senti hoje, pela primeira vez na nova estação, frio matinal. mas é um frio gostoso que faz parelha com a geada, aquela manta branquinha, que cobre as ervas e nos invoca, também a nós, um aconchego diferente.
na natureza não há ignorância: tudo se processa just in time - ao contrário da ignorância das gentes, de algumas gentes, cuja sabedoria maior consiste no just in case. a maior sabedoria de um ignorante é ter a certeza que consegue manipular outro ignorante - só um ignorante aspira ter junto de si outro ignorante, que, por sua vez, por ser ignorante, nem dá conta que está a ser manipulado. quando dois ignorantes se juntam fazem um - não ímpar - impar de sabedoria e quando há um grupo de ignorantes temos um aglomerado de zeros à esquerda. é assim mesmo que os ignorantes se vêem e se tratam uns aos outros: como números e ainda por cima decimais. podia bem ter dado um exemplo com letras, podia, bastava dizer que cinco ignorantes juntos, cada um com a sua letra, formam uma bosta. mas não, nada disso, as letras são preciosas demais para serem usadas para e com os ignorantes. zeros à esquerda está óptimo para quem só vê na ignorância o euro milhão.
(e, já agora, o colhão. é que os ignorantes, as gentes ignorantes, andam com sacos de escroto no cérebro e na boca - tudo menos carregá-los bem no sítio. e não, não penses que por seres do feminino não cabes aqui: pelo contrário as mulhres são, até, as mais acolhoadas de todos nisto da ignorância. mas há quem lhes chame ovários.)