paradoxalmente é perante a escassez que se revela a abundância e o poortuguês, fazendo jus ao que é ser de facto rico, está mais solidário do que nunca. nunca vi tanta caridade e tanta vontade de entreajuda por cá. o poortuguês, que está sem trabalho ou que tem um salário miserável, é aquele que acrescenta mais arroz à calda e onde come um comem mais dois ou três. o poortuguês é aquele que arregaça as mangas e sai para a rua, debaixo de frio e de chuva, para levar pão e leite aos sem abrigo - donativos da padaria e da mercearia que estão esganados de impostos. o poortuguês é o que continua a fazer o assadinho dominical para reunir a família quando durante toda a semana come sopa. o poortuguês é o que vive na conta perfeita que deus fez - e o governo desfaz - e faz, bem visto, das tripas coração não fosse aí, no coração, onde está a verdadeira riqueza.