sábado, 18 de fevereiro de 2012

de repente: aceitar.

as decisões difíceis tomam-se num repente, o que é importante acontece sempre de repente, quando aceitamos que Ele, o gestor da energia que nos faz existir (e iludir que afinal somos nós que nos fazemos Deuses), não nos dá o que queremos mas o que precisamos. e a fé é continuarmos a acreditar que o que precisamos há-de ser como nós queremos.

mulheres & flatos

no delito de opinião, não me apetece colocar link, num post sobre uma declaração do cardeal a favor do aumento do tempo para as mulheres estarem com os seus filhos, quem quiser que procure, parece que acham graça ao meu estilo consciente do que é ser mulher na sua completude. ao riso das senhoras que querem ter pilas, pedi para acrescentarem flatos. e, agora, que se governem.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

da hermenêutica do riso e da vontade

suponho que não terei aquilo que quero, em relação a um assunto, por ter mandado o seguinte recado, por telefone, ao intermediário do negócio: faça assim - se amanhã o senhor tornar a desmarcar a visita diga-lhe, por favor, que se suicide. a questão está na interpretação do riso que não segurei quando me apercebi do que disse em parceria com o riso do intermediário que ouviu o que eu disse. como há dementes em todo o lado, talvez o intermediário dê o recado de forma literal. a minha dúvida não está na eventual consumação literal do recado, até porque acabava-se mesmo a possibilidade daquilo que eu quero, mas no desvio ao negócio pela hermenêutica maliciosa ser exactamente proporcional à minha vontade explicita no recado. só aguardando e, nos entretantos, rir-me, à fartazana, de mim.

cordas

dos telhados vê-se a luz: as pontes são cordas, esticadas, que unem dois pontos de abrigo, que aos olhos dos homens seduz.

filhos de mera ejaculação












e quando consegui recuperá-la, finalmente, foi para o lixo.

desde os tempos de andar na Carlos Cal Brandão que me apaixonei pela música do Bryan Ferry e dos Roxy Music - tudo era pretexto para ouvir a cassete que a minha irmã uma vez me ofereceu. o efeito electrizante, apenas comparável a duas ou três coisas que não vêm ao caso, que me provocava - e provoca em outro formato, agora - acompanhou-me sempre e quando comecei a conduzir aquela cassete rodava tanto, tanto, que chegou um dia, talvez há sete anos, que ficou encravada, metida lá para o fundo do buraco do rádio, e lá ficou. confesso que também nunca forcei a retirada - bastava uma martelada bem dada -, talvez pela certeza de que a fita, cansada, recusava-se a correr. e ontem, não sei bem porquê, decidi carregar bem fundo o botão e ela sem qualquer esforço saiu. e, tal como sempre pensei, não toca. mas veio lembrar-me, a cassete que foi para o lixo, de que é preciso ouvir, continuar a ouvir, sempre.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

conversa da água da torneira

ele: estás a dar outra calinada - a água só ferve a 100º.
ela: anda comer.
ele: já liguei dezassete vezes e ainda não consegui falar - estou a trabalhar!
ela: viste o caso daquele que afinal é pai da neta?
eu, em excurso mudo: (não há água que vos una quanto mais que se ferva - vão-se ferver)

possibilidade

acordar com a possibilidade de trocar um t2 por um t0, sem tristeza e sem vontade de chorar, não é bom: é óptimo indício de prosperidade.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

é de pequeninos que se castram os pepinos podres

nunca tendo apanhado uma simples(?) reguada na escola, causa-me fervura no sangue quando ouço crianças dizerem que apanharam beliscões nos braços, coques na cabeça, puxões nas orelhas ou estaladas no rosto. mas mais fervura ainda causa-me a indiferença dos pais perante estes abusos. tinha eu doze ou treze anos quando o meu irmão mais novo, na primeira classe, chegou a casa com as orelhas roxas de tanto que foram puxadas pelo professor Costa. e foi nesse, e a partir desse, dia que a tal fervura despoletou. desci a calçada, árvores arrepiadas ao verem-me passar, entrei na sala de aula onde ele ainda estava a arrumar a mala e disse: sou irmã dele e vim dizer-lhe que foi a primeira e última vez que lhe tocou, com maldade ou intenção de castigo, no corpo ou na alma. na verdade, nunca mais o meu irmão se queixou nem apareceu com resquícios de abuso de autoridade. e ainda hoje, se o professor Costa se cruzar comigo lembra-se de mim e das minhas palavras. talvez seja mesmo de pequeninos que se castram os pepinos podres; talvez nesse dia ele tenha aprendido mais sobre ensinar do que durante todos os anos de professorado. e o meu irmão aprendeu a dizer-me sempre quando se sentia infeliz - pela garantia de que nunca lhe mostraria indiferença.

desde a folha até à semente



espetada de flores, branco de sabores, sem estar reservada ao jantar: flores assim abraçadas, juntas para saciar, só podem ser agres e doces de sempre: petisco de vida desde a folha até à semente.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

demagogia de pseudo-macho

deparei-me com um homem daqueles que só aparecem nos filmes de humor: dentes cerrados e olhos, por detrás dos vidros, que fixam sem piscar. o assentir com a cabeça é constante e a palavra obrigado, muito obrigado, sai-lhe cinco vezes a cada dez segundos. indica-me a saída e quando eu já me dava por aliviada por sair dali, ei-lo. sem ser como uma sombra - porque as sombras mostram-se e são grandes e escuras e bem visíveis aos olhos -, como um pássaro que por cima acompanha sem fazer barulho e sem se fazer notar, na suas palavras preferidas e, por iteração, irritantes: muito, obrigado, muito obrigado. 

fiquei a pensar, entretanto, e não costumo enganar-me, que, no meio dos outros quatro, aquele tipo de homens simpáticos mas machistas em que se nota que dizem uma coisa quando estão a pensar numa outra completamente diferente só para conseguirem parecer que valorizam e que estão de acordo com a interlocutora fêmea e levarem a cabo o projecto que de outra forma não há, o ajeitadinho-sossegadinho-obrigadinho destacado para me acompanhar durante um dia inteiro é o único que está a ser sincero, por mais que a expressão corporal dele me irrite, e talvez agradeça tanto apenas por sentir mesmo e muita vontade: afinal de contas, e pelo menos durante um dia inteiro, vai livrar-se dos outros marretas mentirosos e machos à pressão, em demagogia, que não acham piada mudarem de opinião - ainda que buriladamente forçada - à custa de argumentos de uma fêmea. são, bem visto, uns vendidos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

psicologia nos recibos

os recibos verdes electrónicos foram criados para, supostamente, aumentar a rapidez e diminuir a burocracia e o papel. mas se as entidades, além do envio por email, exigirem a assinatura na respectiva impressão isso é o quê - reforço positivo ao prestador do serviço? cambada de ignorantes.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

não à anulação dos peidos& companhia

o marido de uma amiga, um quase amigo apenas por arrastamento por casamento, diz que são as pequenas coisas - como ressonar e peidar - que acabam com as relações. bem visto, e pensando um pouco sobre o assunto, não será de todo mentira: é que tenho a impressão de que se as gentes se vissem ao espelho cada vez que comem ou cantam ou sexam ou libertam a biologia, fugiam de si. ou seja, as nulidades que supostamente acabam com as relações reflectem a nulidade de quem as percebe como motivo para acabar relações - a nulidade que são por não se permitirem ser com espontaneidade e, obviamente, a da não permissividade do ser do outro.

casa-ninho

tenho quatro piriquitos a viver num prédio de cinco andares, em open-space, o que significa que lhes sobra uma assoalhada para vingarem as tolices que lhes passa pela cabeça. e mal a luz do dia rompe de mansinho eles fazem questão de me dizer, da sala onde quentinhos adormecem,: queremos ir para o terraço menina. eu eu arranjo um pretexto qualquer, o mais frequente é pensar que tenho uma bexiga sôfrega por esvaziar, para dar-lhes luz. há já algum tempo que verificava penas adicionais no chão e algum frenesim na terra dos canteiros mas sempre atirei com as culpas para a dona, por direito adquirido por antiguidade e por paixão, da maior fatia do meu coração - a cadela -, visto que a peixa Clotilde em águas compenetrada estaria fora de questão, e hoje constato a injustiça que tenho vindo a cometer: são os resquícios de comida e da harmonia que eles deixam durante um dia inteiro que atraem as pombas para o terraço. e são também elas que com meiguice descontrolada remexem a terra. só não me parece pertinente que comam e caguem logo de seguida, não por ter de limpar, por ser sabido que as suas secreções são pouco ou nada saudáveis a narizes curiosos como o da Dona Cadela Valquíria. posto isto, não posso deixar de dizer em contentamento desmedido que a minha casa é um verdadeiro ninho de amor incondicional.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

o mantra do bombo

não sei bem por que raios e coriscos quando se toca bombo, mas ainda vou investigar, o mantra de sons é sempre o mesmo: pom, pom, pom. pom, pom, pompom. pom, pom, pom. pom, pom, pompom. e todos os cães ladram, e todos os pássaros resmungam e os carros buzinam e as gentes aglomeram-se para ouvi-lo tocar. e quem, finalmente, dorme - acorda. talvez tenha algum significado especial o pom, pom, pom. pom, pom, pompom que eu (ainda) desconheço; talvez seja uma espécie de flauta, sem ser flauta, mágica que ao invés de encantar, porque o encantamento não traz desassossego à natureza - só à alma-, desencanta. de uma coisa eu já sei: a expressão corporal de quem carrega um bombo, que é ao peito, é de desespero e de sacrifício - tal e qual a expressão de quem carrega um pom, pom, pom. pom, pom, pompom nos ouvidos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

telefones

tenho saudades daqueles telefones fixos antigos que quando tocavam era por coisa importante, como se fossem sinos. conheci um que era dourado, todo rendilhado, e que era preciso mais jeito do que força para discar os números. depois era um preto - adorava passar-lhe uma camurça com ajax para virar espelho. esses, sim, eram verdadeiros telefones, com uma presença forte e a ocupar espaço. o que é bom ocupa espaço.


monólogo das febres

não sei bem se a gripe traz efeitos não previstos nas outras pessoas mas em mim isto vira tudo: não é suposto apanhar frio mas não consigo estar de janelas fechadas; é suposto ficar de cama mas a cama durante o dia sufoca-me; parece que dá sono pelo cansaço dos olhos mas a mim troca-me as horas: às quatro da manhã estou a tomar o pequeno almoço, às sete ou oito estou a levantar-me para depois às onze almoçar e às vinte estar a dormir. mais hora menos hora é assim - um corpo que se arrasta a tresandar a vicks, aquela pomada em boião que cheira a mentol potente e se espalha nas fossas e no peito. bem sei que todos sabem o que é mas tive mesmo de fazer uma descrição para valorizar este cheiro, este pingo, esta respiração cansada e estes espirros tão fortes que de cada vez que se soltam, estremeço e mijo-me toda. até pode parecer brejeiro mas é a mais pura urina. quero dizer, a mais pura verdade: estou num canho. talvez agrave a descrição se disser que não caía numa cama há anos. suponho que deva ter sido do entra e sai em locais de ar condicionado na semana que passsou. rabugenta, sim, estou, porque trabalhar não deveria dar para ficar doente nem piegas nem preguiçosa. deixa-me mas é estar calada, por recear que o outro ouça, o primeiro, porquê?, se a palavra do homem vale bem menos do que a minha que estou a falar sozinha? homessa.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

obrigada, jaa.

uma surpresa boa, muito boa.

filmes

tem acontecido amiúde apanhar um filme que sei que nunca vi mas que lhe conheço a história, uma espécie de retalhos de outros filmes que, em detalhes, se misturam. e sabe tão bem adormecer no decorrer da história assim como sabe mal o espaço carcomido da imprevisibilidade.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

cem glórias

como se na seda encorrilhada passasse um ferro sem vapor, escondido o vigor, paciente no seu jeito de ser, ouvem-se do silêncio histórias, dias contados a minutos de glórias - cem glórias, a morrer de riso, de rir a viver.

estou sim? só há destas? está bem, calham-me a mim.

tenho a impressão que posso assemelhar mulheres-mães de fresco a homens-militares de fresco, com as primeiras tenho pleno conhecimento presente de causa e com os segundos já tive, no passado, altura da obrigatoriedade da tropa para todos os amigos rapazes: tantos umas como outros só sabem falar do mesmo, qualquer assunto que se puxe vai dar à mesma estrada. e todo o interesse que o assunto em destaque, tanto numas como noutros, possa ter - é absorvido pelo desinteresse que suscita o tal interesse saturado. a análise que faço é tratar-se de muita insegurança e medo de falhar, como se pensar e fazer e sentir várias coisas ao mesmo tempo seja missão impossível e incontornável. (eu) olha, a tarifa bi-horária anda a causar polémica - parece tratar-se de fraude porque não está a ser praticada, estou a dizer-te porque sei que tens. (ela) ai é? por acaso ainda não olhei para a factura. o Gonçalinho quando chegou a casa esteve uma hora a comer papa, vinha com fome. (eu) então, chegaste a ver adjudicada a proposta que tanto querias? (ela) ainda não, esta noite o Gonçalinho chorou e tive de o trazer para a minha cama; tem estado muito frio mas eu não gosto de lhe vestir meia-calça. tenho de desligar, está na hora da papa. e passam-se quinze dias até haver novo telefonema. piadar será dizer que o Gonçalinho, a continuar a comer assim, acabará com obesidade mórbida. piadas à parte, duvido que estas mulheres continuem - partindo do pressuposto de que alguma vez foram - interessáveis aos seus homens. o cúmulo do desinteresse é quando me pedem para eu escolher e comprar, por elas, um presente para eles. gravidade no limite é quando descontraidamente lhes dizem que se não gostarem eu posso trocar. e o mundo, o delas, reduz-se - não à beleza das fraldas e da maternidade e do amor incondicional da família - ao sustentável peso do egoísmo mascarado de maternidade e de conjugalidade. outro dia qualquer, solidão nua e culpas - atribuidas aos seus homens- em punho, telefonam a chorar. uma boa amiga sabe ouvir durante horas mesmo que abomine telefones nos ouvidos. e quando chega, finalmente, aquela parte do já me sinto bem melhor e então tu como é que estás, é hora do tenho de desligar porque ainda tenho de tomar banho e depois acordar o Gonçalinho para lhe dar a papa a ver se dorme a noite inteira. beijinhos, quando tiver tempo, ligo!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

jubilo eu

a propósito, mas sem qualquer propósito de ser a propósito, do jubileu de diamante da reina, lembrei-me que esta seria a altura indicada para a Imperial lançar uma nova variante da marca, em lata de 460g, não para fazer jus à doçura de Isabel, para engordar os ingleses e igualmente as nossas receitas.

Antoni Tàpies:

é sempre bom quando vozes, a tua como tantas outras porém anónimas no mundo, se erguem contra as ditaduras. mas arte, para mim, é outra coisa e não te reconheço talento.

(posto isto não tenho por que lamentar a tua morte - é uma como tantas outras na vida. bon viatge. )

esquina do céu

desdobram-se, pouco caiadas, as paredes do andar, enquanto no cimo, no alto, na esquina do céu, ela respira de vaidade e diz, pensamentos por dobrar, o que eu andei p'ráqui chegar.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

doodles

nunca tinha dedicado a minha atenção, quando uso o google, a ver o que seria o estou com sorte mesmo ao lado do rectângulo do pesquisar. hoje de manhã, decidi começar a explorar e dei com os olhos nos doodles. gostei tanto - há tanta variedade de formas e cores e temas que até parece, apesar de não ser, interminável. e agora é para ir descobrindo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

(cavalo alado)

invento o mercado do ar
da minudência
onde a beleza que carrego nos olhos apregoa alto, bem alto, em voz já rouca e desafinada
que o ar da minha barraca é o melhor da temporada.
e do particular para o geral o ar emudece
esgazeado e cansado
não querendo ser, de minúcia,um burro
depois de saber o sabor do que é ser um cavalo.
(um cavalo alado)

corredor

estende-se em calçada, o corredor da vida - descendente de amarelo a torrar, comprido de luz ao peito, de fininho ao ledor, onde o céu é senhor doutor juíz: ora de dias de dano, ora de ledo proveito.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

m. de macaca

incrível é como alguém consegue escrever algo assim. poderia começar por minha querida mas não vou à bola com mentiras e fico com azia só de pensar que o poderia mesmo assim entender, a tal m.. fico a aguardar que aprove o meu comentário, lá no seu sítio dos macacos - ou se o lê, engole, e enche de vergonha.

planear sem ressalvar vai dar ao intestino

um mapa de planeamento de actividades tem tanto de profissional como de escorregadio - prever, com antecipação, o decorrer de meses que não apenas dependem da nossa parte do trabalho poderá ser um bom argumento de objectivos não atingidos. o melhor, mesmo, será colocar uma notinha bem gorda de que está sujeito, durante o tempo de implementação, ao número de revisões que forem necessárias. será esta, pois, a única forma de não passarmos por sermos um membro, infiltrado, do governno que tem mais olhos do que barriga e no fim, vai-se a ver, só fica o intestino.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

a justiça precisa de champô para lavar os colhões

o que é isto, um sem abrigo condenado a pagar duzentos e cinquenta euros por roubar um polvo e um champô ou, se não pagar, vai preso? seria, o champô e o polvo, para vender e realizar capital para acumular numa conta na suíça? que pena aplicar, então, a quem roubou, ainda há pouco na época do natal, o subsídio de milhões - talvez um pequeno trabalho comunitário, uma acção de sensibilização aos cidadãos para perceberem que a taxa de desemprego no auge é um mero exercício, não simulado, de evacuação? 

estou consternada. apetece-me sair já, de imediato, para roubar um champô e um polvo só para me mostrar solidária com a fome e a higiene - necessidades básicas por satisfazer, em crescente, no país.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

a culpa é sempre do fibroso

em violino, toca-se a música rompida dos muros - onde se deitam, erguidos, surdos, vozes secretas, alegrias na mão. e a culpa é sempre do fibroso, bate- que- bate-que bate, muito pendente, sangue em circulação.

estreito do peito

pingos
são pingos
que sobem aos cimos dos pêlos do peito
pequenos passos
marcha
rumo ao aprumo do espaço tão estreito

dica de amêndoa doce

descobri uma coisa fabulosa: o óleo de amêndoas doces, produto do melhor que há para hidratar, acessível em qualquer loja da esquina ou super ou hiper-mercado, cujo preço anda a rondar um euro, resulta muito bem nas pontas dos cabelos se vertido para um frasquinho do tipo doseador. faz assim: quando o sérum acabar, sim aquele sérum que custa os olhos e o nariz e a boca da cara, verte de um frasco para o outro e já está. experimentei ontem e já só passo a usar deste - os cabelos acordaram rebeldemente macios e felizes.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Napa-lhe

o Napo agrada a miúdos e a graúdos - o Napo é uma poderosa ferramenta de auxílio à construção de uma cultura de segurança em qualquer sector de actividade: napa-lhe em casa, napa-lhe na escola, napa-lhe a trabalhar - é, sem parar, napar ao acidente.

(e eu prometo que tudo começa a mudar - tudo o que, sem contar, acontece num repente.)

ouvi ontem pela primeira vez. primeiro não se estranha e depois vai-se entranhando: é canela com mel.

domingo, 29 de janeiro de 2012

geleia de pétalas de rosas (sugestão do homem da espiral e dos bichos coloridos)

bem fácil e promete um hálito excelente. (em tom de rosa deve ficar linda)

alevanta o pau

manhã passada a investigar legislação sobre licenciamento e funcionamento de creches, para ajudar uma amiga, por conta de negligência da que acolhe o seu filho. missão cumprida, apesar de o prato ainda ir no começo, e grande gargalhada, a minha, quando ligo a televisão e deparo-me com alguém a dizer que, além dos enchidos, a feira de fumeiros de montalegre também é boa para beber "alevanta o pau". curiosidade levantada - fiquei a saber tratar-se de um licor, obviamente sem "a" porque o povo quando quer levanta tudo, também tradicionalmente bebido na mesma região por ocasião da noite das bruxas. aqui ficam os ingredientes:

60 folhas de menta
algumas sementes de anis
1 litro de aguardente
1 litro de água
1 kg de açúcar


deixados em maceração todos ingredientes, aproximadamente 45 dias, são bem agitados de cinco em cinco dias. tudo coado depois e o preparado está pronto a ser bebido.

(atendendo à dedicação e tempo de produção do licor, de facto faz pensar se será justo ser disponibilizado, de golada, a um qualquer transeunte em busca de momentos felizes. justo ou não, elas e eles - sorrisos e palavras de contentamento -, consolam-se quando dizem (será placebo pela palavra?) "alevanta o pau". 
a mim este licor soube-me a muito, imenso, riso.)

pneunhar

tive um sonho mesmo estranho: estava a voar de pneu e, aterragem não programada, fui parar ao meio, talvez nacional pelo barulho e movimento de que tenho memória, de uma estrada. lembro-me de não estar careca, o pneu gigante, porque empurrei-o sozinha para a berma num breve intervalo no tráfego. ora se não estava desgastado, porque aterrou? por outro lado, parece-me um pneu inteligente - podia bem ter escolhido uma auto-estrada, ou via com scuts, e a esta hora lá estava eu encurralada no sonho porque não me lembro de carregar com a carteira enquanto voava. pode ser que esta noite o pneu volte a aparecer-me para mais uma aventura - gostei da sensação de envoltório de protecção. e da banda sonora.



sábado, 28 de janeiro de 2012

autismo, adição, processo somático, paradigma auto-erótico/autístico.

Nasci furado [...] preciso
de ódio e de inveja, é a minha saúde.
MICHAUX, 1998

lógica douradinha

ouvi uma coisa pouco interessante que se revelou interessantíssima. ouvi dizer que as mulheres enganam os homens quando, vendo-os como fracos, deixam de respeitá-los. (aqui reside o pouco interesse)

interessantíssimo será fazer o exercício ao contrário, assim numa espécie de molde por lógica dissociada de lógica, a não ser a minha própria lógica, que me faz todo o sentido de lógica: os homens enganam as mulheres quando se sentem fracos e sem o mínimo de respeito por si próprios.

Royal Ballet: Alice in Wonderland - White Rabbit, Duchess and the Mad Tapper (Hatter)

desunião

chamam-lhe fogo onde eu só vejo tensão - à for do mundo, em preto de fundo, desunião.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Alina Cojocaru at 25 - Sleeping Beauty, Rose adagio

os rectângulos da vida

dou por mim a pensar como são sempre as coisas simples que nos fazem perceber tudo e, até, o quanto a noção de tempo e de espaço é frágil. como quando acordamos na noite, sem sabermos se está a meio ou no início ou no fim, à procura da luz do candeeiro e não o encontramos porque estamos deitados ao contrário e virados para o lado oposto. depois começamos, já mais despertos, a apalpar tudo o que está em volta para nos dar pistas do espaço. e o tempo fica focado, todo ele, ali naquele rectângulo que nos acolhe todos os dias e onde o mistério se cobre de lençóis e de edredons. depois, finalmente, conseguimos ligar-nos à terra e voltamos a adormecer, entre pensamentos apressados por descansar, consolados, por sabermos onde estamos e que a aurora ainda tarda. é simples: até o mistério da pequena morte precisa, mesmo sem saber para onde vai, mesmo ali naquele rectângulo, de se sentir seguro e dono do seu tempo.