desde os tempos de andar na Carlos Cal Brandão que me apaixonei pela música do Bryan Ferry e dos Roxy Music - tudo era pretexto para ouvir a cassete que a minha irmã uma vez me ofereceu. o efeito electrizante, apenas comparável a duas ou três coisas que não vêm ao caso, que me provocava - e provoca em outro formato, agora - acompanhou-me sempre e quando comecei a conduzir aquela cassete rodava tanto, tanto, que chegou um dia, talvez há sete anos, que ficou encravada, metida lá para o fundo do buraco do rádio, e lá ficou. confesso que também nunca forcei a retirada - bastava uma martelada bem dada -, talvez pela certeza de que a fita, cansada, recusava-se a correr. e ontem, não sei bem porquê, decidi carregar bem fundo o botão e ela sem qualquer esforço saiu. e, tal como sempre pensei, não toca. mas veio lembrar-me, a cassete que foi para o lixo, de que é preciso ouvir, continuar a ouvir, sempre.
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