ele dizia sempre que não queria ir ao hospital porque era lá que morreria - que o matavam. e dizia-o em tom de riso, dizem, como piada convicta de domingo em família. era asmático e custava-lhe respirar, especialmente naquele dia, há três meses. quiseram levá-lo ao hospital e resistiu mas, como respirava mal, foi. nesse dia, nessa noite, deram-lhe medicação à qual era alérgico e morreu. morreu no hospital - mataram-no. e a mulher, enfermeira nesse hospital, sabe que lhe administraram medicação interdita. mas calou-se, não reagiu, por pensar, atendendo ao que ele sempre disse, que foi o destino .
(o destino faz-se anunciar e é esse o destino do destino? nesse caso o destino também morreu - mataram-no. foi a morte. é a vida.)