folhear e desfolhar uma crónica da cidália, do sexo e a cidália, da cidália e a pornografia. a certa altura, e na tentativa desesperada de igualdade de géneros como argumento, ela assume consumir pornografia. bravo, não vejo mal algum, desde que se tome essa opção como individual e não como um pretexto de emancipação da mulher. isso será, sim, assumir que a pornografia é uma espécie de alforria e, em consequência, são os pénis senhores a libertarem as vaginas escravas. ora a pornografia entre pilas e pitas são sempre longas metragens de pura escravidão - se fosse a tal alforria poderia ser vista a tal vagina ser invadida por uma ou mais línguas mas não: são as pitas e as bocas e os cus delas que são invadidas por pilas, quantas mais melhor, para com essas imagens ser passada a mensagem da virilidade e do poder masculino. tudo falso: nem as erecções demoram horas ininterruptas, nem as pitas são escorregadias e, com toda a certeza saberão, digo eu a pensar nas escovas de dentes fininhas que as anorécticas usam, que uma pila enfiada até à garganta deve provocar falta de ar e principalmente o vómito. mas pronto, a cidália assume que se excita mas não sabe explicar com quê - nem responder a um namorado quando lhe fez a mesma pergunta. mas sabe dizer do seu espanto, do dele, quando lhe disse, vaidosa, que consome; mas sabe dizer do seu espanto, do dela, perante o espanto dele por não ser muito frequente uma mulher gostar de pornografia. o espanto dele é perfeitamente compreensível, ó cidália, ele não estava à espera de saber que livros é que lês e ao mesmo tempo que achas piada às lubrificações marteladas - é que pelos livros que lês ele poderá conhecer-te um pouco melhor mas pelo consumo de pornografia, que nem sequer sabes explicar o que te excita, ele fica a conhecer zerinho - a não ser a parte em que gostarás de filmes sem história e de alienar-te com a maior droga de todos os tempos. gostos são gostos e não se discutem - mas ele quis discuti-lo contigo e tu não não soubeste dizer porque gostas. serás, portanto, uma emancipada do caralho.
(apenas mais uma nota: podar árvores, que será uma outra actividade reveladora da igualdade dos géneros, não te aconselho: é que as árvores, mesmo antes de carregarem folhas e flores e frutos, carregam raízes - carregam histórias e as histórias, já te percebi bem, não vão à tua bola e nem de árvores reza a história. a tua.)