estive ontem, na poltrona vermelha, a ler sobre Gauguin. pouco me apraz a sua obra mas encontro-lhe beleza - a das cores. o que transpira do homem para o artista, seja ele qual for, ou é o que é ou o que finge ser. e neste caso, sabendo de alguns pormenores da sua vida e observando cuidadosamente a sua pintura, concluo que a pintura é o que de facto ele foi e de como viveu: vejo festança, puro divertimento, sem preocupação pelos outros; vejo libido manhosa e doente; vejo ausência de afectos.
morreu quase sozinho, sexo apodrecido, depois de ter contraído sífilis e de querer salvar-se passando-a a uma virgem indígena de treze anos - protótipo de menina que desejava sempre violar. envolvera-se com Van Gogh, enquanto nos intervalos espancava a mulher e fazia questão que o filho assistisse, e levou-o à loucura tamanha a sua predisposição para a promiscuidade.
morreu, bem visto, sem a vida no sexo que maltratou em vida - porque os sexos também têm alma. morreu mesmo bem. será caso para dizer que a morte assentou-lhe, não como uma luva, como uma foda: teve uma morte fodida.