sexta-feira, 19 de outubro de 2012

era, e é, eros

tive um sonho erótico. tive um sonho poético.
o que distingue os sonhos de olhos fechados dos de olhos abertos não é, veracidade posta em causa fora de questão, a realidade. o que distingue a realidade dos sonhos do sono com os sonhos da vigília é o absoluto, espontaneidade desenfreada, não controlo da história. e acordei com o motor fragilmente tão forte a bombar: tutu-tutu-tutu-tutu-tutu; as águas rebentadas fizeram-se, até ainda há pouco, notar - assim como o inchaço das frutas como se de tão duramente maduras quisessem, e quiseram, e querem, também rebentar. os pêlos, como se a assistirem ao mais bonito bailado dos dois bailarinos (v)(d)estidos a rigor, bateram palmas erguidos de emoção como se fossem, e são, os mais fiéis observadores da vida da pele. e assim a vida nos tocou como se em dança de poesia comum. porque a intimidade que transpira na pele é poesia - a poesia, a beleza, que por detrás dos olhos se vai processando até sentir desejo incontrolável de sair.

(e lá estava a baguete com queijo derretido e oregãos. mas como era, e foi, para mim, para nós, tinha também azeitonas pretas gordas sem caroço e partidas às tirinhas e um pouco de pimenta a pintar-lhes as sardas - porque para mim, para nós, tudo tem de ser, e é, diferente. e melhor.)