terça-feira, 21 de março de 2023

 às vezes a cara é bem pior do que com a careta e eu disse-lhe: ó António se eu o vir na rua nem o reconhecerei, quer dizer, anda a tratar-me tão bem os tendões e as articulações e eu só vejo os seus olhos. tem razão, se quiser eu passo a fazer a terapia sem máscara, ao mesmo tempo que a tira, !ai!, socorro, não, não é preciso, disse-lhe sem o alarido mental, faz muito bem em manter a regra de protecção. é estranho, do nariz até ao queixo nada faz pandã com os olhos e nem com a sua simpatia e profissionalismo. é como o dicionário, às vezes é perfeitamente descombinado na fonética e na oralidade das palavras apesar de ser o rei porque se um verbo que se escreve, porque se conjuga secretamente, de uma forma que não faz pandã com o outro imediatamente anterior, então sabe bem ignorar a forma correcta e abraçar a que condiz porque fica bem dizer em alta voz e em textos literários, que eu considero literários, e não me interessa que seja considerado erro pelos outros. em casos assim o dicionário sorri para mim, pisca-me o olho, comunga da minha percepção e nem se zanga, pois claro que não, o dicionário ama-me com paixão desde que eu era pequeninha e foi-me um presente de natal, o mais desejado presente de natal. no sentido inverso, ouve-se desde sempre dizer que azul com verde é para escarrar na parede. ora eu adoro conjugá-los e quanto mais fortes, melhor: fazem pandã só para mim. é assim.

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