quarta-feira, 21 de agosto de 2013

viveliotecas

as bibliotecas já não são o que eram: são, têm vindo a ser, melhores. as primeiras, materializadas em placas de argila, onde se registavam contas de tempos e de trocas comerciais, datam de há 3000 anos antes de cristo. a primeira biblioteca pública de que há conhecimento localizava-se em atenas e constituía, na graciosa grécia clássica, além de consulta de manuscritos, local de encontros para discussão e elaboração de projectos. na história ficou igualmente a biblioteca de alexandria – espaço com milhares de rolos de pergaminhos para leitura, oficina de copistas e arquivo de documentação oficial. mas terão sido os romanos os primeiros a fazerem das bibliotecas públicas instrumentos de dominação intelectual - propagando-se, assim, as bibliotecas particulares como símbolos de riqueza e prestígio -, uma moda.

foi nesta época que os copistas começaram a surgir em massa – trabalho desempenhado por escravos – assim como os codex em pergaminho que substituíram os, até então, rolos de papiro. seguiram-se guerras e destruições que travaram a expansão das bibliotecas e a concentração dos resquícios manuscritos em mosteiros, conventos e castelos feudais: aqui aqueles eram conservados, copiados, traduzidos e ilustrados mas também monopolizados e tornados inacessíveis ao povo. no mundo árabe a expansão destes locais foi impressionante durante a alta idade média, fazendo a delícia de professores e estudantes no reino da matemática, astronomia e filosofia.

 com o surgimento das universidades, na europa, os livros passam a ser um luxo intelectual, apesar de acorrentados para inibir o roubo, partilhado. o livro reencontra o simbolismo de riqueza e de prestígio na idade moderna que gutemberg, esquecê-lo é pecado, em muito contribuiu. que maravilha. nascia o primeiro livro impresso que vinha a permitir a transmissão do conhecimento a uma escala nunca antes vista. apenas, no entanto, no século dezassete as bibliotecas viriam a ser públicas quebrando-se a excepção de frequência a sábios. é no século dezoito que surgem as bibliotecas nacionais e no século seguinte é fundada a maior biblioteca do mundo, nos eua, a do congresso. aos antigos conceitos e actores do mundo do livro juntavam-se o autor, o impressor, o livreiro, o editor, o bibliotecário e, finalmente livre, o leitor.


mudaram-se os tempos, assim como as vontades e as necessidades: o combate ao analfabetismo e a cada vez maior preocupação com a educação deixaram, de vez, as portas abertas ao livro no século vinte, século que fez desenvolver, e instituir, um novo mundo ao mundo do livro. nos nossos dias as bibliotecas não possuem apenas um carácter documental e informativo in loco – antes deixaram que o tempo lhes refrescasse as tecnologias e os recursos e, ninguém lá longe alguma vez imaginou, entra-nos casa adentro, espaço físico superado, por via virtual. e esta, hein?

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