as línguas, à semelhança das espécies, naturalmente evoluem e modificam e podem e devem ser consideradas como entidades vivas e, como tal, sujeitas a um processo evolutivo desde os primórdios da comunicação humana - adaptações aos novos usos a que seus usuários (a comunidade falante) as submetem. olha isto dele, fernando pessoa (1999), conhecedor da palavra e da alma portuguesa, “a linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não para que a sirvamos a ela.”
no campo dos estudos linguísticos, ambas as teorias sobre a evolução das espécies – a de darwin e a de lamarck – podem ajudar a explicar a evolução e a diversidade linguística. uma língua poderá sofrer modificações pelos falantes no sentido de comunicarem e se expressarem melhor porque, afinal, entre outras coisas, é para isso mesmo que ela serve: comunicação, exteriorização de ideias, de desejos, de pensamentos e de sentimentos. se a língua não for capaz de cumprir seu papel, provavelmente ela sofrerá modificações: novas formas sintácticas serão criadas, ou antigas serão modificadas; haverá criações de neologismos e formação de palavras inéditas, empréstimos linguísticos etc. dessa forma, há uma adaptação do idioma, o melhor possível, à sua comunidade linguística e, principalmente, às exigências dos seus falantes. tal como como as espécies de seres vivos, se dois grupos de falantes de uma língua forem separados geograficamente - a língua será modificada, sempre de forma lenta e gradual, de tal forma que, após se passarem muitos anos, poderão ser formadas duas novas línguas.
(isso aconteceu, por exemplo, com o latim falado na região onde agora é a frança - que, obviamente, deu origem ao francês - e com o latim falado na península ibérica - que originou o espanhol e o português.)
o sentido natural das coisas, da língua, neste caso, seria – tal como projectei ainda andava no liceu – na viragem do século, talvez, haver definitivamente oito línguas diferentes fruto de usos e usuários diferentes, climas diferentes, geografias diferentes, culturas diferentes em que a única base comum assentaria na língua portuguesa que naturalmente foi absorvida e trabalhada por cada um dos países até originar línguas singulares não obstante a similaridade do português. pensando ainda melhor sobre o assunto, talvez seja este argumento – o da evolução natural – que mais e melhor explica a imbecilidade deste tratado que pretende exaltar, auto-exaltando-se, o brasil, através – não altruístas – de ideais egoístas.