não havia, certamente, nada mais interessante a explorar, em horário nobre, do que a vida de um puto que nasceu e há-de morrer rico: eis a primeira miséria. depois começam as perguntas em tom sarcástico e esgar de nojo, uma atrás da outra, como se ter dinheiro, muito dinheiro, fosse um crime horripilante - uma falha que desmerecidamente não sofre castigo. cabra. acaso a Judite vive de algum salário miserável e veste roupas da avó ostentanto, desta feita, valores anti consumistas? não. a cabra da Judite ganha uma fortuna mensal para dar aos portugueses notícias interessantes e que, de alguma forma, lhes aumente a bagagem de informação útil. ao invés, a cabra decide transportar a crise e a incompetência do governo para um miúdo que caga notas e que, por isso, havia de as distribuir por cá para a curva da recessão minguar; a cabra nem se lembra de que também ela é uma privilegiada e fútil - ou não daria importância à vida de alguém que apenas vive o dinheiro que tem da forma que melhor lhe convém - e invejosa. sim: a Judite além de ser cabra é invejosa.
(mas pode ser que para o ano o moço lhe pague a viagem e a estada para o seu aniversário. e um lifting ao cérebro, já agora, que o saláriozinho dela não deve chegar.)
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