportunidades. oopss: esqueceram-se do espírito desportivo dos
ogres primitivos. porque se não se tivessem esquecido estariam, a esta altura,
a chafurdar – em camisas de noite sexys e transparentes – na imaginação molhada
de lama do maradona – e a serem abençoadas, por aturar gajos que se fodem nos
dentes, enquanto fazem o jantar.
e depois há os corsos e as pilhagens que fazem parte do
mundo desportivo, tamanho legado deixado por manuel passanha para que o
desporto actual seja mesmo uma bênção. fazer reviver os piratas é preciso.
acrescentemos-lhes, aos piratas, chapéus tricórnios e ganchos dentro do campo,
carago!
insultemos, pois, os príncipes que resgatam a branca de neve
em representação da procura pela perfeição e a completude do desporto e dê-se,
c’um caralho, destaque e primazia à bruxa má, que é rainha e o simbolismo do
lado lunar do ser humano: a maldade e a frustração que tantas vezes nos fere a
nós mesmos em uma espécie de boicote – assim como a vaidade e a competição a
que o ser humano se submete com os outros. e quando se olha o espelho o que vê?
vê-se simplesmente a si. exalte-se a inteligência distorcida dos ogres
primatas, cáspite!
continua, caro maradona, a tratar o zorro valupi como um
fora da lei, sagaz e rápido como uma raposa à espanhola, que se veste de preto
e que defende o povo da califórnia contra os governos tirânicos e outros vilões
-, uma representação do bem pela cultura marginal que faz questão de humilhar o
mal, foda-se! porque a animosidade primitiva sem ser no amor e na cama é,
obviamente, mal.
continua, maradona abençoado, a homenagear dionísio, o deus
grego cópia do deus romano baco, dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da
insânia e da intoxicação que funde o bebedor com a deidade fanática do desporto
e da competição.
faz o apelo desmesurado e laxante ao sexo, vinho e muita sátira da roma antiga,
uma celebração colectiva em praça pública que colocava a nu a hierarquia social
em dias em que as entidades que mantinham a administração da cidade fechavam
para haver o deleite das obscenidades primatas do futebol. faz isso, exalta a
tua inteligência invertida e continua a sair da caverna.
pequena observação: tenta sucumbir às vertigens do kundera -
já que é das outras que sofres -, aquelas que são vontade de cair seguida de
arrependimento – porque de ogres primatas anda, sim, o futebol cheio.
censura e carnaval e riso
certa vez fui altamente censurada, não só mas talvez também, por ligar Shakespeare às redes sociais:
to be terr(a)ba. e not to beterraba, diz ela*
i) uma selfie, por aerógrafo com técnicas mistas e sem abusos
sou terra e margem de rio
ii) social media
in: sou terra fértil recomendada e margem de rio desde sempre
g+: sou mais terra e mais margem de rio
f: sou terra – ontem os bichinhos mexeram-me toda; e margem, molhada desde há
pouco, de rio… a sentir-se contente! (like, like,like!)
t: sou terra e margem de rio@ toda a hora
iii) engenharia da construção óbvia
sou terra
e margem de rio
iv) BASTA
ser terra
e margem de rio
brisa de ar fresca com cheiro leve
arrepio
doçura agreste
tingida
naturalmente tingida
até cozer demais tal e qual a cautela
o princípio da cautela é letal?
(o homem de Neandertal morreu de uma predisposição genética para resistir às
mudanças)
a propósito: e a tecnologia, enfurece-se?
ser terra e margem de rio
to be terr(a)ba. e estar.
*ela, a modernidade
agora junto-lhe, ao Shakespeare, como ele gosta, o carnaval:
to be terr(a)ba. e not to beterraba, diz ela*
i) uma selfie, por aerógrafo com técnicas mistas e sem abusos
sou terra e margem de rio
ii) social media
in: sou terra fértil recomendada e margem de rio desde sempre
g+: sou mais terra e mais margem de rio
f: sou terra – ontem os bichinhos mexeram-me toda; e margem, molhada desde há
pouco, de rio… a sentir-se contente! (like, like,like!)
t: sou terra e margem de rio@ toda a hora
iii) engenharia da construção óbvia
sou terra
e margem de rio
iv) BASTA
ser terra
e margem de rio
brisa de ar fresca com cheiro leve
arrepio
doçura agreste
tingida
naturalmente tingida
até cozer demais tal e qual a cautela
o princípio da cautela é letal?
(o homem de Neandertal morreu de uma predisposição genética para resistir às
mudanças)
a propósito: e a tecnologia, enfurece-se?
ser terra e margem de rio
to be terr(a)ba. e estar.
*ela, a modernidade
agora junto-lhe, ao Shakespeare, como ele gosta, o carnaval:
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
terça-feira, 4 de novembro de 2014
palavra de honra, da minha honra, que não consigo entender quem diz que depois do desporto não tem fome. é que os preliminares ainda estão a começar, tanto esforço ainda por vir na aula, e eu já só pensou no farnel que deixei preparado e pronto a cozinhar: sopinha de nabiças frescas e quase cruas, arroz sequinho, bifinhos de frango do campo suculentos, legumes salteados a saber a alho e azeite e sumo de melão natural. e depois, ah! e depois!, o meu saboroso slim de mentol que me consola. e com um jeitinho dá futebol e nós, eu e ela, podemos comer sozinhas como era antes: esticada ou sentada no chão ou no sofá, como apetecer, lamber os dedos e ficar com os ouvidinhos livres de lamentos e castrações. que consolo!
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
finalmente que esta senhora vai ser homenageada. confesso que a conheço desde criança e ainda me lembro do cheiro do queijo misturado com presunto, tão bom, da loja dela. ia lá muito com o meu pai e os meus irmãos porque a sua irmã foi, há muitos anos, namorada do meu pai. e, de facto, quanto mais não seja, os filmes que ela faz são de chorar a rir. é tudo tão vernacular que se faz, ou desfaz, em delícia.
não podia estar mais feliz, quer dizer, não será bem assim, podemos sempre estar mais, bem mais, porque acabei de descobrir porquê que ando sempre em órbita parabólica.
domingo, 2 de novembro de 2014
sábado, 1 de novembro de 2014
Fernanda Câncio devo considerar um dominador maléfico o homem que me diz, sempre que me vê a passear a cadela, que se arrepia com o brilho dos meus olhos?
e o outro, o que me disse que devo ter uma cona boa e que era um desperdício o gajo que ia ao meu lado andar a comê-la, devo responder-lhe para ma vir comer ele - equilíbrio do universo - e deixar o gajo que ia ao meu lado, o meu pai, ser ainda mais agredido verbal e fisicamente do que o que foi depois de reagir?
e a outra, a lésbica dominadora, essa aspirante a homem frustrada, que diz que sonha em meter-me as mãos nas mamas, mando-a ir mamar em uma pila?
a viralidade com que alguns textos circulam mete-me nojo. porque as pessoas não partilham porque leem e gostam: as pessoas partilham porque quem escreve tem já a casa feita - mesmo que seja feita, amiúde, de merda. e isto, que se chama sectarismo, aplica-se a quase tudo. haja isenção e verdade na opinião. estou-me cagando para quem diz ou faz o quê só por se a, b ou c.
porque ninguém, ninguém mesmo, no meu reino, tem - sem que me cative - uma poltrona cativa.
e o outro, o que me disse que devo ter uma cona boa e que era um desperdício o gajo que ia ao meu lado andar a comê-la, devo responder-lhe para ma vir comer ele - equilíbrio do universo - e deixar o gajo que ia ao meu lado, o meu pai, ser ainda mais agredido verbal e fisicamente do que o que foi depois de reagir?
e a outra, a lésbica dominadora, essa aspirante a homem frustrada, que diz que sonha em meter-me as mãos nas mamas, mando-a ir mamar em uma pila?
a viralidade com que alguns textos circulam mete-me nojo. porque as pessoas não partilham porque leem e gostam: as pessoas partilham porque quem escreve tem já a casa feita - mesmo que seja feita, amiúde, de merda. e isto, que se chama sectarismo, aplica-se a quase tudo. haja isenção e verdade na opinião. estou-me cagando para quem diz ou faz o quê só por se a, b ou c.
porque ninguém, ninguém mesmo, no meu reino, tem - sem que me cative - uma poltrona cativa.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
ainda sou do tempo que os homens convidavam as mulheres para jantar mas agora não é bem assim. deu a aula e fiquei para o fim, atraso a arrumar as coisas, e dei por mim na sala vazia. vazia como quem diz, só lá estava o professor, eu e o meu suor - sim, porque naquela aula suo como uma vaca deve suar quando anda aos pinchos. sorriso malandro: queres ir tomar um copo no fim de semana? expectante pela resposta que me poderia dar, uma espécie de avaliação matreira, respondo: um copo de quê? surpreendida pela resposta que me deu misturada a sorriso limpo, convenceu-me. pode ser um copo de água.
é que, bem visto, um copo de água pode sair melhor do que um jantar.
é que, bem visto, um copo de água pode sair melhor do que um jantar.
é que nem sequer vai ter hipóteses comigo já que me atacou e hostilizou só porque sou informada e preocupada: a próxima vez que me cruzar com ele em casa dele vai ficar a saber que na origem da desconcentração do filho está a sua ausência enquanto pai e enquanto marido por preferir chegar a casa às nove da noite, quanto mais tarde melhor, e ficar a ver pornografia no escritório enquanto fuma uns charros a chegar cedo e ajudar nos trabalhos de casa, nas brincadeiras e no jantar.
como é que ela se consegue deitar com alguém completamente ausente e moralista e ignorante? como é que um casamento existe sem comunicação e sem partilha do que se sente e pensa? onde é que nasce ali o tesão? não nasce: o tesão dele é o dele e o dela é o dela - nem o dele é por ela e nem o dela é por ele - e de vez em quando cruzam-no. que nojo. e depois admiram-se que os miúdos sejam, na perspectiva ignorante deles, insolentes.
já que levo sempre a fama de meter tudo a arder vou tirar o proveito. talvez aquele gajo de merda ganhe vergonha na cara e deixe de se fazer o que não é e até me agradeça por tantas vezes ser eu a fazer o papel que lhe cabe a ele. e é bom que não me provoque - ou digo-lhe sem qualquer problema que a raiva dele para mim é por nunca ter conseguido meter-me nem a pata e nem a pila em cima.
como é que ela se consegue deitar com alguém completamente ausente e moralista e ignorante? como é que um casamento existe sem comunicação e sem partilha do que se sente e pensa? onde é que nasce ali o tesão? não nasce: o tesão dele é o dele e o dela é o dela - nem o dele é por ela e nem o dela é por ele - e de vez em quando cruzam-no. que nojo. e depois admiram-se que os miúdos sejam, na perspectiva ignorante deles, insolentes.
já que levo sempre a fama de meter tudo a arder vou tirar o proveito. talvez aquele gajo de merda ganhe vergonha na cara e deixe de se fazer o que não é e até me agradeça por tantas vezes ser eu a fazer o papel que lhe cabe a ele. e é bom que não me provoque - ou digo-lhe sem qualquer problema que a raiva dele para mim é por nunca ter conseguido meter-me nem a pata e nem a pila em cima.
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