quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

quero mais

soube a liberdade, soube a mim, soube-me bem.

o meu novo carro, parado já há algum tempo, precisava de ser esticado. melhor: precisava de ser esticado, em estreia, por mim. juntar o que tem de ser feito com o que se pode fazer só pode dar certo. e ele, moreno de tez e personalidade, deixou-se esticar: alavanca de velocidades tocada e explorada como se amada pela mão; curvas dobradas por dentro como se os pés as quisessem, e quiseram, passear; volume do rádio no máximo como se os ouvidos quisessem, e quiseram, ouvir apenas aquilo e ali.

a sequência de músicas que o rádio ia tocando tornou-se perfeita:

com esta o meu apetite abriu-se como se a viagem tivesse ainda mais quinhentos quilómetros para rodar.

seguiu-se esta que me fez saltar, e soltar, a voz:

pelo meio, desconhecendo que iria para canto, o Rui Veloso. pausa para deixá-lo calar-se. já só pensava, enquanto o gajo não ganhava vergonha na voz, em uma sopa de nabiças bem quentinha.

e depois, esta que já não ouvia desde o tempo que desenhei o elvis presley nas costas do blusão de ganga. com esta, naquela parte do arroto cantado, senti a euforia da imitação:

e depois, ai que alegria!, mãos, pés e ouvidos esticados, a loucura: