quinta-feira, 11 de abril de 2013

arte? arte.



não será uma barbaridade alguém pronunciar-se pela opinião pessoal, não, mas constitui barbaridade considerar a desarte da Joana Vasconcelos. não gostar cabe tanto na liberdade individual como o gostar  - já colocar em causa o conceito de arte é outra coisa. trocando por miúdos há quem considere que as rendas não são arte, assim como o barro trabalhado - em galos de barcelos ou em pilas das caldas -, as tapeçarias de arraiolos, a filigrana e por aí adiante, o folclore, o nosso, que constitui, costela de qualquer sociedade, a voz do povo. chegam, inclusive, a comparar a suposta parolice à música do Tony Carreira como se tal se afigurasse de insulto. O Tony, mesmo não sendo apreciadora mas apenas observadora dos factos, é um dos maiores artistas portugueses que movimenta massas - tanto fãs como colaboradores - dentro e fora do país; a Joana Vasconcelos é igualmente reconhecida por cá e além fronteiras. considerar que condensar o folclore, e dar-lhe uma voz maior que é vestir a modernidade da cultura popular portuguesa, e realizar arte sobre a arte é do pior que há será considerar a vergonha pelo português em sua essência (faz-me até lembrar aquelas pessoas que sentem vergonha de amar quem amam e não demonstrando negam, simplesmente por essa pessoa não caber no estereotipo que decidiram para si ou a que estão habituadas). repulsa devemos sentir por muita coisa - mas nunca pelo engrandecimento da cultura popular. a este respeito, da arte da Joana Vasconcelos, só lamento que não seja ela a usar, gastar, sujar, gretar, as próprias mãos para fazer tudo. e é só.

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