o meu novo carro, parado já há algum tempo, precisava de ser esticado. melhor: precisava de ser esticado, em estreia, por mim. juntar o que tem de ser feito com o que se pode fazer só pode dar certo. e ele, moreno de tez e personalidade, deixou-se esticar: alavanca de velocidades tocada e explorada como se amada pela mão; curvas dobradas por dentro como se os pés as quisessem, e quiseram, passear; volume do rádio no máximo como se os ouvidos quisessem, e quiseram, ouvir apenas aquilo e ali.
a sequência de músicas que o rádio ia tocando tornou-se perfeita:
seguiu-se esta que me fez saltar, e soltar, a voz:
e depois, esta que já não ouvia desde o tempo que desenhei o elvis presley nas costas do blusão de ganga. com esta, naquela parte do arroto cantado, senti a euforia da imitação: