O tal canal, não há memória de um outro igual, é especial
E é o Canal180. Tomei conhecimento da
sua existência através deste blogue sobre videomusicalidade. Definindo-se
como o primeiro canal nacional sobre
cultura e criatividade, explora as várias plataformas digitais para nos
fazer chegar conteúdos originais e
criativos do mundo artístico: séries documentais, música, vídeos, ilustrações,
cinema, arte urbana. Apresenta-nos uma espécie de cardápio de criadores e de
obras – é só escolher.
Mas não estará
em falta, neste Canal, a arte da escrita - da escrita criativa?
Mergulhada no interesse das águas do Canal180, onde
cada link atrai a abertura do link que se segue, descobrindo mais e mais sobre
aquilo que são as artes
visuais deparei-me com (a meu ver) uma falha: nada de referência a conteúdos
ou criadores das letras que parece que dançam (e dançam) e que cantam (e
cantam) e que vivem (e vivem) e que morrem (e morrem). Falo, como não poderia
deixar de falar, de literatura e de escrita criativa.
Enquanto desfolhava, sim desfolhava e não folheava por
conta da imaginação que não pode nunca ser esquecida, cada link do Canal180
percebi que faltava ali qualquer coisa, sempre qualquer coisa, para abrilhantar
ainda mais o projecto. Tudo o que os olhos vêem e os ouvidos ouvem e o coração
sente serve de estímulo à verbalização. E
qual é a arte de verbalizar, oratória de dedos, a cor e a forma do mundo? Exacto:
é a escrita. Já pensou no quão magnífico seria poder ler uma ilustração? Na
verdade estaria a fazer duas leituras em uma só – a da imagem e a da imagem
escrita consoante o recanto desta ou daquela paragem criativa dos criadores. E
um vídeo? Quantas vezes uma música, que já possui uma letra, nos leva onde também
o vento vai que é o infinito? Já pensou como seria maravilhoso reescrever um vídeo
que já está escrito?
Seria uma ponte, sempre uma ponte, uma ponte é uma amiga,
uma união de artes que só poderiam resultar em força, em caminho, em criatividade
acrescida e em originalidade aumentada. Este, mais completo, mais justo, é o
tal canal que é bom. Mas, porque não, há sempre espaço para mais uma arte, pode
ser ainda melhor.
Consegue imaginar, por exemplo, no programa de A
Música Portuguesa a gostar dela própria, algo como agora faça-se silêncio
porque se vai cantar, e ver e ouvir e escrever, o fado. Que completude! Que
alegria!
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