estamos agora no
século dezanove, façamos uma breve viagem, e
bismark, o homem alemão da política pela força, falava em “falar europa”,
prelúdio do discurso de renouvin –
decano das relações internacionais de solidariedade entre povos -, que
apresentava ao mundo o problema da criação europeia como federação ou
comunidade. e dizia problema pela sábia visão da diferença daquilo que era, e
continua a ser, o discurso (com tudo o que os vocábulos comportam em termos
míticos, linguísticos, estéticos) e a acção que implica sacrifícios, opções,
integração no real organizado e dependente das circunstâncias.
sem querer
esquecer qualquer outro contributo importante no percurso da ideia da europa é
impossível não referir emeria curcé que
publicou, em 1633, o livro "nouveau
cyrée", em que defendia a criação de uma assembleia permanente de
arbitragem, que ao mesmo tempo garantiria
a paz e favoreceria o desenvolvimento das trocas internacionais; e depois o
“grande desígnio” que sully, seu
conselheiro, atribuiu a henrique iv
defendendo a europa em quinze estados e um conselho comum; e william penn
quando publicou, em 1693, o "ensaio
pela paz presente e futura da europa", no qual considerava que deveria ser
constituída uma assembleia de
representantes dos estados europeus que tomariam decisões por maioria de 3/4
dos estados - as decisões tomadas poderiam ser impostas coercitivamente por uma força armada a formar; do abade de saint-pierre, 1712, em "projecto de
paz perpétua", defende a criação de um parlamento europeu que teria
competências legislativas e judiciais; ou de kant, espírito liberal individualista, onde os
colectivos identitários que denominamos de nações deviam ser diluídos em troca
de uma “pacífica” colecção de indivíduos sob o mesmo estado federal; ou quando,
em 1849, victor
hugo lança um apelo a favor da criação dos estados unidos da europa.
poder. generosidade. solidariedade. coerência. todos estes
homens, estadistas ou pensadores, que importa?, projectaram – muito mais do que
um continente de força – valores. curiosa e lamentavelmente assistimos, mais de
cem anos depois, a um problema – ao mesmo problema que renouvin, o decano lá de
cima, explanou: a união do discurso não acompanhou a acção: ficaram, têm
ficado, de lado os valores – vence o poder. os sacrifícios de uns são a glória
de outros; as opções de alguns são ganância e de outros circunstância.
existe comunitarização de todas as matérias?
as decisões em domínios cruciais são adoptadas por maioria?
a comissão tem um grande poder de iniciativa?
o parlamento europeu tem um enorme poder no processo
legislativo e exerce um efectivo controlo político?
o tribunal de justiça tem real competência perante todas as
matérias?
valeu a pena?
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.