às vezes estou muito cansada e sinto que uma vírgula me transporta de um extremo ao outro, é o cansaço de final de uma semana, tantos dias seguidinhos em esforço, tantas emoções, tantos fracassos, ah e tal, isto e aquilo, aguenta-se tudo a trabalhar, que remédio, depois aquela vontade de atirar com os papéis ao ar e desandar, pois, mas não pode ser, então de manhã acordo fresquinha e recebo coisas bem bonitas e o ar de Viço, lambo cada letra e cada traço do seu rosto, traços mil, rostos sempre a mudar, depois rio-me muito, o coração começa em brasa, sento-me à sua lareirinha, cheirinho bomque me chamusca, e entro na chuva para me refrescar, ouço-a meiguinha quando não está a ralhar, nunca é para mim, penso, !ai! dela, não lhe faço mal, para bem era, e fica a escorrer certinha, olho-a à janela e encosto a minha à cabeça dela. depois entro na tarde adentro e, de repente, com ganas de me refundir no tempo, apetece-me chorar, chorar muito, e tenho de segurá-las, a elas que são ganas, faço-lhes um rabo de cavalo, um rabo farto, depois invento uma trança e junto-lhes uma dança, troco plalavras de ouro que reluzem mais lá para o luar, está tudo na minha cabeça a pulsar, a pulsar e a pular, *as vezes a cabeça é também o coração e o pulmão e depois sossego e desejo as minhas fadinhas que me esperam. que me esperam para sempre.
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