o grande, enorme, gigantesco, abismo que há entre mim e os outros é o sofrimento: enquanto eu o retiro dos outros, os outros oferecem-mo. e é por isso que eu sou superior a todos, mental e espiritual e fisicamente superior a todos. e vêm os maluquinhos falar em solidão. sabem lá eles o que é a solidão, eles que vivem para pensar enquanto a vida lhes passa ao lado e à frente e atrás. solidão é carregar uma vida inteira o sofrimento dos outros; solidão é ter a coragem de só querer o verdadeiro prazer do amor, porque só se é verdadeiro no amor, e não o ter. não se pode amar por dois. e nem o amor à humanidade pintado de altruísmo através da palavra é o verdadeiro amor: essa é uma forma de disseminação angustiada daquilo que não conseguimos dar a um só - movimento inverso, só conseguimos amar a humanidade quando experienciamos o amor na sua completude com o outro - ou quando, não o conseguindo, por sermos impotentes perante o outro que se quer impotente, fazemos na humanidade o que não carece de palavras: retiramos sofrimento aos outros. anda, portanto, o mundo camuflado de fé e de boa vontade porque individualmente ninguém consegue amar como eu sei que só assim é o amor. mentirosos e sádicos: o mundo está feito de mentirosos e de sádicos e exibicionistas que tocam à porta e fogem para o pseudo-amor à humanidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.