só tenho vontade de dizer que este desgoverno me obrigou a recuar mais de quinze anos na minha vida profissional e a começar , não do zero, do menos um. e que está a obrigar-me a aceitar, finalmente, a aceitar por ser a única oportunidade em mais de um ano, um salário miserável em uma função quase indiferenciada. e que me obriga a transformar a raiva em tolerância e sensatez por sentir que trinta e três anos a estudar e a investir em conhecimento têm de ser colocados em segundo plano das minhas prioridades básicas que satisfazem a minha carência intelectual. e que a minha única linha de percurso neste momento passa por ignorar que perdi a minha casa e a minha vida e a minha liberdade - é um mero exercício de programação neurolinguística: colocar em ênfase o pouco como se muito fosse comparativamente ao nada. e eu chamo a isto, a este exercício que estão a obrigar-me a fazer, a esta exploração, a esta escravidão social, a maior filha da putice de que tenho memória.
e o sangue das lágrimas é transformado em sumo doce - só para afastar a morte e conviver com a vida.
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